terça-feira, 7 de julho de 2009

Abra a porta e vá entrando que a felicidade vai brilhar no mundo

Se encontraram por acaso, muito acaso, num lugarzinho bem improvável, frequentado por centenas de pessoas ávidas para extinguirem a solidão. A probabilidade de se esbarrarem naquela situação era mínima, praticamente inexistente. Aquela não era a praia dela e naquela areia ela pisou porque o planalto era seco e às vezes estranho, meio árido.
O fazendeiro e a moça do bairro - o bairro! - rir, rir sem parar e com a risada veio a felicidade e os medos fugiram apavorados, com o próprio medo, para lugar desconhecido. A campanha do sumiço e o reaparecimento com o singelo: você se lembra de mim?
Se a coisa toda era meio blind? Meio? Multiplique a incerteza por mil e o desconhecimento por dois mil, para ter diminuta ideia da total desinformação que tinham sobre o jeito e a aparência do outro.
É nessa realidade que se comprova o verdadeiro encanto do não se importar. Ou melhor, do reconhecer o que realmente importava. Que beleza! O cyborg mergulhou inteiro na taça de dry Martini e vestido de zorro encontrou a magrela esquisita com perninhas de sabiá.
Pra que agora, continuar com a oscilação entre isso, aquilo e aquilo outro e se distanciar do verdadeiro encanto. É a essência do 1,80 da drogaria, do 1,90 dito e do 1,91 estranhamente recém publicado que importa. Para que complicar mais as figuras geométricas?
Você sabia que quando acordamos estamos mais altos do que quando vamos dormir? É por que quando dormimos as 32 vértebras da coluna estão bem arrumadinhas empilhadas umas sobre as outras e separadas por discos feitos de um tecido cartilaginoso que parece gelatina. Quando acordamos esses discos estão hidratados e os músculos relaxados, mas durante o dia perdemos água com a urina e a transpiração e os discos vão lentamente se desidratando e perdendo o tamanho, como se fossem esponjas secando, o que faz com que as vértebras fiquem cada vez mais juntas, as costas mais curtas e nosso tamanho diminui em até dois centímetros.
O que eu sei é que ouvi tudo, tudinho com a maior atenção e aprendi a explicação sobre a oscilação da altura em até dois centímetros e, enquanto ouvia a voz tão conhecida que falava sobre vértebras e xixi, eu estava super encantada, apaixonada, inebriada, adorando e amando cada vez mais - como se isso fosse possível, mas é, o impossível é plenamente possível - aquele monte de vértebras ao alcance do meu olhar.
Não. Não precisa testar para saber se a moça fugirá, trairá, exporá e com o tempo abandonará o jeito de princesa para se transformar na bruxa má, que jamais foi, nem será. Ela não agirá assim, ela provou por a mais b, pelo abecedário inteiro que não agirá assim. Ela segura trancos e não pulará do barco, nem pedirá socorro à população ribeirinha, circunvizinha, interiorana e metropolitana para ser levada pro Havaí, ou pra qualquer outro lugar por aí, porque o homem que não tem ao lado surtou. Ressabiada, desconfiada, introvertida - procure mais sinônimos - medrosa? Não, em absoluto. Totalmente confiante - ela acredita em tudo o que ele diz - deixa de ser boba, ele comenta, e ela acredita porque sabe que nas mentiras dele também está a maior verdade, até agora, por ninguém mais compreendida. Ela olha encantada e vê o inteiro - o bom, o ruim - e ama de verdade o todo e sabe de onde vem e para onde vai, sabe o que quer e o que é preciso para os dois, só isso. Simples, assim. Faz parte desse encanto todo. Dessa coisa que ninguém explica e que é. Essa moça é feita da umidade mais pura misturada ao aroma divino e nela estão as mais belas cores. Tudo isso trazido por ele.

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