sábado, 4 de julho de 2009

O desafio lançado pelo cérebro para a conquista da longevidade saudável

A capacidade mental começaria a diminuir aos 27 anos
Uma pesquisa sugere que a capacidade mental de uma pessoa atinge o auge aos 22 anos e começa a deteriorar aos 27 anos, marcando o início do processo de envelhecimento.

Timothy Salthouse, da Universidade de Virgínia, descobriu que raciocínio, agilidade mental e visualização espacial, alguns aspectos da função cognitiva, entram em declínio perto dos 30 anos de idade. Assim, os tratamentos que objetivam amenizar o processo de envelhecimento deveriam começar mais cedo, bem mais cedo. O estudo, publicado na revista Neurobiology of Aging, foi feito ao longo de sete anos e incluiu 2 mil pessoas saudáveis, com bom nível de instrução e idades entre 18 e 60 anos. Os participantes tiveram que resolver quebra-cabeças, lembrar-se de palavras e detalhes de histórias, além de identificar padrões em grupos de letras e símbolos, testes já utilizados por médicos para procurar sinais de demência. Em nove dos 12 testes realizados, a média de idade dos indivíduos que tiveram o melhor desempenho foi de 22 anos. A idade em que se observou uma piora marcante no desempenho dos participantes em testes de agilidade mental, raciocínio e habilidade para resolver quebra-cabeças visuais foi 27. Funções como a memória ficaram intactas até os 37 anos, em média, e as habilidades baseadas no acúmulo de informações, tais como desempenho em testes de vocabulário e conhecimentos gerais,
aumentaram até os 60 anos de idade.

O estresse causado pelo excesso de trabalho poderia aumentar o risco de declínio mental e, possivelmente, de demência. Uma das facetas do conhecido e pouco considerado karoshi, a morte pela excesso de trabalho
Demência é um termo genérico que descreve a deterioração de funções como memória, linguagem, orientação e julgamento. Existem vários tipos de demência, mas o mal de Alzheimer, com dois terços dos casos, é a forma mais comum. Estudo realizado por médicos finlandeses analisou 2.214 funcionários públicos britânicos de meia idade e descobriu que aqueles que trabalhavam mais de 55 horas por semana tinham menos habilidades mentais do que os que faziam o horário normal. A pesquisa, divulgada na publicação científica American Journal of Epidemiology, descobriu que os que trabalhavam demais tinham problemas com a memória de curto prazo e a lembrança de palavras. Os pesquisadores afirmam que os fatores mais importantes podem incluir o aumento de problemas do sono, depressão, estilo de vida prejudicial à saúde e o aumento do risco de doenças cardiovasculares, possivelmente ligados ao estresse. "As desvantagens das horas extras devem ser levadas a sério", afirmou a pesquisadora que liderou a pesquisa Marianna Virtanen, do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional.
Efeito é cumulativo: Os funcionários públicos que participaram do estudo fizeram cinco testes diferentes para avaliar a função mental, uma vez entre 1997 e 1999 e novamente entre 2002 e 2004. Os que faziam mais horas extras tiveram pontuações menores em dois dos cinco testes, que avaliavam raciocínio e vocabulário.Os efeitos eram cumulativos, quanto mais longa a semana de trabalho, piores eram os resultados nos testes. Os empregados que trabalhavam em excesso tinham menos horas de sono, relatavam mais sintomas de depressão e consumiam mais bebidas alcoólicas do que os que trabalhavam apenas no horário normal. O professor Mika Kivimäki, que também trabalhou na pesquisa afirmou que os cientistas vão continuar com o estudo."É particularmente importante examinar se os efeitos são duradouros e se o excesso de trabalho pode levar a problemas mais graves como demência". Cary Cooper, especialista em estresse no local de trabalho na Universidade de Lancaster, Grã-Bretanha, afirmou que já se sabe há algum tempo que trabalhar em excesso de forma regular pode prejudicar a saúde em geral, e agora este estudo sugere que também pode haver danos ao funcionamento mental."Isto deve enviar uma mensagem aos empregadores de que insistir que as pessoas trabalhem em excesso na verdade não é bom para os negócios", disse. "Mas a minha preocupação é que em uma recessão as pessoas trabalhem mais. (...) As pessoas irão para o trabalho mesmo se estiverem doentes, pois querem mostrar comprometimento e garantir que não sejam os próximos funcionários demitidos", acrescentou.


