quinta-feira, 16 de julho de 2009

Comportamento padrão ultrapassado

Outro dia falávamos sobre o comportamento do homem, do macho, que para nós mulheres é tão previsível quanto carente de criatividade e inovação, salvo quando somos nós as emocionalmente envolvidas com algum macho alfa padrão, situação que nos deixa com cegueira momentânea, surdez crônica temporária e nossa percepção ausente em férias.
Às vezes somos nós que ficamos em casa a esperar os rapazes valentes que buscam a satisfação de sua “incontrolável”
libido por aí - por que não satisfazê-la com a mulher que é sua e que você resolveu publicamente assumir até que a morte ou alguma alma mais esperta surja pela frente e os separe - ou, somos nós que acreditamos piamente nos prazos que nunca chegam e na separação que não acontecerá. Nós, mulheres inteligentes, independentes, livres, auto-suficientes, capazes de gerenciar áreas de diversos setores das diversas atividades profissionais existentes, mas, por vezes incapazes de identificar discurso tão antigo.
Como, como? A libido masculina é mais intensa que a feminina? Mas em qual planeta, em qual sistema solar? Em qual era essa inverdade surgiu e abriu a seção divertida da caixa de Pandora para os meninos, enquanto as maníaco-compulsivas Penélopes teciam e desfaziam o tecido para refazê-lo e desfazê-lo a espera do Ulisses guerreiro? Falamos sobre oragotangos?
Talvez tenhamos passado séculos a desconsiderar essa parte fundamental da vida, quem sabe com base em alguma tataravó distante e frígida que ensinou sua filha, que ensinou sua filha, que ensinou sua filha e até nós chegou a ideia de que as mulheres não sentem a necessidade de um bom sexo, a maternidade preenche todas as nossas expectativas, segurar o homem pelo estômago é arte, o casamento é o ideal ansiado e obrigatoriamente conquistado para uma vivência mansa e rotineira.
Alguns meninos já perceberam que as meninas têm as mesmas necessidades e, espertos, acenam exclusivamente com a satisfação da necessidade, sem vínculo, nem responsabilidade, tampouco compromisso. A famosa liberdade de, tão diferente da liberdade para: O rapaz quer ter a liberdade de frequentar sua casa no dia e horário que ele quer; a liberdade de transar com você quando ele quer; a liberdade de sair quando ele quer; a liberdade de manter outra vida do jeito que convém a ele, mas não quer ter a liberdade para ser seu companheiro, para ser seu homem, seu parceiro, porque a liberdade para fará com que ele tenha que deixar algumas liberdades de e isso, querida, ele não quer.

Nessa altura, sem dúvida, “todos dizem: Eu te amo” e a magia pode, ou não, acontecer.
A primeira vez que ouvi a chocante frase sobre a variação de cardápio, pasmo, foi com a minha mãe que, no fim da vida, ainda tentava clarear a visão da filha coberta pela temporária neblina, para certos temas. Cruel senhora, como pode comparar o amor sublime ao cardápio de uma, de um rodízio de pizza-borracha de décima quinta categoria na periferia do vilarejo mais periférico e desértico deste planeta? Pois ela estava certíssima, como sempre. Minha querida e sábia mãe.

Essa coisa do cardápio voltou a ser repetido há poucos dias, por um garoto nos seus vinte e um anos, as bochechas incandescentes e a total ausência de jeito por estar mergulhado na piscina da vergonha (sim, isso ainda acontece) ao ser desafiado pelas garotas da mesma equipe de trabalho a repetir seus comentários sobre o tema diante desta que escreve (acho que intimido os demais com minha aparente seriedade). Gaguejante, não conseguiu repetir claramente as palavras variação e cardápio, mas foi rápido ao dizer que não aceitaria que sua namorada variasse o próprio cardápio e que ele - fiquei impressionada e esperançosa com a próxima sentença: as futuras gerações de machos alfas talvez sejam menos machos e mais homens - não teria qualquer necessidade de variar cardápio algum, se estivesse ao lado da mulher amada. Yes! Ponto para o bochechas vermelhas.
Uma amiga querida explica o comportamento padrão com base na virilidade e na necessidade de prová-la, para si e para os outros.
Bom mesmo, é conversar e rir com um amigo super querido, lindo, charmoso, fartos cabelos grisalhos na medida certa, homem feito, que consegue dizer com a maior cara lavada as frases mais batidas e repetidas a exaustão para afastar qualquer moçoila casadoira do pedaço: Eu não presto; eu te amo, mas não sirvo pra você; eu sou feio; não, não é nada, sou assim, ta tudo bem e depois abrir aquele sorriso de ator-manequim contratado por todas as empresas de pastas, escovas de dente e produtos de enxágue bucal, para dizer: Faço tipo. Nós sabemos.


