domingo, 31 de janeiro de 2010

The ounce inside of me

Existe uma fauna complexa dentro de nós, caracterizada pelos nossos instintos, medos, coragem, fragilidade.
Há dias cutuco minha onça com vara curta, curtíssima, e encaro as duas situações de frente: A feroz incomodada e a valente desafiadora.
Não me poupo e garanto que é atitude dura, machuca. Levanta poeira e leva às faxinas interna e externa, aos papéis relidos, rasgados e guardados, objetos, lembranças, revalorização e nova valoração, vida. Resgates de pessoas, situações, sentimentos e esquecimento. Se caminho bem trilhado o destino será a leveza e a liberdade.

Imagem de Saul Steinberg

Super Meryl


No final de semana passado fartei-me da arte de Meryl Streep e ri com prazer, me emocionei, fiquei ainda mais impressionada com seu talento, versatilidade e me senti em excelente companhia. Comecei com Julie & Julia, 2009, de Nora Ephron (mais um sucesso de Ephron), com Amy Adams e Stanley Tucci, baseado nas vidas e livros de Julie Powell (Julie & Julia) e Júlia Child (My life in France), duas histórias entremeadas em adorável sequência, ainda que em tempo e realidades distintas. Júlia Child nasceu em 1912, em Pasadena, na Califórnia, graduou-se em História e durante a Segunda Guerra Mundial, através do Secretaria Estratégica Americana, prestou serviços no Sri Lanka e, em 1944, na China. Foi na China que Júlia, então com 31 anos, conheceu Paul Cushing Child, nascido em New Jersey, poeta, fotógrafo, gourmet, membro do serviço diplomático norte-americano e dez anos mais velho, com quem se casou em 1946. Em 1948, Paul foi transferido para Paris e a chegada do casal Child marca o início do filme. Júlia bem mais alta (1.88m) que o marido, tem sotaque único e é justamente essa característica tão marcante que Meryl Streep assumiu com perfeição – se ouvirmos o filme e fecharmos os olhos é impossível reconhecermos a atriz. Encantada com a culinária francesa a perseverante Júlia formou-se pela Le Cordon Bleu, apesar de que com 37 anos, ela não sabia sequer preparar um ovo cozido. Por sua vez, Julie Powell mudou-se com o marido de Manhattan para o Queens, é funcionária pública, sentia-se insegura, vazia e infeliz. A ligação entre Júlia e Julie? O famoso livro de culinária de Júlia, responsável por ensinar aos norte-americanos os segredos da culinária francesa. Será que um livro de culinária pode transformar alguém? Se eu ouvisse esta pergunta há dois anos, eu riria pelo aparente absurdo, mas, sim, um livro de culinária divertido e bem escrito, no qual se compartilhem segredos, sucessos, fracassos e a vida, pode desafiar e transformar o leitor. No filme o marcarthismo, o homossexualismo, a arrogância, a esterilidade e o preconceito são tratados com nuance impressionante.
Eis alguns quotes de Julia Child:
- "But the first meal I ever cooked for Paul was a bit more ambitious: brains simmered in red wine! ... But the results, alas, were messy to look at and not very good to eat. In fact, the dinner was a disaster. Paul laughed it off, and we scrounged up something else that night."
- "Valentine cards had become a tradition of ours, born of the fact that we could never get ourselves organized in time to send out Christmas cards."
- "Paul married me in spite of my cooking."

O segundo filme, It’s Complicated (Simplesmente complicado), 2009, de Nancy Meyers, com Meryl Streep, Steve Martin, Alec Baldwin, Rita Wilson e John Krasinski é divertido e flui com inteligência e bom humor. Um advogado e a dona de um restaurante são casados há vinte e cinco anos, têm três filhos e são aparentemente felizes. O marido trai a mulher com uma jovem tatuada e mãe de um garotinho, pede o divórcio, casa-se com a amante e a dona do restaurante leva dez anos para superar o fim do casamento. Uma década depois, independente e bem resolvida, ela encontra o ex-marido e a atual mulher numa festa, ele começa a perceber o erro cometido (sim, os dois são meio lentos para superar e perceber), voltam a se encontrar na formatura do filho do meio e passam a noite juntos no hotel. Ou seja, de repente, a mulher transformou-se na outra da outra. As conversas hilárias entre as amigas, cinquentenárias e sexagenárias, o jeito sexy do gordinho e super peludo Baldwin e a sensualidade atrapalhada de Streep garantem excelente diversão. Por que não complicar um pouquinho mais? Ela reforma a casa adquirida após o divórcio, o arquiteto se interessa por ela e juntos voltam aos alegres anos sessenta após fumarem um cigarro de maconha. Com quem ela ficará? A resposta é óbvia.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

The great impact will come in forgetfulness when the silences accumulate


When I had no roof I made
Audacity my roof. When I had
No supper my eyes dined.

When I had no eyes I listened.
When I had no ears I thought.
When I had no thought I waited.

When I had no father I made
Care my father. When I had
No mother I embraced order.

When I had no friend I made
Quiet my friend. When I had no
Enemy I opposed my body.

When I had no temple I made
My voice my temple. I have
No priest, my tongue is my choir.

When I have no means fortune
Is my means. When I have
Nothing, death will be my fortune.

Need is my tactic, detachment
Is my strategy. When I had
No lover I courted my sleep.

Acessórios criativos



Não há dúvida sobre a elegância de bolsas que combinam com sapatos clássicos, produtos feitos a mão com a melhor pelica que possa existir. Mas um pouquinho de irreverência, criatividade e a quebra do padrão elegante, não fazem mal a ninguém. Os acessórios podem ser divertidos e surpreendentes.

