A chuva caiu forte neste sábado. Educada ela esperou passar o feriado estadual da quinta feira e a sexta feira, dia normal de trabalho, para surgir em abundância nesta manhã e limpar o ar, lavar as ruas, realçar as cores das plantas. Precisávamos de chuva. Foi nesta tarde que meu filho resolveu cortar o cabelo e seus comentários carinhosos sobre os barbeiros que o atendem, compuseram boa parte da nossa alegre conversa de almoço.
Na barbearia Ideal estão o senhor Carlos Oliveira e o senhor Pedro Coutinho, ambos na imagem aí, ao lado. De segunda a sábado os dois mantêm a mesma rotina e atendem seus inúmeros clientes com cortesia e esmero. O pai do senhor Carlos era sócio do senhor Coutinho e sua parte na sociedade foi herdada. Assim, os sócios de sessenta e cinco anos e de noventa e cinco anos (cinquenta e quatro anos na mesma barbearia), tocam com sucesso o negócio sem perder a qualidade conquistada ao longo do tempo. Antigamente, o senhor Pedro usava navalha para cortar os cabelos, mas, agora, tem ao seu alcance, organizados lado a lado, várias tesouras e pentes utilizados com destreza e agilidade. O ofício ele aprendeu olhando o barbeiro na cidade do interior onde morava.
Se tudo isso já não fosse impressionante e encantador, com a conversa que flui gostosa descobrimos que o senhor Pedro pega metrô e ônibus todo dia para ir da zona norte à barbearia e, no final da manhã, é a vez da dona Dúria, de 81 anos, repetir o mesmo trajeto há cinquenta e dois anos, para trazer o almoço por ela preparado para o marido. No começo da noite, o senhor Pedro e a dona Dúria voltam juntos para casa.
Dois detalhes: O senhor Pedro acredita que o trabalho prolonga a vida e não gosta de domingos por que a barbearia fica fechada; e antes da foto aí, em cima, o senhor Carlos fez questão de ajeitar o cabelo do senhor Pedro.
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