A revolução dos bichos, outra obra sua, é primorosa ao descrever o quanto todos somos iguais e o quanto alguns conseguem ser mais iguais do que os outros.
É impossível deixarmos de nos impressionar com a constante vigilância do estado onipresente, capaz de alterar a história, destruir crenças, adulterar dados, suprimir sentimentos, manipular as pessoas, excluir a liberdade e a privacidade de todos, com o único objetivo de manter sua própria estrutura inabalada e cada vez mais fortalecida. Não bastava ao personagem Wiston temer e respeitar o Grande Irmão, era necessário adorar o Grande Irmão.
Muitos consideram 1984 uma metáfora das sociedades modernas e acreditam que Orwell - ele escreveu esse livro no interior da Inglaterra, tuberculoso e em crise depressiva pela morte de sua mulher - quis avisar-nos sobre os perigos da sociedade moderna.
Lembrei-me desse livro porque me descubro incomodada com o padrão de segurança existente em todos os locais frequentados, não importa quantas vezes: Consultórios médicos, escritórios, laboratórios... Se antes tentávamos calcular o tempo que levaríamos de um lugar ao outro, baseados em variantes como o trânsito, a chuva e o dia da semana, agora, para não atrasarmos também devemos considerar o tempo gasto em portarias, para que os responsáveis pelos serviços de segurança peçam nosso documento, digitem nossos dados, perguntem o número de nosso telefone, nosso email e endereço - será que as empresas de segurança pretendem vender nossos dados para serviços de telemarketing? - tirem nossa bendita fotografia, momento no qual o/a recepcionista recebe a luz de Cartier-Bresson e busca nosso melhor ângulo, telefonem para a pessoa que nos espera há mais de meia hora, entreguem nosso crachá e nos liberem para a fase de tortura na catraca (ainda não pensaram em algum curso rápido, que nos auxilie na descoberta do lugar certo para encostarmos / enfiarmos / retirarmos o crachá em tantas catracas diferentes, que estão por aí, a desafiar nossa limitada inteligência). Ufa! Até na banca de jornal encontro o aviso sorria você está sendo filmado. De repente percebo que esse incômodo pode ser melhor compreendido através do artigo a seguir do Jornal Folha de São Paulo. É assustador o número de câmeras que nos vigiam diuturnamente. Câmeras, radares, serviços de segurança, paranóias que infernizam nossas vidas e têm eficácia duvidosa - a não ser em relação ao ganho imenso das empresas que os fabricam, instalam e administram - porque ainda dependem de ações complementares do estado. Veja só, que maravilha, as câmeras na entrada do prédio e no elevador fizeram imagens perfeitas da quadrilha que promoveu o arrastão! E?...
É impossível deixarmos de nos impressionar com a constante vigilância do estado onipresente, capaz de alterar a história, destruir crenças, adulterar dados, suprimir sentimentos, manipular as pessoas, excluir a liberdade e a privacidade de todos, com o único objetivo de manter sua própria estrutura inabalada e cada vez mais fortalecida. Não bastava ao personagem Wiston temer e respeitar o Grande Irmão, era necessário adorar o Grande Irmão.
Muitos consideram 1984 uma metáfora das sociedades modernas e acreditam que Orwell - ele escreveu esse livro no interior da Inglaterra, tuberculoso e em crise depressiva pela morte de sua mulher - quis avisar-nos sobre os perigos da sociedade moderna.
Lembrei-me desse livro porque me descubro incomodada com o padrão de segurança existente em todos os locais frequentados, não importa quantas vezes: Consultórios médicos, escritórios, laboratórios... Se antes tentávamos calcular o tempo que levaríamos de um lugar ao outro, baseados em variantes como o trânsito, a chuva e o dia da semana, agora, para não atrasarmos também devemos considerar o tempo gasto em portarias, para que os responsáveis pelos serviços de segurança peçam nosso documento, digitem nossos dados, perguntem o número de nosso telefone, nosso email e endereço - será que as empresas de segurança pretendem vender nossos dados para serviços de telemarketing? - tirem nossa bendita fotografia, momento no qual o/a recepcionista recebe a luz de Cartier-Bresson e busca nosso melhor ângulo, telefonem para a pessoa que nos espera há mais de meia hora, entreguem nosso crachá e nos liberem para a fase de tortura na catraca (ainda não pensaram em algum curso rápido, que nos auxilie na descoberta do lugar certo para encostarmos / enfiarmos / retirarmos o crachá em tantas catracas diferentes, que estão por aí, a desafiar nossa limitada inteligência). Ufa! Até na banca de jornal encontro o aviso sorria você está sendo filmado. De repente percebo que esse incômodo pode ser melhor compreendido através do artigo a seguir do Jornal Folha de São Paulo. É assustador o número de câmeras que nos vigiam diuturnamente. Câmeras, radares, serviços de segurança, paranóias que infernizam nossas vidas e têm eficácia duvidosa - a não ser em relação ao ganho imenso das empresas que os fabricam, instalam e administram - porque ainda dependem de ações complementares do estado. Veja só, que maravilha, as câmeras na entrada do prédio e no elevador fizeram imagens perfeitas da quadrilha que promoveu o arrastão! E?...