Todas as imagens são da linha criada por Paul Smith

People are road signs on the bottom of an ocean dreamed in words



The private lives of Pippa Lee (A vida íntima de Pippa Lee), 2009, de Rebecca Miller, com Robin Wright Penn, Maria Bello, Alan Arkin, Winona Ryder, Keanu Reeves, Monica Bellucci e Julianne Moore, produção de Brad Pitt é, no mínimo, desconcertante. Não há clichês e qualquer comentário sobre o filme que o limite à crise de uma mulher de meia idade e a descoberta do prazer com o vizinho mais novo, está anos luz distante das sutilezas que o caracterizam.
Pippa é a sexta filha, única menina, de um pastor e sua mulher (Maria Bello está genial nesse filme) viciada em anfetaminas, que leva a vida como se fosse personagem de algum comercial de cereais matinais. A adolescente Pippa foge de casa, passa um tempo com a tia, mora com o namorado e numa festa conhece o editor bem sucedido, casado e décadas mais velho do que ela. Ele se encanta por Pippa e durante um almoço civilizado para acerto do divórcio a mulher do editor se suicida com um tiro. Surge a culpa. Pippa se casa com o editor e através da repetição treina sua mente para ser a mulher ideal, a mãe ideal, a dona de casa ideal: Doce, meiga, serena e eficaz. Nada faz Pippa perder a fleuma. Ela nada contesta. Pippa somos nós, ou uma parte nossa, ao dedicarmos nossa vida aos outros; ao fecharmos nossos olhos para as traições do marido; para as mentiras do amante; para o desrespeito dos filhos; para o chefe explosivo; para a autenticidade, a naturalidade e a vida.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Paulistana


São Paulo comemora 456 anos. Esta não é uma cidade fácil e demanda elevada capacidade de adaptação de seus moradores. Às vezes São Paulo assusta. Minha relação com a cidade é de amor, mas um amor saudoso, de outro tempo, renovado ao encontrar pessoas que fizeram parte da minha história e lugares considerados meus pelas lembranças que trazem. Na década de oitenta, a cada quinze dias, nos finais de semana, eu saia da cidade para renovar a energia e voltar com saudade. Meus destinos eram as praias paulistas, à época, pouco frequentadas e a região de Itatiaia, Penedo, aquele triângulo meio mágico formado pelos estados de Minas, São Paulo e Rio. Bons tempos. Na década de noventa, a mudança para outra cidade e a coragem de enfrentar algo jamais imaginado: Deixar a minha São Paulo. Foram onze anos de Brasília, com voltas periódicas para trabalho ou passeio. Eu tinha fome de São Paulo. A primeira vez que fiquei hospedada em hotel na minha própria cidade me senti estranha, sem raízes, pertencente a lugar nenhum. Não há lugar melhor do que a nossa casa.

A avenida Paulista é meu encanto. Era nela que grávida eu caminhava com meu pai de mãos dadas, meu companheiro no exercício diário recomendado pela médica. Era nela, também, ainda garota, que todos os domingos almoçávamos no Fasano, nas mesas instaladas na larga calçada que a Paulista tinha, sob guarda-sóis imensos. Durante anos nossos réveillons foram no hotel Maksoud, o MASP era meu museu preferido, meu primeiro emprego foi num prédio da Paulista e eu nasci bem próximo da avenida, na maternidade São Paulo. A distância entre a casa do primeiro namorado, depois marido, e a minha casa era a avenida Paulista: eu morava no começo da avenida e ele próximo do final, na rua Sergipe. Nem as avenidas amplas e retas de Brasília – deliciosas para dirigir antes dos insuportáveis radares – conseguiram tirar a Paulista de meu coração. Só o inigualável céu de Brasília para me consolar.


E por falar na maternidade São Paulo, outro dia li um texto, transcrito abaixo, que me deixou preocupada: Onde serão guardados todos os registros dos nascimentos ocorridos lá? Há um processo para o tombamento do prédio, que vai contra o forte interesse de construtoras para sua demolição.
Eis o texto, que também conta uma parte da história da cidade  :
"Memória da Maternidade de São Paulo - Eduardo Graeff
A data de aniversário da cidade é boa para reproduzir o texto que a pesquisadora Maria Lúcia Mott nos enviou faz uns dias. Acho que o apelo dela pela preservação da memória documental da Maternidade São Paulo pode ser estendido a todos que nasceram ou, como é o meu caso, tiveram filhos lá. Pergunta para Maria Lúcia: a quem podemos nos dirigir para apoiar a proposta de transferir o acervo da maternidade para o Centro de Memória da Saúde?
Para onde irão os documentos históricos da Maternidade de São Paulo?

Até o final do século XIX, a cidade de São Paulo não tinha Maternidade. As crianças nasciam nas casas de suas mães e, mais raramente, na das parteiras que acolhiam parturientes. Por muito tempo hospitais e maternidades foram vistos com horror, como locais de morte, devido aos problemas de infecção. Só mesmo mulheres pobres e necessitadas, sem condições de permanecerem em casa e terem ao lado uma parteira, recorriam a essas instituições.



