Não me importa a palavra, esta corriqueira.
Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe, os sítios escuros onde nasce o "de", o "aliás", o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível muleta que me apoia.
Quem entender a linguagem entende Deus cujo Filho é o Verbo. Morre quem entender.
A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda, foi inventada para ser calada.
Em momentos de graça, infrequentíssimos, se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão. Puro susto e terror.
Adélia Prado
É tão bom, no meio da manhã, receber o telefonema inesperado de uma amiga para almoçarmos juntas, escolhermos livros e colocarmos a vida em dia e, um pouco antes do final do expediente, surgir a idéia de um cinema, conversas leves e boas risadas para encerrarmos bem a semana. Os encontros e as atividades sem prévia combinação e preparo, trazem especial leveza e nos deixam suaves. Muito mais suaves. Sexta feira à noite, a avenida Paulista parecia mágica pelas cores, pela movimentação e pela alegria que se espalhava no ar - ou era a magia interna e eterna, que saia por todos os poros e encantava o lugar. Um tipo de alegria diferente, que embriaga um pouco a gente e ameniza nossa perspectiva de tempo e espaço. Me fez lembrar o quanto eu sentia saudade dessa reta cheia de prédios e surpresas, durante o tempo de outras retas e traços tão diferentes do planalto central. Algo acontece e se prepara para revelar-se no momento certo e será tão especial e maravilhoso. Será. É.
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