segunda-feira, 27 de julho de 2009

Cães e a estética duvidosa em detrimento da saúde e do bem estar

Assisti a documentário da BBC sobre as aberrações cometidas por alguns criadores de cães com pedigree da Inglaterra, que adotam a reprodução seletiva de cães consanguíneos para: “preservar a pureza da raça", seguir regras que primam pela estética de aparência duvidosa em detrimento da saúde e do bem estar do animal e participar de exposições.
Cães avôs cruzam com cadelas netas, irmãos e irmãs, mães e filhos, pais e filhas, a gerar cães com imunidade baixa, doenças genéticas e enfermidades terríveis decorrentes do processo de reprodução seletiva. E as normas que definem e regulamentam a criação de determinadas raças, favorecem essa situação.
Mostraram um boxer em plena e prolongada crise epiléptica e o esforço de seu dono para segurá-lo durante o tempo que o cão sofria convulsões. Era a tristeza pelo sofrimento do animal e pelo apego natural que o humano normal dedica ao seu cão.
Mostraram a exposição da raça Cavalier King Charles Spaniel, popular na Inglaterra, cujos cães são vítimas de grave enfermidade neurológica denominada siringomielia, que gera fortes e insuportáveis dores e convulsões decorrentes da compressão intracraniana. A criadora e ganhadora do primeiro lugar da exposição mais importante dessa raça sabia que seu cão é vítima dessa doença, mas, mesmo assim, não impediu que ele cruzasse várias vezes para gerar filhotes que também sofrerão dores insuportáveis e convulsões. Segundo explicado a siringomielia é consequente da reprodução seletiva destinada à obtenção de animais com focinhos menores, o que também causaria a redução da capacidade craniana do cão. Assim, o cérebro com dimensões normais fica comprimido dentro do crânio reduzido, o que causa fortes dores e convulsões. O focinho pequeno é o traço preferido dos criadores e expositores dessa raça.
Compararam a imagem de cem anos atrás do bull terrier e a imagem do bull terrier atual. O crânio dessa raça de cães sofreu grandes alterações no último século, graças as reproduções consanguíneas realizadas.
Outras imagens antigas de diversas raças de cães demonstram que características atuais como patas mais curtas, pregas na pele, patas tortas, focinhos achatados, são deliberadamente acentuadas pelos criadores.
Mostraram exposição de pastores alemães com pernas traseiras tortas, que tinham dificuldade para andar e para se manterem fisicamente equilibrados. Segundo o expert inglês da raça, aqueles cães, com as patas traseiras tortas, seriam os “corretos”.
Comentaram sobre filhotes saudáveis de rhodesian ridgeback (african lions) que são mortos por não terem nascido com a estria dorsal de pelos em direção contrária, característica definida através de normas para essa raça. Filhotes saudáveis mortos por não terem no dorso a linha de pelos contrários.
Consoante o comentário de um dos veterinários entrevistados, aos criadores não importaria se a faixa dorsal de pelos contrários seria marcador de enfermidade genética denominada espinha bífida, que pode afetar o bem estar e saúde do animal.
Todos os veterinários entrevistados foram veementes em seus depoimentos contrários a essas práticas voltadas exclusivamente a aspectos estéticos, no mínimo duvidosos, e tão prejudiciais a saúde e ao bem estar dos animais.
Alguns criadores de cães com pedigree expuseram irracional intolerância ao defenderem o esforço existente para a geração de cães cada vez mais diferentes de sua forma original.
O documentário nos lembrou que os cães são um grupo de animais derivados do lobo original e as variações decorrentes da reprodução seletiva, distanciam em demasia determinadas raças de sua derivação.

http://news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/7569592.stm

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