Segundo alguns autores, em 1894, o médico Bráulio Gomes, se deparou no meio da rua com uma mulher que estava dando à luz. Penalizado, levou-a para a sua própria residência onde deu toda assistência. Naquele mesmo dia organizou uma reunião e convidou um grupo de senhoras para participar de uma subscrição para criação de uma casa de assistência à mãe pobre. Fundou-se então a Associação Protetora da Mãe Pobre, a partir de donativos particulares. A entidade foi totalmente administrada pelo serviço voluntário feminino, tendo sido eleita provedora, Francisca de Campos. Tinha por objetivo acolher as mulheres pobres em adiantado estado de gravidez, ampará-las durante o parto, prestar os socorros aos recém-nascidos nos primeiros dias de vida.
A MATERNIDADE começou a funcionar na Rua Antonio Prado, atualmente Bráulio Gomes, transferindo-se em 1897, para a Ladeira Santa Efigênia, em casa doada pela Baronesa de Limeira. Pelo fato do edifício não contar com as condições necessárias para o atendimento, a diretoria da Associação decidiu comprar um terreno na rua Frei Caneca, onde funciona até hoje, e iniciar a construção de um hospital destinado ao atendimento da mãe pobre (1904). A região da Av. Paulista, recém loteada, era considera ideal pela salubridade, por estar situada na parte alta da cidade e ser pouco povoada…
O médico Rodrigues dos Santos, que muito lutou para a construção de uma maternidade na cidade, foi o primeiro médico interno. Mas não ficou muito tempo. Logo foi substituído por Maria Rennotte, primeira médica da cidade de São Paulo. Durante a gestão, Dra. Rennotte criou uma enfermaria para atendimento de mulheres pobres não parturientes, que foi posteriormente desativada. Nos quatro anos que permaneceu na entidade, foram realizados por ela mesma, ou baixo sua supervisão, cerca de 600 partos, a maioria entre eles normais, e um pequeno número de dificultosos onde foi necessário algum tipo de operação obstétrica. Em junho de 1899, Dra. Rennotte se demitiu e as Atas da Diretoria da Maternidade registram a gratidão e um voto de louvor pelos relevantes serviços prestados seja como médica interna, como pela organização da enfermaria das mulheres pobres. Já no novo prédio e com novo diretor clínico – Silvio Maia, a Maternidade passou a atender, além de mulheres pobres, as mulheres das camadas mais favorecidas, em quartos especiais. O atendimento particular das pessoas mais ricas, nessa época era raro, aumentando apenas nos anos 40. Em dezembro de 1908, a Maternidade de São Paulo inaugurou um dos primeiros cursos de enfermagem da cidade. Previa a formação de enfermeiras para atuar no campo da obstetrícia, ginecologia e cuidado aos recém-nascidos. Em 1912, o mesmo Sílvio Maia, fundou um curso de parteiras. Em 1917, num prédio anexo à Maternidade, passou a funcionar a Clínica Obstétrica da recém-fundada Faculdade de Medicina, que assim como a Escola de Parteiras, só deixou a rua Frei Caneca quando foi construído o Hospital das Clínicas, no final dos anos 30.
Na Maternidade de São Paulo – primeira da capital, talvez primeira do Brasil – se formaram e trabalharam centenas de parteiras, obstetrizes, enfermeiras obstétricas e médicos, que não só ajudaram mães a ter seus filhos, como também a escrever a história da obstetrícia brasileira. Pelos jornais verifica-se que a Maternidade de São Paulo fechou. Que da noite para o dia, uma biblioteca desapareceu… Todos sabemos das condições precárias de atendimento ao parto e falta de leitos nas maternidades na cidade e as conseqüências que isso tem para a mortalidade de mães e bebês. Mas aqui quero chamar a atenção para outro problema, para outras perdas: a da história da social de São Paulo.
Em 1999 tive a oportunidade de conhecer o precioso acervo da Maternidade de São Paulo. Basicamente consultei três tipos de documentação – os livros da biblioteca; as Atas da Associação; e os livros de registros de nascimento, organizados por ano, contendo entre outros dados a data de entrada e saída da parturiente, data e hora do nascimento, sexo, tipo de parto, profissional que fez o parto. Verifiquei, porém, que existia ainda um grande número de livros encadernados contendo os registros clínicos desde a fundação da Maternidade. Estavam lá informações sobre as condições das parturientes e dos recém-nascidos, antes e depois do nascimento, sobre os procedimentos, sobre os profissionais que fizeram o parto, etc. – ou seja, um século da história da Obstetrícia brasileira.
A Maternidade de São Paulo foi vendida dia 21 de janeiro. Independe do quem venha ser o novo dono, é necessário se salvar não só a história da entidade ou da Obstetrícia, mas da saúde pública, das entidades voluntárias, a história social de São Paulo, o que torna o acervo, patrimônio de toda a população. Porque não tornar esse acervo um bem público? O Centro de Memória da Saúde, do Instituto de Saúde-SSESP, que está inaugurando um novo arquivo de 660 m2, criado para acolher acervos sobre a História da Saúde em São Paulo, se coloca à disposição para preservar e organizar a documentação, possibilitando o acesso a todos os interessados. Fica aqui meu alerta, esperando que parteiras, enfermeiras, médicos, funcionários, usuários, arquivistas, historiadores, autoridades, etc. – se tornem madrinhas e padrinhos desse importante acervo.

Maria Lucia Mott é doutora em História pela USP e pesquisadora do Centro de Memória da Saúde do Instituto de Saúde-SSESP"

domingo, 24 de janeiro de 2010

Outro mundo

Do Morumbi Fashion Brasil, de 1996, evento criado para a divulgação do trabalho de estilistas e confecções, até sua transformação, em 2001, no São Paulo Fashion Week (SPFW), foi necessária a especialização de profissionais da mídia, de consultores, assessores e da própria indústria da moda. A evolução é considerável e as cifras atuais impressionam. Os fashionistas estão em evidência, mas alguns detalhes podem ser aprimorados. Os detalhes que fazem toda a diferença.

"O que falta na moda brasileira é acabamento", diz editor da L'Officiel Paris
Um dos editores da “L'Officiel Paris”, publicação de moda entre as mais importantes do mundo, Ronald Bellugeon assiste aos desfiles do São Paulo Fashion Week pela terceira vez nesta edição para o Inverno 2010 brasileiro. De 2003, quando veio pela primeira vez, para cá, acredita que a moda feita no país melhorou. E que algumas marcas, inclusive, poderiam participar da semana de Paris. “Gostei de Alexandre Herchcovitch, Rosa Chá e Maria Bonita. O desfile de Gloria Coelho é muito bom, mas tem menos peças para o dia-a-dia. Ela poderia desfilar na alta costura”, afirma.
Algumas marcas queridinhas da moda brasileira, como Osklen e Huis Clos, não impressionaram o francês. “Quem vestiria estas roupas?” se perguntou, no caso da Osklen. Em relação a Huis Clos, diz ter gostado mais do início do que do final da coleção. Outra marca comentada pelo editor foi a Samuel Cirnansck. Para Bellugeon, a coleção remete ao estilo de Viktor&Rolf.
Sobre o assunto tabu da moda brasileira – a cópia de marcas internacionais – o francês afirma não ter encontrado plagiadores nas passarelas daqui. “Não é imitação, mas inspiração. Esta inspiração às vezes é forte demais, mas se o estilista está fazendo algo bom, com caimento e cores interessantes, é o que vale”, diz.
Perguntado sobre o que falta para a moda brasileira ser competitiva internacionalmente, Bellugeon faz um elogio e uma crítica. “Estamos no mesmo mundo [em termos de criatividade]. O problema [das roupas brasileiras] é o acabamento.”