Este é o motivo do texto abaixo, do Marcelo Rubens Paiva: Tal qual nosso querido amigo, ele resolveu nos dar uma colher de chá para aprendermos, de uma vez, o comportamento padrão do macho. Se a moça foi, Marcelo? Sem dúvida lerei em seu blog, mas tenho certeza que sim. Entre as mulheres também existem fêmeas que fazem tipo.

Sobre o messenger? Já escrevi o que acho sobre o messenger.
Meninos queridos, de uma vez por todas: É deprimente observar o homem adulto, próximo aos cinquenta, que ainda atira para todos os lados.

"Genealogia do macho alfa
Certa vez, um taxista carioca casado me revelou a sua tática infalível para conquistar amantes.
Ele entra em salas de bate-papo virtuais com o nickname "100% Fiel". Em segundos, chovem mulheres perguntando se é possível existir um homem com o índice de fidelidade tão alto.
Feito o contado, ele desenvolve o assunto, escuta desabafos, consola as traídas que não confiam mais nos homens, conquista com a sua lábia digital, convida-as para mudarem o papo para o Messenger, troca fotos, palavras de carinho e marca encontros.
Só ao vivo, depois do ato, confessa que é casado. Porque ele está interessado em outras e as dispensa cinicamente. Não quer desenvolver uma relação com a sua... presa?
Está se lixando se alimenta a desqualificação moral de seus pares masculinos. Os fins justificam os meios. E ele pinga, de porto em porto, atrás de uma aventura sexual.
Amando, profissional liberal, é daqueles caras que, se perguntarem que tipo de mulher o atrai, ele responde: "As que respiram."
Também casado, é mais direto. Entra em sites de relacionamento com um perfil falso. Procura comunidades como "mulheres divorciadas", "mulheres boêmias", "mulheres que topam tudo". Faz comentários divertidos, abre tópicos polêmicos, provoca discussões sobre a essência da fidelidade e a culpa cristã. A ironia é o seu leme.
As que se seduzem pelas palavras provocativas de Amando, muitas também com o perfil falso, fotos embaçadas ou ilustrações, são convidadas a migrarem para o Messenger.
Lá, a relação é desenvolvida. Fotos verdadeiras são trocadas. E ele sempre confessa, de coração aberto, que é muito bem casado, mas que gosta de se divertir.
Tem contatos em outras capitais. Quando viaja a trabalho, marca encontros com suas paqueras virtuais - algumas também casadas. Pede dicas de bares charmosos, combina a noite. Bebem, dançam, e, no fim, a cartada: "Vamos para o meu hotel."
Teve problemas com uma jovem roqueira que disse que Oasis é melhor do que Beatles. E que preferia ficar se amassando no canto escuro do bar a conhecer o quarto bem decorado do hotel em que ele se hospedou.
Levou um susto em Salvador, quando, depois de um agradável jantar à beira-mar, levou a conquista, que não parava de beber, para o hotel, e, assim que entraram, recebeu um tapa na cara. "Você gosta?", ela perguntou. Sua resposta foi devolver um tapa na cara dela, que riu e perguntou: "Tem mais birita nesse muquifo?"
Beberam, se estapearam e transaram. Ela gritou muito. E ele decidiu nunca mais se hospedar naquele hotel.
Por que os homens traem? Ficará rico o neurolinguista ou terapeuta, autor de livros de autoajuda, que publicar uma obra que se dispõe a desvendar o enigma. Certamente esgotará as edições expostas em livrarias de aeroporto.
É instintivo? Há a máxima sociobiológica que afirma que o macho alfa da espécie nasceu para espalhar os seus genes, popularmente conhecidos como espermas, entre o maior número de úteros, popularmente conhecidos como garotas, e assim garantir a proliferação e a consequente sobrevivência da tribo.
