Hora de trocar as lentes de grau multifocais. Hum! Outro dia li sobre famosa consultora de modas que esteve numa galeria do centro de São Paulo, perto da Rua 24 de Maio, para encontrar armação de óculos mais barata. Ela está certa. Certíssima. As armações estão caras e as lentes multifocais mais caras ainda. Lentes zeiss (meus pais só usavam lentes zeiss), varilux, hoyalux. Varilux modelos a, b, c, a’, b’, c ’ e os preços continuam altos. Pensei muito numa armação de minha mãe, dos anos cinquenta, em formato elegante e diferente do jeito que eu quero, mas lembrei que ela doou essa armação. Encontro outra, Dior, dourada e arredondada, tipo Jackie O, formiga atômica ou besouro doido (dois apelidos carinhosos dados por mim e pelo garotão, respectivamente), mas, essa, deixarei para o próximo verão, ocasião que receberá lentes degrades escuras. Sim, sim, assumirei meu lado besouro doido. Encontrei outra armação da mesma marca, com os insuportáveis suportes de plástico móveis na altura do nariz – eu não me dou bem com aqueles suportes. Por que trocar minha armação atual? Porque ela tem hastes finas e facilmente sai do lugar, daquele ponto exato, o que para quem usa lentes multifocais é um horror. Porque um único par de óculos para quem não lê uma linha sem óculos é temerário. E porque encheu, virou comum, praga em plena proliferação. Todas as óticas expõem armações retangulares. O mundo virou retangular. Cansei. Não quero nada retangular, redondo, quadrado ou ovalar. As armações redondas não me caem bem e as quadradas, tais quais as retangulares, acentuam a parte profissional-competente do meu rosto, meus maxilares, meu queixo empertigado, meu nariz eufemisticamente grego. Quero a doçura do meu olhar, meu sorriso em troca do duro maxilar. Lembrei tanto de minha mãe: Você é jovem, dizia ela, não gaste com armação cara porque você vai se enjoar, em pouco tempo vai querer trocar. É isso. De repente, num passeio pelo shopping encontrei a armação ideal: Nem redonda, nem oval, muito longe do quadrado e do retangular. Um formato indizível, inexplicável, clássico e elegante. A marca, procuro a marca e vejo os indefectíveis “cezinhos” reconhecidos em todo mundo. Uma armação Chanel com preço tão indizível quanto seu belíssimo formato. Faço a conta em dólar e penso que nem no exterior aquela armação custa tanto. Esqueço minha paixão imediata e continuo a olhar a vitrine até a parte final, os óculos de sol.
Aqui abro parênteses: Sou moça fiel e leal. Desde pequerrucha gosto da mesma marca de tênis, não importa quantas marcas surjam depois, nem a melhor tecnologia oferecida. Fico sempre com os meus e quanto mais velhinhos (e usáveis) melhor. O mesmo com minhas armações de sol, sempre da mesma marca, desde que virei gente e passei a usar óculos de sol. Pois lá estava a armação ideal. Entrei na loja, pedi os óculos de sol da minha juventude e entreguei a receita para o cálculo do preço das lentes. Mas esses óculos são de sol, comentou o vendedor. E? Por favor, tire as lentes escuras. O rapaz tirou, experimentei e eis a novidade da praça. Não é redonda, nem oval, está longe do quadrado e do retangular. Um formato indizível, inexplicável, clássico e elegante. A armação custou menos do que as lentes e eu pechinchei para que no preço das lentes fosse aplicado desconto. Não precisei ir ao centro da cidade. Gosto de pechinchar.
Um comentário:
Também gosto de pechinchar.
Jamais usei óculos, daí fiz 40 e o braço começou a ter que ficar esticado para que eu lesse melhor. Todavia não me acostumei, falta de hábito. Os 40 vão sendo adentrados e já não leio sem óculos. Sigo esquecendo deles...
Atualmente há vários pela casa, pelas bolsas, todos de "farmácia" (já sei o grau certo pelos exames).
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