Texto de Carolina Vasone e Fernanda Schimdt publicado no site UOL estilo e moda. Imagens de Paulo Whitaker e Mário Miranda

O amor existe sem rumor no âmbito feliz das suas nuvens e conjuga as vibrações do mundo


Há dias em que o coração sem controle sai pela boca, abundante do melhor sentimento, e esclarece o que vai por dentro. Há dias em que o coração ensina sobre o amor verdadeiro, sem alarde, aquele que o olhar, a pele, os poros não conseguem esconder. Há dias em que o coração se expõe de tal forma e não deixa dúvida, sequer meia impressão. Coração escancarado é jóia rara de valor inestimável, entregue nas mãos da pessoa amada para aconchegá-lo em seu próprio peito. E essa riqueza toda, essa bênção celestial raramente encontrada na vida, confere força única ao ser verdadeiramente amado. Há dias em que o coração sai pela boca e descobre que tamanho amor somente é acolhido por quem é capaz de amar e reconhecer o verdadeiro amor. Há dias em que o coração sem controle sai pela boca, tão pleno e, tal qual a ingenuidade, afasta de vez a má intenção.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

What belongs to me I keep: my old love


Some say love's a little boy,
And some say it's a bird,
Some say it makes the world go around,
Some say that's absurd,
And when I asked the man next-door,
Who looked as if he knew,
His wife got very cross indeed,
And said it wouldn't do.

Does it look like a pair of pyjamas,
Or the ham in a temperance hotel?
Does its odour remind one of llamas,
Or has it a comforting smell?
Is it prickly to touch as a hedge is,
Or soft as eiderdown fluff?
Is it sharp or quite smooth at the edges?
O tell me the truth about love.

Our history books refer to it
In cryptic little notes,
It's quite a common topic on
The Transatlantic boats;
I've found the subject mentioned in
Accounts of suicides,
And even seen it scribbled on
The backs of railway guides.

Does it howl like a hungry Alsatian,
Or boom like a military band?
Could one give a first-rate imitation
On a saw or a Steinway Grand?
Is its singing at parties a riot?
Does it only like Classical stuff?
Will it stop when one wants to be quiet?
O tell me the truth about love.

I looked inside the summer-house;
It wasn't over there;
I tried the Thames at Maidenhead,
And Brighton's bracing air.
I don't know what the blackbird sang,
Or what the tulip said;
But it wasn't in the chicken-run,
Or underneath the bed.

Can it pull extraordinary faces?
Is it usually sick on a swing?
Does it spend all its time at the races,
or fiddling with pieces of string?
Has it views of its own about money?
Does it think Patriotism enough?
Are its stories vulgar but funny?
O tell me the truth about love.

When it comes, will it come without warning
Just as I'm picking my nose?
Will it knock on my door in the morning,
Or tread in the bus on my toes?
Will it come like a change in the weather?
Will its greeting be courteous or rough?
Will it alter my life altogether?
O tell me the truth about love.

What comes from brightness, I receive with brightness


Esperança



Desabrigados, desassistidos, desfavorecidos, esquecidos, injustiçados, com o tempo aprendi a não mais perguntar por quê? e a realizar o que estiver ao meu alcance. A sobrevivência das vítimas é comovente e as reações de Ena, Lozama e tantos outros, superam a comoção e se transformam em lição.
O terremoto seria inevitável, mas o prévio conhecimento de sua ocorrência não está mais distante das pesquisas avançadas sobre o movimento das placas tectônicas ou outras causas que só Deus sabe. O mesmo ocorre com as chuvas, que também matam.
Esperamos que as catástrofes aconteçam ao invés de adotarmos medidas preventivas. Até quando?
Nesta semana, um morador de rua cantava e estava feliz por ter recebido um saco novo e imenso de lixo do faxineiro que lavava a calçada do prédio. Aquele saco se transformaria em abrigo. Mais adiante, perto da padaria comentou: Puxa, preciso comer alguma coisa, há dias só tomo água e durmo.
É preciso enxergar aqui, bem perto, e lá.

Ridendo castigat mores


Victor was a little baby,
Into this world he came;
His father took him on his knee and said:
'Don't dishonour the family name.'

Victor looked up at his father
Looked up with big round eyes:
His father said; 'Victor, my only son,
Don't you ever ever tell lies.'

Victor and his father went riding
Out in a little dog-cart;
His father took a Bible from his pocket and read;
'Blessed are the pure in heart.'

It was a frosty December
Victor was only eighteen,
But his figures were neat and his margins were straight
And his cuffs were always clean.

He took a room at the Peveril,
A respectable boarding-house;
And Time watched Victor day after day
As a cat will watch a mouse.

The clerks slapped Victor on the shoulder;
'Have you ever had woman?' they said,
'Come down town with us on Saturday night.'
Victor smiled and shook his head.

The manager sat in his office,
Smoked a Corona cigar:
Said; 'Victor's a decent fellow but
He's too mousy to go far.'

Victor went up the his bedroom,
Set the alarum bell;
Climbed into bed, took his Bible and read
Of what happened to Jezebel.

It was the First of April,
Anna to the Peveril came;
Her eyes, her lips, her breasts, her hips
And her smile set men aflame,

She looked as pure as a schoolgirl
On her First Communion day,
But her kisses were like the best champagne
When she gave herself away.

It was the Second of April.
She was wearing a coat of fur;
Victor met her upon the stair
And he fell in love with her.

