domingo, 14 de fevereiro de 2010

Não é a única resposta

O texto abaixo foi publicado recentemente na mídia e reforça a única resposta em favor da nossa saúde e bem-estar físico e mental: Não.
Experimentar, curtir, se divertir, viajar, aumentar a coragem, sentir-se poderoso, relaxar, sentir-se capaz, achar-se potente, fugir, esquecer – não importa o motivo, a resposta é não
Igualmente, não às drogas prescritas por médicos irresponsáveis: Um dos inibidores de apetite mais indicado, comumente, causa hipertensão, aumenta o índice das enzimas hepáticas e o volume do fígado. Determinados antiinflamatórios prejudicam o sistema renal e por aí vai. Não às drogas "socialmente aceitas", não às drogas irresponsavelmente prescritas e não às drogas ilícitas.
Todos sabem que uma taça de vinho tinto é antioxidante, auxilia o coração e faz parte da dieta mediterrânea, mas seu uso presume moderação - uma taça e uma só. O cigarro comprado na banca de jornal da esquina é causa de câncer (já saímos do campo da possibilidade e ingressamos na certeza).
As drogas são o maior problema a partir da pré-adolescência e também de profissionais atuantes em diversas atividades. É crescente o uso de cocaína, bebidas alcoólicas, maconha e anfetaminas por pessoas nas mais diversas escalas hierárquicas, em inúmeras empresas, que não suportam a pressão, a concorrência, as metas e prazos. Assim, se a idade do primeiro contato com drogas diminuiu dos 14 para os 11 anos, o uso de drogas por pessoas na faixa de trinta, quarenta e cinquenta anos, aumentou demasiadamente. E o pior: Todos têm consciência dos malefícios causados.
O problema se agrava ainda mais quando o vício não é assumido; quando desculpas são utilizadas para justificar, por exemplo, que a maconha seria menos prejudicial que o cigarro; quando a droga se torna requisito essencial para qualquer tipo de convivência.
As drogas iniciaram a deterioração dos relacionamentos profissionais e são causa do aumento do índice de comportamentos emocional e fisicamente abusivos, até mesmo violentos, nas empresas.


Quando uma história envolvendo drogas está acontecendo com um cara famoso da TV, ou com o primo da amiga da vizinha, é fácil, fácil, julgar. E enxergar de longe que o fulano está entrando numa roubada daquelas. Porém, quando esse enredo que mistura aventura e terror começa a ser representado por pessoas que você conhece bem - e de quem realmente gosta - fica mais complicado decidir qual vai ser o seu papel na trama. Nessas horas, por mais que saiba que as drogas - todas elas! - são capazes de arruinar sua vida, é muito comum se deixar levar pela curiosidade, pela curtição do momento, pela vontade de ser aceita por aquelas pessoas, custe o que custar.
Porém, como a gente sabe que um único vacilo pode resultar num acidente fatal, ou numa dependência da qual seria difícil se livrar, consultamos alguns especialistas para ajudá-los com ótimos argumentos contra todas as investidas dos que entraram nessa onda.

"As drogas vão fazer você viajar e esquecer dos seus problemas."
POR QUE DIZER NÃO: Dependendo da droga, você vai ter mesmo uma sensação de relaxamento, euforia, e pode até experimentar algumas alucinações. Durante o tempo em que durar o efeito, vai se sentir poderoso, mais corajoso do que nunca. O fato é que o barato dura segundos. Quando muito, minutos. E, depois, seus problemas voltarão a ter exatamente o mesmo tamanho. "Na verdade, é provável que após experimentar a droga, você se sinta pior. Porque, junto com o prazer, sempre vêm prejuízos físicos e emocionais. Além disso, quem entra nessa, num momento de tristeza e dificuldade, estará muito mais propenso a se viciar do que aquele que topou usar só por curiosidade", explica a psiquiatra Jackeline Giusti, do Ambulatório de Adolescentes e Drogas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (FMUSP). Ou seja: basta experimentar uma única vez, para correr o risco de virar escravo. "Não há nenhuma garantia de que, ao usar qualquer droga, a pessoa não vá se viciar, porque todos os tipos de droga causam dependência. A única maneira segura de se proteger é não experimentar. E isso é uma escolha de cada um", complementa.

