sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Começa por brincar às escondidas com os nossos pensamentos

Estresse contínuo, alimentação equivocada, sedentarismo e hábitos nocivos (consumo exagerado de bebidas alcoólicas, cigarros, consumo de alimentos impregnados por pesticidas e demais produtos químicos) auxiliam o surgimento do câncer.

Dieta pode evitar 19% dos cânceres

A prática de atividades físicas e uma alimentação saudável são os principais fatores de proteção

Levantamento divulgado pelo Inca faz projeções específicas para o Brasil; estima-se o surgimento de 375.420 casos em 2010

Combinar alimentação saudável, controle de peso e prática de atividade física é capaz de prevenir 19% dos casos de câncer no país, aponta o relatório "Políticas e Ações para a Prevenção do Câncer no Brasil, Alimentação, Nutrição e Atividade Física" divulgado ontem pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer) em parceria com o Fundo Mundial de Pesquisa contra o Câncer.
De acordo com o levantamento, que faz projeções específicas para o Brasil, a união desses fatores poderia evitar 63% dos casos de câncer de boca, faringe e laringe; 60% dos tumores de esôfago; 52% dos casos que atingem o endométrio; 41% dos cânceres de estômago; 34% de pâncreas e 37% dos casos de câncer colorretal. O Inca estima o surgimento de 375.420 casos novos de todos os tipos de câncer em 2010.
"Este é primeiro levantamento que traz dados específicos para o Brasil relacionando incidência dos tumores com fatores de risco. Traz também um conjunto de ações que, juntas, têm um grande potencial de proteção contra o câncer", afirma Cláudio Noronha, coordenador da Divisão de Prevenção e Vigilância do Inca.
"Os resultados não são uma surpresa, pois já se sabia que a obesidade aumenta o risco de desenvolvimento de uma série de tumores, especialmente os de fígado, pâncreas e endométrio. A importância disso é a compilação desses dados e a conscientização das pessoas", avalia o endocrinologista Bruno Geloneze, coordenador do Laboratório de Investigação de Metabolismo e Diabetes da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Segundo dados do relatório, o controle do peso, mesmo sem a prática de atividade física constante, também seria eficaz no controle do câncer, podendo evitar 13% dos casos.
Para a nutricionista Luciene Assaf de Matos, do Hospital A.C.Camargo, no entanto, aliar uma boa alimentação à prática de exercícios físicos é fundamental. "A alimentação não trabalha sozinha. A pessoa pode até ter o peso adequado, mas o estilo de vida sedentário ao longo dos anos não é saudável."
Medidas: De acordo com Noronha, a publicação também chama a atenção para medidas simples de serem aplicadas no dia a dia da população para tentar manter hábitos saudáveis. "Cerca de 10% dos cânceres são determinados por fatores hereditários. Os outros 90% dos casos são decorrentes do padrão de vida que a pessoa leva, incluindo exposição a infecções, agentes tóxicos, padrão de alimentação, entre outras coisas que podem ser evitadas."
Custo para o SUS: De acordo com o Inca, o SUS (Sistema Único de Saúde) registra cerca de 546 mil internações por câncer anualmente - estima-se que são 259 mil internações na saúde suplementar. Cada internação no SUS custa, em média, R$ 1.446,34 para os cofres públicos.
Unindo alimentação saudável, atividade física e peso adequado, o Inca estima que haveria uma economia de R$ 84 milhões, em 2010, nos gastos com tumores de boca, faringe e laringe, esôfago, pulmão, estômago, colorretal e mama.
"O Brasil, de modo geral, ainda gasta muito com o tratamento do câncer por falta de uma política adequada de prevenção. Vivemos em um país cercado pelo mar e, mesmo assim, o consumo de peixe é baixíssimo, pois é muito caro para a maioria da população. E o peixe é infinitamente mais saudável do que a carne vermelha", diz a nutricionista Matos.
Segundo Noronha, os dados servirão de base para a elaboração de políticas de saúde pública e uma das prioridades serão as escolas. "A ideia é fazer a proteção primária, para evitar que a pessoa adoeça. Por isso, por exemplo, vamos recomendar que as escolas proíbam a venda de alimentos industrializados nas cantinas e restrinjam as máquinas de venda de comida e bebida prontas", diz.

Texto de Fernanda Bassette publicado no Jornal Folha de São Paulo.
Imagem de Amr Abdallah Dalsh 

Um comentário:

Gerana Damulakis disse...

Só faço 2 coisas disso tudo: NÃO como carne (porque não suporto) a ponto de não mais lembrar o gosto e NÃO bebo, nem socialmente (considero como droga). No mais, o fato de ser magrinha acaba me levando a não malhar, mas gosto muito de andar.
Mais: acho que já disse que sou hipocondríaca; então, vivo na prevenção, só que sei que há muito de ilusão.