The first time he made his proposal,
She laughed, said; 'I'll never wed;
The second time there was a pause;
Then she smiled and shook her head.

Anna looked into her mirror,
Pouted and gave a frown:
Said 'Victor's as dull as a wet afternoon
But I've got to settle down.'

The third time he made his proposal,
As they walked by the Reservoir:
She gave him a kiss like a blow on the head,
Said; 'You are my heart's desire.'

They were married early in August,
She said; 'Kiss me, you funny boy';
Victor took her in his arms and said;
'O my Helen of Troy.'

It was the middle of September,
Victor came to the office one day;
He was wearing a flower in his buttonhole,
He was late but he was gay.

The clerks were talking of Anna,
The door was just ajar:
One said, 'Poor old Victor, but where ignorance
Is bliss, et cetera.'

Victor stood still as a statue,
The door was just ajar:
One said, 'God, what fun I had with her
In that Baby Austin car.'

Victor walked out into the High Street,
He walked to the edge of town:
He came to the allotments and the rubbish heap
And his tears came tumbling down.

Victor looked up at the sunset
As he stood there all alone;
Cried; 'Are you in Heaven, Father?'
But the sky said 'Address not known'.

Victor looked at the mountains,
The mountains all covered in snow
Cried; 'Are you pleased with me, Father?'
And the answer came back, No.

Victor came to the forest,
Cried: 'Father, will she ever be true?'
And the oaks and the beeches shook their heads
And they answered: 'Not to you.'

Victor came to the meadow
Where the wind went sweeping by:
Cried; 'O Father, I love her so',
But the wind said, 'She must die'.

Victor came to the river
Running so deep and so still:
Crying; 'O Father, what shall I do?'
And the river answered, 'Kill'.

Anna was sitting at table,
Drawing cards from a pack;
Anna was sitting at table
Waiting for her husband to come back.

It wasn't the Jack of Diamonds
Nor the Joker she drew first;
It wasn't the King or the Queen of Hearts
But the Ace of Spades reversed.

Victor stood in the doorway,
He didn't utter a word:
She said; 'What's the matter, darling?'
He behaved as if he hadn't heard.

There was a voice in his left ear,
There was a voice in his right,
There was a voice at the base of his skull
Saying, 'She must die tonight.'

Victor picked up a carving-knife,
His features were set and drawn,
Said; 'Anna it would have been better for you
If you had not been born.'

Anna jumped up from the table,
Anna started to scream,
But Victor came slowly after her
Like a horror in a dream.

She dodged behind the sofa,
She tore down a curtain rod,
But Victor came slowly after her:
Said; 'Prepare to meet thy God.'

She managed to wrench the door open,
She ran and she didn't stop.
But Victor followed her up the stairs
And he caught her at the top.

He stood there above the body,
He stood there holding the knife;
And the blood ran down the stairs and sang,
'I'm the Resurrection and the Life'.

They tapped Victor on the shoulder,
They took him away in a van;
He sat as quiet as a lump of moss
Saying, 'I am the Son of Man'.

Victor sat in a corner
Making a woman of clay:
Saying; 'I am Alpha and Omega, I shall come
To judge the earth some day.'

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Dennis Stock





James Dean, Marylin Monroe, Audrey Hepburn, Grace Kelly, John Updike, Norman Mailer, Simone Signoret, Yves Montand, Lester Young, Miles Davis, Sidney Bechet, Louis Armstrong, por Dennis Stock, fotojornalista da agência Magnum, que além de "Jazz street" publicou vinte e seis livros. 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O mapa não é a realidade, a esta enovela-se num largo território para o qual não há métrica senão, e apenas, sonho de métrica


Quero um erro de gramática que refaça na metade luminosa o poema do mundo, e que Deus mantenha oculto na metade noturna o erro do erro, alta voltagem do ouro, bafo no rosto


Um espelho em frente de um espelho: imagem
que arranca da imagem, oh
maravilha do profundo de si, fonte fechada
na sua obra, luz que se faz
para se ver a luz.

Hoje meu filho faz aniversário, vinte e nove anos para ser exata. Talvez este número esclareça o motivo da minha constante afirmação que estamos em fase de teste para a vida futura que teremos: Ele com a família que construirá e eu a encarar a vida com muito mais leveza e suavidade. É a soma da missão cumprida e da responsabilidade integralmente assumida e correspondida. Somos mãe e filho, filhos únicos,  com vinte e um anos de diferença, que nos conferem igualdade em determinadas situações e nos aproximam cada vez mais. Somos parceiros, cúmplices, respeitosos e presentes. Em meu filho vejo a mistura fina da minha melhor parte com a melhor parte do pai, meu ex-marido. E neste dia, desde 1981, relembro cada detalhe da véspera e do seu nascimento. Lembro das pessoas, dos sentimentos, dos procedimentos e do rosto pleno de amor e orgulho de meu pai, de quem meu filho recebeu o nome e a quem eu havia dito que o neto seria o melhor e mais precioso presente de aniversário. Meu pai de vinte de janeiro e meu filho de quatorze. Alguém mais deu neto de presente de aniversário? Os dois capricornianos xarás são as pessoas que eu mais amei na vida e com as quais eu mais me identifico.
Hoje, meu filho, eu não acordei com vontade de recordar cada detalhe de seu nascimento. Apenas sinto o mesmo amor incondicional que lhe dediquei desde que soube de sua existência em mim. E com carinho amparo em meus braços estendidos suas lindas asas, para que você tenha vôo bem sucedido. Fique com Deus e Nossa Senhora sempre.