"Beber não tem nada de mais. Todo mundo bebe."
POR QUE DIZER NÃO: Por mais que seja permitido e até aceito socialmente, o álcool é uma das mais perigosas drogas. Como atua no sistema nervoso central, a bebida tem um poder enorme de causar dependência e, para sentir os mesmos efeitos, será necessário consumir doses cada vez mais altas. O uso excessivo, por sua vez, leva a alterações psicológicas e mentais. Isso, sem falar na parte física, nos danos para o fígado, coração e outros órgãos. A parte psicomotora também pode ficar seriamente comprometida. "Mas o pior efeito do álcool é mesmo a mudança de comportamento que ele provoca nas pessoas, que podem ficar mais agressivas e impulsivas, tomando atitudes impensadas", explica o psicofarmacologista Elizaldo Carlini, diretor do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

"Se você me ama de verdade, tem que entrar nessa comigo."
POR QUE DIZER NÃO: Alguém que realmente quer o seu bem jamais lhe fará uma proposta como essa. Na verdade, o que essa pessoa deseja é obter aprovação: quanto mais pessoas ela puder convencer a entrar na mesma onda, menos culpada se sentirá. O que é, de qualquer forma, uma atitude egoísta. Se a papagaiada veio de algum amigo, ou mesmo de um namorado, você até pode respeitar a escolha. Mas daí a entrar na roubada, também, há uma grande distância. "O melhor que você pode fazer por um amigo ou namorado que está envolvido com drogas é mostrar que consegue viver muito bem sem elas, que não depende desses estímulos para sair, fazer amigos e se divertir. Tente o raciocínio contrário: se essa pessoa a ama de verdade, vai parar de usar, em vez de convencê-la a entrar nesse buraco também", ensina a psiquiatra.

"Maconha é natural, não faz tão mal quanto o cigarro."
POR QUE DIZER NÃO: "A maconha é tão 'natural' quanto o cigarro, pois ambos são feitos a partir da folha de uma planta. Isso não quer dizer que sejam inofensivos. As substâncias cancerígenas, por exemplo, estão presentes nas duas drogas", alerta Elizaldo. A droga ainda prejudica a memória , diminui a fertilidade do homem e, na mulher, pode levar a alterações no ciclo menstrual. "O uso prolongado e constante da maconha também pode provocar mudanças de atitudes. Para se ter uma ideia, quinze dias depois de fumar um cigarro desse tipo, a pessoa ainda sentirá seus efeitos: uma certa moleza, preguiça e desânimo. Com o tempo, esses sintomas se acentuam, e o usuário tende a se isolar e a perder totalmente o interesse por outras atividades que não envolvam a droga. As consequências vão aparecendo aos poucos; a maconha é silenciosa, porém, pode ser bastante perigosa", alerta Jackeline.

"Experimenta, só hoje!"
POR QUE DIZER NÃO: dependência que, como vimos, existe desde a primeira dose, há a possibilidade de comprometer para sempre a sua saúde. "Uma pessoa que tem problema cardíaco e não sabe, por exemplo, pode ter uma complicação séria se fumar maconha, já que ela acelera o ritmo cardíaco. Com o ecstasy, há riscos de elevação da temperatura corporal e da pressão arterial a níveis muito altos, o que pode levar a acidentes fatais. Isso sem falar na mudança de comportamento que as drogas promovem. Sentindo-se forte, invencível, é fácil se envolver numa briga, num acidente de trânsito ou em outra confusão do tipo. Por tudo isso, os perigos existem desde a primeira experiência", alerta o psicofarmacologista. Como se não bastasse, sob o efeito de drogas você estará mais suscetível a se envolver com alguém que nem conhece, fazer sexo sem camisinha, contrair uma doença . Exagero? Não, se você imaginar que estará meio fora de si, sem condições de refletir sobre o que está fazendo.

"A cocaína dá um barato inesquecível."
POR QUE DIZER NÃO: Feitos a partir da mesma substância, tanto a cocaína quanto o crack são drogas capazes de gerar efeito rápido e bastante intenso. Por isso mesmo, viciam facilmente, e tendo experimentado uma única vez, é difícil conseguir parar de usar. No organismo, provocam um estado de hiperatividade, insônia e falta de apetite. Usuários de crack podem passar vários dias sem comer e, em um mês, perderem até dez quilos. Em pouco tempo, é comum que comecem a abrir mão, também, da higiene, ficando com aquele aspecto de "farrapo humano". Os efeitos das duas drogas sobre a saúde são devastadores: a pressão arterial se eleva durante o uso, e o coração pode bater mais rapidamente. Então, é grande o risco de taquicardia, e até de uma parada. A morte também pode ocorrer devido à diminuição da atividade de centros cerebrais que controlam a respiração. O uso em doses mais altas pode, ainda, produzir alucinações muito desagradáveis, que os usuários chamam de "paranoia" ou "noia".

"A gente usa drogas só de vez em quando, não somos dependentes. Você também pode experimentar e parar quando quiser."
POR QUE DIZER NÃO: O que não faltam são zilhões de pesquisas demonstrando que esse blábláblá é história pra boi dormir! Na real, o papo é bem outro. "Todas as drogas causam dependência e, com o tempo, é preciso aumentar cada vez mais as doses para se conseguir o mesmo efeito. A pessoa não tem consciência disso, ninguém se vicia por querer. Mas, com o uso, acaba acontecendo. Até que, em alguns meses ou anos, ela tenta parar, e começa a sentir aquela vontade incontrolável de usar, que é o que nós chamamos de "síndrome da abstinência". Aí, percebe que, por mais que aquilo lhe faça mal, não consegue viver sem", explica Jackeline. Daí pra frente, as histórias são as mais trágicas: a pessoa começa a abrir mão do convívio com a família, com os amigos, esquece seus compromissos. É um caminho, muitas vezes, sem volta.