SP já possui uma câmera para cada 16 habitantes
Até o metrô começou monitoramento do interior dos vagões em tempo real
Até o metrô começou monitoramento do interior dos vagões em tempo real
Para associação de empresas do setor de vigilância eletrônica, cidade tem pelo menos 600 mil câmeras, em uma estimativa conservadora.
De Vinícius Queiroz Galvão
Quem anda num dos cinco novos vagões com ar-condicionado da linha verde do metrô não sabe, mas deveria sorrir, porque está sendo filmado. Os novos comboios têm 26 câmeras - quatro por vagão, mais duas externas no primeiro e no último carro da composição. A imagem é transmitida em tempo real para um monitor na cabine do maquinista. Até o final deste ano, outros 16 novos trens com a mesma tecnologia devem entrar em operação, e mais 98 antigos estão em reforma para se equipar de câmeras. Menos de dois anos atrás, o Metrô inaugurou um centro de controle de segurança para monitorar as estações, que hoje têm 930 câmeras vigiando as plataformas -e os usuários. Em um ano, elas serão 1.318. "Mentira que estamos sendo filmados. Como não tem aviso disso?", diz Ângela Gonzaga, que andava anteontem na linha que cruza a avenida Paulista.Os olhos biônicos do sistema de transporte subterrâneo são um indicativo de que a cidade está cada vez mais na mira das lentes de vigilância. Dados da Abese, a associação das empresas de segurança eletrônica, mostram, na estimativa mais conservadora, que São Paulo já tem 600 mil câmeras, uma para cada 16 paulistanos. Há dez anos, elas eram 50 mil. "No momento em que sai de casa, todo mundo já passa a ser gravado. Tudo é possível de ser monitorado", diz Selma Migliori, presidente da entidade. As poucas exceções livres de gravação são o interior de banheiros e de provadores de roupa. Instaladas recentemente até em cemitérios para evitar o furto de restos mortais e de objetos dos túmulos, as câmeras estão instaladas nas regiões com maior circulação de pessoas, como a avenida Paulista e no comércio popular da rua 25 de Março, e em bairros de maior poder aquisitivo, como Jardins, Itaim Bibi e Morumbi. Num condomínio, um sistema de circuito interno de TV pode custar
Quem anda num dos cinco novos vagões com ar-condicionado da linha verde do metrô não sabe, mas deveria sorrir, porque está sendo filmado. Os novos comboios têm 26 câmeras - quatro por vagão, mais duas externas no primeiro e no último carro da composição. A imagem é transmitida em tempo real para um monitor na cabine do maquinista. Até o final deste ano, outros 16 novos trens com a mesma tecnologia devem entrar em operação, e mais 98 antigos estão em reforma para se equipar de câmeras. Menos de dois anos atrás, o Metrô inaugurou um centro de controle de segurança para monitorar as estações, que hoje têm 930 câmeras vigiando as plataformas -e os usuários. Em um ano, elas serão 1.318. "Mentira que estamos sendo filmados. Como não tem aviso disso?", diz Ângela Gonzaga, que andava anteontem na linha que cruza a avenida Paulista.Os olhos biônicos do sistema de transporte subterrâneo são um indicativo de que a cidade está cada vez mais na mira das lentes de vigilância. Dados da Abese, a associação das empresas de segurança eletrônica, mostram, na estimativa mais conservadora, que São Paulo já tem 600 mil câmeras, uma para cada 16 paulistanos. Há dez anos, elas eram 50 mil. "No momento em que sai de casa, todo mundo já passa a ser gravado. Tudo é possível de ser monitorado", diz Selma Migliori, presidente da entidade. As poucas exceções livres de gravação são o interior de banheiros e de provadores de roupa. Instaladas recentemente até em cemitérios para evitar o furto de restos mortais e de objetos dos túmulos, as câmeras estão instaladas nas regiões com maior circulação de pessoas, como a avenida Paulista e no comércio popular da rua 25 de Março, e em bairros de maior poder aquisitivo, como Jardins, Itaim Bibi e Morumbi. Num condomínio, um sistema de circuito interno de TV pode custar
R$ 100 mil. Só a prefeitura tem 3.585 câmeras, controladas em sua maioria pela Guarda Civil, pela SPTrans, pela Secretaria da Educação (para vigiar as escolas públicas) e pelo departamento de trânsito. A Polícia Militar tem mais cem instaladas e outras 30 em teste. As da CET nas marginais, por exemplo, têm alcance de quatro quilômetros em zoom. A primeira delas, ainda em operação, foi instalada há 25 anos. Todas passam por restauração para modernização e devem ficar prontas em outubro. Somados radares e câmeras, a companhia de tráfego tem 605 aparelhos para monitorar o trânsito e aplicar multas. "Tendo a violência como desculpa e o medo das pessoas como justificativa, invade-se a intimidade. O nível de neurose e o medo aumentaram, mas a sensação de segurança da população não é maior com esse aparato", diz Sérgio Kodato, coordenador do Observatório da Violência da USP.
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