Poema de Herberto Helder

Curiosidades cosméticas


Desconheço se no Brasil os cosméticos são controlados pela ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, se necessitam de certificação distinta do Ministério da Saúde, até mesmo algum controle da Secretaria Estadual de Saúde para serem comercializados e minha ignorância aumenta minha preocupação.
Da adolescência, época da metamorfose temporária em lagartixas esparramadas na piscina do clube a fritar a pele do corpo e do rosto ao sol escaldante, lembro de amigas que preparavam o próprio bronzeador, mistura de coca-cola, urucum, óleo Johnson e não sei mais o que, para garantir a cor de todo o verão nas duas horas iniciais de exposição. Branquelinha que sou jamais me afastei do vermelho camarão e tenho coleção de pintas e sardas, resultados do acumulo de raios solares absorvidos pela pele. Tolinha. Enquanto minha mãe afirmava que a pele alva, sem marcas e bem tratada era o auge da elegância, eu me rebelava e queria a cor tropical.
Com o tempo aprendo que existem plantas capazes de curar doenças, outras podem ser abortivas, algumas causam envenenamento, há as alucinógenas, as calmantes, as que alimentam e fortificam nosso organismo. Infelizmente pouco sei sobre o quanto as plantas podem nos auxiliar e algum curso sobre o tema está na lista das coisas que quero fazer.
Divago entre lembranças da juventude e minha curiosidade botânica para enfatizar o possível desamparo que vivemos ao adquirirmos produtos naturais, tão em moda, sem conhecermos a origem, sequer como e do que são feitos. É o comércio com apelo natural, orgânico e saudável, que me preocupa. Enfim, a saúde está na boa alimentação e na hidratação: a beleza da pele começa de dentro para fora. A saúde também depende de nosso comportamento e da vida que levamos.

Cosméticos "naturais" e industrializados
A partir de janeiro os consumidores que se preocupam com a saúde vão ganhar uma ajuda na forma de um novo padrão para os cosméticos orgânicos. Chamado "Cosmos", ele reúne seis dos mais importantes certificadores orgânicos da Europa.
O objetivo é que, ao longo dos próximos anos, todos os cosméticos orgânicos - de maquiagem e cremes para pele até produtos para o cabelo - façam a mudança.
Por que deveríamos nos importar? Segundo Martyn Cole, da Soil Association, porque, diferentemente da comida orgânica, os tratamentos de beleza orgânicos fazem parte de uma indústria não regulamentada - o que significa que qualquer produto pode se dizer orgânico. E trata-se um setor em crescimento apesar da recessão global; o mercado de produtos de beleza orgânicos britânico foi avaliado em 17 milhões de libras (R$ 47 milhões) no começo de 2009.
Ainda assim, a verdade é que preocupar-se com o coquetel de produtos químicos que está no armário do banheiro é muitas vezes um desperdício de tempo e dinheiro. Muitas pessoas se preocupam com o danos que os produtos químicos podem causar a sua saúde; novas mães são particularmente suscetíveis, ignorando os produtos convencionais e massageando seus recém-nascidos com óleo de oliva orgânico - mesmo que não possam pagar por isso e que seus bebês fiquem com cheiro de salada. A indústria dos orgânicos joga com esses impulsos irracionais: o ecoempreendedor Jill Barker, fundador das lojas e do website Green Baby, vai mais longe e diz que, se você não pode comer algo, não deveria colocá-lo na sua pele.
Essa é uma visão absurda e que só faz com que os pais se sintam culpados se seus filhos precisam de cremes emolientes a base de esteroides ou parafina para problemas de pele como o eczema. A ciência não valida a ideia de que o que você coloca em sua pele penetra seu corpo da mesma maneira que a comida. "Os cosméticos são formulados com precisão para permanecerem sobre a pele", afirma Jon Edwards da Academia Real de Química. Os cosméticos afetam a epiderme, células sobre a superfície mais externa da pele. Para que algo penetre mais profundamente, precisa ser injetado - o que levanta a questão sobre se o produto deveria ser considerado um medicamento e não um cosmético, e nesse caso teria quer ser submetido ao mesmo processo de aprovação que os remédios. Além disso, não há nenhuma evidência que comprove a estatística mais utilizada pelas marcas de cosméticos naturais de que "até 60% do que é aplicado na sua pele pode ser absorvido pela corrente sanguínea".
O problema, segundo a Associação Britânica de Dermatologistas, é que passamos a acreditar que o que é natural é melhor. "Muitos produtos químicos tóxicos são 'naturais', e mesmo que eles nunca sejam usados em cosméticos isso mostra como alguns termos de marketing não significam necessariamente produtos melhores ou mais seguros", diz a porta-voz Rebecca Freeman. Ela lembra que qualquer produto vendido nas prateleiras britânicas é rigorosamente testado pela Associação de Cosméticos, Toalete e Perfumaria, uma exigência legal quer o produto seja orgânico ou não. Even Cole, um químico que no passado ajudou a formular produtos para a rede de luxo Space NK, admite que é mais sensato defender os benefícios ecológicos dos produtos de beleza orgânicos do que seus benefícios para a saúde.
Por que então pessoas inteligentes continuam a desembolsar dinheiro com produtos caros, alguns dos quais nem funcionam tão bem quanto seus equivalentes convencionais? Em parte porque os pais perdem a ciência de vista face à ansiedade que sentem em relação aos filhos. Eles tendem a evitar produtos químicos que não sejam familiares, sejam eles comprovadamente seguros ou não, caso alguns deles venham a ter ligações com câncer ou infertilidade. Ainda assim, produtos químicos com nomes complicados - bons e ruins - fazem parte do cotidiano. Se você mora em uma área urbana com ruas cinzentas e poluídas, os produtos químicos que você e os seus pequenos inalam diariamente tornam a preocupação com a quantidade de lauril sulfato de sódio no xampu do bebê redundante . É como a instituição beneficente Sense About Science coloca: "Você não pode levar uma vida livre de produtos químicos porque tudo é feito com eles, não há alternativas, apenas escolhas sobre quais usar e como eles são feitos."
Cole admite que "muitos produtos naturais ainda são vendidos baseados no fator medo". Mas, segundo ele, isto está mudando: o novo padrão Cosmos marca o começo de uma regulamentação mais rígida e de uma informação de melhor qualidade sobre os benefícios ambientais dos produtos de beleza orgânicos. Com alguma sorte isso irá impedir os pais de espalhar histórias assustadoras e não comprovadas sobre parabenos e ftalatos. Mas ainda assim o Cosmos só irá ajudar a parcela de consumidores que se compromete com os produtos ecológicos. O que a União Europeia deveria fazer é fornecer informações claras sobre os produtos convencionais. Eles são perfeitamente seguros - só não os coloque na boca.

