quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Beleza conquistada


Pois às vezes me falta a quem contar
certo dia passado do princípio ao fim
o encanto que tenha realmente
a insistência do vento ao longo da Foz
aquilo que daria (e eu daria tudo) por compaixão

Nascemos e vivemos só algum tempo
não temos nada
não podemos mesmo na penumbra
decidir a atenção ou o esquecimento
as forças soçobram como vago
motivos
em público
e em qualquer lugar

Por isso sei tão bem o valor
da natureza indiscutível dos teus
olhos
onde a luz anota seus aspectos
teus olhos impacientes e irrealizáveis
que me acompanham
agora que sozinho danço
pela cidade vazia




Sem dúvida há um padrão estético assimilado por todas as estrelas de Hollywood: Cabelos muito alisados ou com cachos primorosamente arrumados para parecerem um tanto desalinhados, olhos, bocas, narizes, maquiagens, posturas, sorrisos ou meio sorriso, olhares.
Todas passaram por cirurgias buco-maxilares e plásticas para atingirem o ideal de beleza-padrão ansiado e os bons resultados se transformaram no alento dos sacrifícios e dores sentidas.
Recentemente a revista People divulgou pequena relação de atrizes na faixa dos quarenta, quase cinquenta, que estão mais atraentes e belas agora, do que eram anos atrás. As imagens não deixam dúvidas, ou melhor, podem gerar algumas dúvidas, sim, porque os cabelos cacheados de Julia Roberts eram moda na década de setenta; Sandra Bullock tinha sorriso encantador; Jennifer Aniston conseguiu domar a cabeleira, mas tem o mesmo jeito de olhar de garota; Julianne Moore perdeu as bochechas, assumiu a imensa quantidade de sardas e está linda, mas ainda não aprendeu a vestir-se com elegância; Nicole Kidman passou por metamorfose geral; Courtney Cox mudou o estilo e Halle Barry mantém a beleza aliada à serenidade.
Creio ser este o grande trunfo dessas mulheres que tanto dependem da aparência para o trabalho que escolheram: Manter a serenidade apesar de tudo e todos que passaram por suas vidas.
Ter filhos, manter ou não o casamento, afastar a intrometida mídia da vida pessoal, administrar a independência com maestria, lidar com a depressão e a ansiedade, não temer a solidão e o envelhecimento. Não temer! O não temer é fundamental.
A ausência do medo impulsiona e amplia as possibilidades e as áreas de atuação. A ausência de medo amplia a vida.






Poema de José Tolentino Mendonça, imagens pesquisadas na mídia

Um comentário:

Gerana Damulakis disse...

Realmente a tendência de acharmos que atualmente estão melhores é tão somente porque o cabelo está na moda, a roupa etc.
Repare que a idade está nos olhos, ainda que sem rugas e sem bolsas da idade que têm: repare nos olhos de Nicole, são olhos de quem já viveu mais de 4 décadas, deverá fechar a 5ª em breve. Pode-se ganhar brilho na pele (haja creme), mas nunca no olhar.Ele é denunciador do tanto que já se andou.
Bacana o poema dele.