Pode haver uma interpretação darwinista nesse comportamento duvidoso. O homem que trai se destaca sobre o que não trai, já que conquista mais herdeiros e território. Portanto, a traição estaria no gene masculino. Apesar de imoral, não é culpa do marido canalha. Seria uma manifestação genética?
Aquele que for flagrado, pode vir com esta: "Amor, não é o que você está pensando. É hereditário. Culpe meus antepassados. E meus cromossomos. Não te traí. Foi a sequência de aminoácidos que herdei, que me levou para os braços de outra."
Apenas corre o risco de ouvir: "Amor, e desde quando você começou a se considerar um macho alfa?"
Os canalhas podem usar também argumentos freudianos. "Querida, o amor pela minha mãe foi castrado pelo fato de haver o meu pai na jogada, o que me causou transtornos irrecuperáveis. Não te traí. Me vinguei. Eu, não, meu inconsciente."
Argumentos nietzschianos não devem ser descartados: "Honey, Deus está morto, o que nos deixa irresponsavelmente livres para quebrar todos os contratos. Culpe a filosofia e a decadência dos sistemas platônicos, não a mim."
Talvez filósofos menos niilistas possam ajudar: "Se a consciência estiver seduzida pela sensação, chuchuzinho, um objeto pode ter uma qualidade agora e pode ter outra depois. Foi Hegel quem disse. O que você vê na minha camisa são cabelos de uma loira. Mas podem ser de uma morena. Ou seja, seus."
Mas Amando segue outra doutrina, a da vida dupla em casa, e a do jogo aberto fora dela. Afirma para seus casos que adora mulheres, não consegue ser fiel, tem uma libido incontrolável e não sente qualquer culpa.
E ela ficou latente num encontro que marcou recentemente, num bairro afastado, com uma de suas conquistas virtuais, uma secretária bilíngue, atraente, que aceitou a cantada de Amando e o seu estado civil, escolheu o dia e a hora e apareceu pontualmente com uma roupa muito sexy.
Apresentaram-se, ela se sentou, pediu o mesmo drinque que ele, sorriu, acendeu um cigarro, jogou a fumaça para o lado, olhou nos olhos do conquistador e mandou: "Você não tem vergonha, cara? Um homem casado paquerando outras mulheres. Faz isso rotineiramente? Ela sabe? E se ela também tivesse amantes, você gostaria? Por que então está casado ainda, se parece irrealizado sexualmente dentro de casa. Tem filhos? Se separe e fique sozinho, garanhando todas as mulheres da cidade. Não tem deveres com a saúde estrutural do casamento? Acha certo? Você não presta, sabia? Conheci caras como você. Vocês nos enojam..."
E por aí vai. Amando pediu outro drinque. Escutou quieto toda a lição de moral. Concordava eventualmente com a cabeça. Até filou um cigarro da guardiã dos bons costumes. Deixou desabafar. Não interrompeu. Quando, enfim, exausta, ela ficou em silêncio, ele matou a bebida e disse: "Conhece algum motel aqui perto? Queria mostrar o que esse papinho me causou. Garanto que você vai também se divertir."
São histórias reais que escutamos por aí. Se ela foi? Talvez eu responda no meu blog."

Marcelo Rubens Paiva

Imagem de Vivek Prakash

Um comentário:

Mari disse...

Minha doce Martha, bom dia!
Muito bom este texto, aliás bom demais, uma confirmação!
MInha amiga, desde hoje, os emails que mando no uol estão voltando. Mudou seu endereço? Tenho uma coisa pra mandar pra você!
Se mudou me avisa o novo endereço!
Amo você!
Beijos minha amiga