Texto de Anna Shepard, tradução de  Eloise De Vylder, publicado no jornal Folha de São Paulo

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Beleza conquistada


Pois às vezes me falta a quem contar
certo dia passado do princípio ao fim
o encanto que tenha realmente
a insistência do vento ao longo da Foz
aquilo que daria (e eu daria tudo) por compaixão

Nascemos e vivemos só algum tempo
não temos nada
não podemos mesmo na penumbra
decidir a atenção ou o esquecimento
as forças soçobram como vago
motivos
em público
e em qualquer lugar

Por isso sei tão bem o valor
da natureza indiscutível dos teus
olhos
onde a luz anota seus aspectos
teus olhos impacientes e irrealizáveis
que me acompanham
agora que sozinho danço
pela cidade vazia




Sem dúvida há um padrão estético assimilado por todas as estrelas de Hollywood: Cabelos muito alisados ou com cachos primorosamente arrumados para parecerem um tanto desalinhados, olhos, bocas, narizes, maquiagens, posturas, sorrisos ou meio sorriso, olhares.
Todas passaram por cirurgias buco-maxilares e plásticas para atingirem o ideal de beleza-padrão ansiado e os bons resultados se transformaram no alento dos sacrifícios e dores sentidas.
Recentemente a revista People divulgou pequena relação de atrizes na faixa dos quarenta, quase cinquenta, que estão mais atraentes e belas agora, do que eram anos atrás. As imagens não deixam dúvidas, ou melhor, podem gerar algumas dúvidas, sim, porque os cabelos cacheados de Julia Roberts eram moda na década de setenta; Sandra Bullock tinha sorriso encantador; Jennifer Aniston conseguiu domar a cabeleira, mas tem o mesmo jeito de olhar de garota; Julianne Moore perdeu as bochechas, assumiu a imensa quantidade de sardas e está linda, mas ainda não aprendeu a vestir-se com elegância; Nicole Kidman passou por metamorfose geral; Courtney Cox mudou o estilo e Halle Barry mantém a beleza aliada à serenidade.
Creio ser este o grande trunfo dessas mulheres que tanto dependem da aparência para o trabalho que escolheram: Manter a serenidade apesar de tudo e todos que passaram por suas vidas.
Ter filhos, manter ou não o casamento, afastar a intrometida mídia da vida pessoal, administrar a independência com maestria, lidar com a depressão e a ansiedade, não temer a solidão e o envelhecimento. Não temer! O não temer é fundamental.
A ausência do medo impulsiona e amplia as possibilidades e as áreas de atuação. A ausência de medo amplia a vida.






Poema de José Tolentino Mendonça, imagens pesquisadas na mídia

Fathers and sons

É comum torcermos pelo retorno de algum grupo musical, ou músico, mas nem sempre é possível. Assim, fica a sensação de perda e da mudança de nossas vidas, afinal, todos têm sua própria trilha sonora: Músicas que nos fazem lembrar nossos pais, nossa infância, a fase das descobertas, o grande amor, alguma viagem e por ai vai.
Ao ouvir Maria Rita, por exemplo, foi impossível não imaginá-la no palco com Elis, principalmente, quando ela canta determinadas músicas e eu fecho meus olhos para curtir o resgate que ela me proporciona da mãe. Talvez esta atitude seja um dos grandes problemas de filhos que seguem a mesma carreira dos pais famosos: É inevitável não compará-los, o que não é justo, por limitar a identidade da nova geração. Quem sabe este não seria um dos motivos que impede a reunião dos filhos dos quatro garotos de Liverpool. Pode ser bem difícil olhar para Dhani Harrison tocar e não compará-lo ao seu pai (são muito parecidos), o mesmo com o talentoso baterista Zakk Starkey, filho de Richard Starkey Jr. – Ringo Starr, James McCartney, Sean e Julian Lennon, todos com suas próprias carreiras musicais. Por enquanto a reunião da nova geração fica na imaginação.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

The pieces of a life stay pieces at the end


Pousar é tudo. Regressar ao afago das coisas da terra

Aprendam a pintar paredes, a plantar mudas, a tricotar, a dizer exatamente o que sentem, a colaborar, a dar cambalhotas e cambotas – ou doutos dirão que cambalhota e cambota são a mesma coisa, mas estão equivocados: Cambalhota é para frente e com a cambota a gente rola para trás – diversão garantida. Aprendam aerodinâmica suficiente para empinar pipas, a dançar sozinhos, a curtir a delícia de um banho de banheira, melhor ainda se cachoeira ou rio com água limpa que vem da montanha. Aprendam a curtir o nascer do sol, hora mágica plena de odores e cores, e o sol poente acompanhado pela certeza da realização de algo bom e verdadeiro.
Aprendam a alquimia de sabores e se impregnem do aroma do alimento preparado com afeto. Através deste aroma nossa casa vira lar.