Pessoas calmas, mais relaxadas e sem propensão a se estressar, têm menor risco de demência
Pesquisa divulgada na revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia, envolveu 506 idosos que no início do estudo não sofriam de demência. O grupo recebeu questionários para apurar detalhes sobre sua personalidade, estilo de vida e concluiu que pessoas mais calmas e relaxadas têm 50% menor risco de desenvolver demência em comparação às pessoas com tendência a se estressar. Os participantes foram acompanhados por seis anos e, durante esse período, 144 deles desenvolveram demência.
Personalidade: As questões relativas à personalidade identificaram participantes com diferentes graus de estresse, de extroversão no diálogo com outras pessoas, de participação regular em atividades sociais e de lazer .Os participantes que não se estressavam com facilidade eram calmos e satisfeitos, enquanto que os que se estressavam facilmente eram emocionalmente instáveis, negativos e ansiosos. Os extrovertidos receberam uma pontuação mais alta no questionário e eram socialmente ativos e otimistas, em comparação as pessoas com pontuação mais baixa, geralmente reservadas e introspectivas. "No passado, estudos mostraram que estresse crônico pode afetar partes do cérebro, tais como o hipocampo, possivelmente levando à demência, mas outros resultados sugeriram que ter uma personalidade calma e extrovertida combinado com um estilo de vida socialmente ativo pode reduzir ainda mais o risco de se desenvolver demência", disse o médico Hui-Xin Wang, do Instituto Karolinska, em Estocolmo, na Suécia. "A boa notícia é que fatores ligados ao estilo de vida podem ser modificados, ao contrário de fatores genéticos, que não podem ser controlados. Mas estes são resultados preliminares, então, ainda não está claro como exatamente a atitude influencia o risco de demência", disse Wang.


Música pode retardar Alzheimer
Estudo feito nos Estados Unidos indicou que pacientes com Mal de Alzheimer talvez possam retardar o desenvolvimento da condição por meio de música, que serve como potente estimulante no resgate da memória. O pesquisador Petr Janata, da Universidade da Califórnia, monitorou com um exame de ressonância magnética (fMRI) a atividade cerebral de 13 voluntários enquanto ouviam trechos de 30 canções diferentes em fones de ouvido e concluiu que a região do cérebro associada à música também está associada às memórias mais vívidas de uma pessoa - o cérebro parece servir de centro que liga música conhecida, memórias e emoções. Para aumentar as chances de que os participantes associassem ao menos algumas das canções com lembranças do passado, o pesquisador selecionou músicas que foram sucesso no período em que cada voluntário tinha entre oito e 18 anos de idade. Logo após o exame de ressonância magnética, os voluntários completaram um questionário sobre o conteúdo e a vividez das lembranças que cada canção familiar havia despertado: Se a música era conhecida, se era boa e se estava associada a algum acontecimento, incidente ou lembrança.

Os questionários revelaram que, em média, cada participante reconheceu entre 17 e 30 trechos. Desses, cerca de 13 eram moderadamente ou fortemente associados com uma lembrança autobiográfica. Músicas que estavam associadas a lembranças mais importantes foram as que provocaram as respostas mais emotivas. Mais tarde, comparando os questionários com as imagens registradas pelo exame de ressonância magnética, Janata descobriu que o grau de importância da lembrança era proporcional à quantidade de atividade no córtex pré-frontal, confirmando que esta região do cérebro associa música e memória. Segundo Janata, lembranças de canções importantes do ponto de vista autobiográfico parecem ser poupadas em pessoas com o Mal de Alzheimer.
Esse estudo foi publicado na revista científica Cerebral Cortex e ajuda a explicar por que a música pode despertar reações fortes em pessoas com o Mal de Alzheimer. A região ativada durante o experimento, o córtex pré-frontal (logo atrás da testa), é uma das últimas áreas do cérebro a se atrofiar à medida em que a doença progride. "O que parece acontecer é que uma música conhecida serve de trilha sonora para um filme mental que começa a tocar em nossa cabeça", disse o especialista. "Ela traz de volta as lembranças de uma pessoa ou um lugar, e você pode de repente ver o rosto daquela pessoa na sua mente. Agora podemos ver a associação entre essas duas coisas - música e memória". Tendo isso em vista, um dos objetivos do especialista é usar suas pesquisas para desenvolver terapia baseada em música para pessoas que sofrem da condição: "Equipar pacientes com tocadores de MP3 e listas personalizadas de canções pode talvez ser uma estratégia efetiva e econômica para melhorar sua qualidade de vida".


Passatempos podem adiar perda de memória associada à idade avançada
Pesquisadores da Clínica Mayo, do Estado de Minnesota, analisaram 200 pessoas entre 70 e 89 anos com leves problemas de memória e compararam estas pessoas com um grupo que não apresentava os sintomas. Aqueles que, na meia idade, se ocuparam com leitura, jogos ou em hobbies como costura ou tricô, apresentaram 40% menos risco de ter o problema. Anos depois, estas mesmas atividades reduziram o risco entre 30% e 50%. "Este estudo é empolgante, pois demonstra que o envelhecimento não precisa ser um processo passivo", disse o autor do estudo e neurocientista Yonas Geda. "Simplesmente ao fazer um exercício cognitivo você pode se proteger contra perda de memória no futuro".
Televisão: O estudo descobriu também que assistir televisão não conta como atividade para adiar a perda de memória. Na verdade, segundo o estudo, passar períodos longos em frente à televisão pode acelerar a perda de memória. No grupo pesquisado pelos cientistas, os que assistiram televisão por menos de sete horas por dia também mostraram probabilidade 50% menor de desenvolver perda de memória do que aqueles que passavam um tempo maior do que este. Existe uma grande necessidade de encontrar formas de evitar a demência. Exercitar e desafiar seu cérebro, ao aprender novas habilidades, pode ser divertido e auxiliar na redução do risco de demência.

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