É triste não possuir uma casa de sementes, amar essas partículas ali ociosas, não desejar que nidifiquem sem granizo e irrompam como a chama de uma vela


A leitura do texto publicado na mídia transmitiu-me segurança e deixou-me feliz. Minha cidade arrecadou quase quinhentos milhões de reais (por extenso o número fica ainda mais relevante) com multas de trânsito. Quinhentos milhões de reais é muito dinheiro, tanto que não consigo imaginar quanto e tudo que poderia ser feito com essa dinheirama toda. Imagino a trabalheira, o empenho, a dedicação dos agentes que têm competência para aplicar multas de trânsito, além dos radares, que monitoram nossas ruas, avenidas e estradas. Sem dúvida podemos nos sentir seguros, realmente seguros, com a quantidade de radares e agentes competentes para aplicar multas de trânsito. Com tantas sanções aplicadas, os condutores de veículos automotores ficarão bem mais conscientes e o trânsito da cidade melhorará, sim, melhorará - algum dia, quem sabe. Li que 5% do valor arrecadado, equivalente a vinte e quatro milhões e oitocentos mil reais (sem dúvida por extenso os números ficam mais expressivos), serão entregues ao FUNSET que eu não sei o que faz, mas deve ser algum órgão público muito importante. Não sei quanto os fabricantes de radares receberão pela eficiência de seus equipamentos, nem quanto receberão os órgãos públicos aos quais os agentes competentes pela aplicação das multas de trânsito são subordinados, mas, mesmo assim, sobra muito, muito dinheiro para auxiliar as vítimas das enchentes, para ser aplicado na prevenção contra enchentes, para educação, para saneamento básico, para saúde pública e para, finalmente, tornar esta cidade segura.

Elaboro com cuidado meu próximo texto que será intitulado a vaca. Eis o começo: A vaca é um animal muito bacana. A vaca faz  múúúúú. Eu gosto de vacas suíças, pretas e brancas ou castanhas, com sino pendurado no pescoço.  A vaca dá leite. Eu queria ter uma vaca no quintal de casa, mas meu pai não deixa. Meu pai também não deixou que eu tivesse uma foca, mas o texto é sobre a vaca, então, deixo a foca de lado...


SP estima arrecadar quase R$ 500 mi com multas e pode bater recorde
A Prefeitura de São Paulo estima arrecadar R$ 495 milhões em multas de trânsito em 2010. A cifra deve ser a maior da gestão Gilberto Kassab (DEM) e a mais alta desde 2005, quando a divulgação das receitas da administração municipal na internet passou a ser obrigatória.
Até novembro de 2009, a prefeitura havia arrecadado R$ 419 milhões, segundo balancete divulgado mensalmente pela Secretaria de Finanças. Os números de dezembro ainda não estão disponíveis.
Em 2008, a arrecadação em infrações de trânsito foi de R$ 386 milhões. No ano anterior, a receita havia sido de R$ 392 milhões. Em 2006, primeiro ano da gestão Kassab, foram arrecadados R$ 391 milhões. Em 2005, a receita foi de R$ 351 milhões.
No sábado (9), a Secretaria Municipal de Transportes publicou no "Diário Oficial da Cidade" autorização para reservar R$ 24,8 milhões - o equivalente a 5% da receita estimada -ao Funset (Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito).O repasse ao Funset é determinado por uma resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito). Procurados pela reportagem, a Secretaria Municipal de Transportes e o secretário Alexandre de Moraes não se pronunciaram.
Autuações
O número de autuações tem crescido nos últimos anos em São Paulo. Em 2005, foram aplicadas 3,6 milhões de multas. No ano seguinte, foram 4 milhões. Em 2007, o número de autuações chegou a 4,2 milhões, e, em 2008, foram 4,7 milhões.
O balanço de 2009 ainda não foi divulgado pela prefeitura, mas só no primeiro semestre foram 3,2 milhões de autuações -36% a mais do que no mesmo período do ano anterior.



Texto de Alvaro Magalhães, publicado na Folha on line, imagem obra de Paul Signac

domingo, 10 de janeiro de 2010

Fina colcha de retalhos

Para mim bastariam as interpretações de Gena Rowlands e Juliette Binoche, mas Je t’aime Paris (2006), um dos filmes escolhidos para ser revisto durante as férias, traz muito mais. São vinte e um curtas-metragens escritos e dirigidos por vinte e um cineastas diferentes (Ethan e Joel Cohen, Isabel Coixet, Vincenzo Natali, Walter Salles, Daniela Thomas, Gus Van Sant entre outros) ideia original de Tristan Carmé e realização de Emmanuel Benbihy, todos ambientados em Paris.
Especiais destaques para Margo Martindale, impecável no papel da turista solitária; Melchior Beslon, o garoto cego e apaixonado; Miranda Richardson e Sergio Castellitto, o casal que se reaproxima na doença; Catalina Sandino Moreno, a jovem mãe; Rufus Sewell e Emily Mortimer, o casal enamorado que reata graças à intervenção de Oscar Wilde, vivido por Alexander Payne. Fanny Ardant e Bob Hoskins formam um estranho casal, enquanto Nick Nolte e Bem Gazzara renascem das cinzas. Este filme é preciosa colcha de retalhos criada com esmero.
Emmanuel Benbihy também é o responsável pelo filme New York, I Love you (2009), obra realizada por onze cineastas distintos.

No drama


He is just not that into you (2009), de Ken Kwapis, não é um filme sugerido com ênfase e encantamento, mas é boa diversão pelo entrosamento dos personagens, principalmente, das meninas Jennifer Connelly, Drew Barrymore, Scarlett Johansson, Jennifer Aniston e Ginnifer Goodwin.
Baseado no livro He is not that into you: The no-excuses truth to understanding guys, de Greg Behrent, que fez bastante sucesso durante a exibição do seriado Sex and the City (Behrendt foi um dos roteiristas), ao tentar ensinar as desculpas esfarrapadas dos meninos, que praticam a magistral arte da incoerência entre o que dizem e o que realmente fazem.

O filme aborda com ótimo humor os relacionamentos internéticos, o isolamento exagerado, a ausência de contato pessoal, o fascínio dos sites sociais, o medo do envolvimento e o estresse criado pela administração de diversos portais, ao lembrar o quanto era bom lidar apenas com um telefone fixo, uma secretária eletrônica e sua pequena fita cassete.
Os depoimentos de diversas mulheres, que intercalam as cenas, garantem boas risadas e demonstram o quanto somos complexas, sensíveis, crédulas e previsíveis.
Quanto aos meninos, basta aplicarmos a razão: Não, ele não foi atropelado por uma manada de elefantes desembestados, tampouco foi abduzido por alienígenas. O moço não telefonou, porque ele não liga.