"Se você fumar dois ou três cigarros por dia, não pega nada..."
POR QUE DIZER NÃO: Basta fumar apenas um cigarro por dia para aumentar os riscos de sofrer de doenças como pneumonia, câncer (de pulmão, laringe, faringe, esôfago, boca, estômago, etc.), infarto, bronquite, enfisema pulmonar, derrame e úlcera. Por causa da nicotina, também podem surgir náuseas, dores abdominais, dores de cabeça, entre outros sintomas desagradáveis. Além disso, quem começa fumando dois ou três cigarros por dia dificilmente continuará se satisfazendo com essa mesma quantidade por muito tempo. "A nicotina é altamente viciante, uma das drogas mais difíceis de deixar. Para piorar, ela provoca no organismo algo que chamamos de tolerância. Ou seja: será preciso fumar cada vez mais para sentir bem-estar", explica a psiquiatra Jackeline Giusti.

"As drogas ajudam a perder a timidez e a se soltar mais."
POR QUE DIZER NÃO: É pura verdade que alguns tipos de drogas provocam a desinibição. Em alguns casos, extrovertida até demais, mas esse não é o único motivo para não se render ao argumento. "Com o tempo, a pessoa pode acabar desenvolvendo uma dependência perigosa: só conseguirá conviver com os demais quando estiver sob o efeito de alguma droga. Então, na verdade, não está ganhando, está perdendo. Além de não vencer a timidez de um modo efetivo, estará trazendo um problema enorme para a sua vida", alerta Jackeline. Então, que tal encarar essa sua limitação e procurar ajuda especializada? Pode ser uma terapia, um curso de dança, teatro ou música. São maneiras saudáveis de lidar com a timidez - e que realmente funcionam!

"Agito sem ecstasy não tem graça!"
POR QUE DIZER NÃO: "O comprimidinho é capaz de liberar toda a serotonina que o organismo tem nas terminações nervosas, trazendo uma incrível sensação de alegria e bem-estar. Só que o "efeito rebote" é terrível: na sequência, vem o sentimento de tristeza, angústia e sensação de vazio, porque zerou todas as reservas daquela substância no organismo", explica a psiquiatra. Ela conta que atendeu um paciente com sérios problemas psicológicos, causados pela ingestão de meio comprimido, apenas. "Ele desenvolveu síndrome do pânico", diz. O risco de depressão, pela abstinência, também existe. "Como o ecstasy acelera o ritmo cardíaco, aumenta a pressão e a temperatura corporal, há, ainda, o perigo de passar mal, desmaiar, e até de sofrer complicações fatais ao usar essa substância", alerta a especialista.

"Ninguém saberá."
POR QUE DIZER NÃO: É impossível prever o efeito de uma droga no seu organismo, por mais inofensiva que ela pareça. "Com as drogas, não há nenhum tipo de controle de qualidade, e você nunca sabe se as substâncias químicas que está ingerindo são mesmo as prometidas pelo sujeito que as fez chegar até as suas mãos", adverte Jackeline. No caso das drogas permitidas, uma bobeada pode levá-la ao hospital. No caso das ilícitas, além dos riscos para a saúde, há ainda o perigo de ir parar na delegacia. Pode ter certeza de que, ao pegar você num flagra desses, reconquistar a confiança dos demais vai dar um trabalho daqueles! Não vale a pena arriscar, né?

Se você já entrou nessa a dica dos especialistas é: procure ajuda para pular fora, o quanto antes. "Converse com quem você confie, explique o que está acontecendo, e deixe bem claro que quer parar, mas, sozinho, não sabe como fazer isso. Um tratamento psicoterápico ou psiquiátrico pode ajudar a reaprender a viver sem drogas, o que não é fácil sem o apoio de um profissional especializado", indica Jackeline. Durante o tratamento, os médicos podem receitar, ainda, remédios que ajudam a controlar os efeitos da abstinência. Alguns serviços oferecem também um acompanhamento para os familiares.

Vício + boa forma = furada

Você já ouviu falar em drunkorexia? Essa palavra complicada é nada menos que uma disfunção alimentar, que faz a pessoa ingerir bebidas alcoólicas no lugar das refeições, com a finalidade de conseguir um corpo mais magro. O problema é que, quando se troca os alimentos pelo álcool, o organismo não consegue absorver os nutrientes necessários para o bom funcionamento do corpo. Além disso, a drunkorexia pode afetar o coração, o fígado, o pâncreas, o estômago, o esôfago e o intestino.

Orientações da psicanalista Elizandra Souza

Um comentário:

Gerana Damulakis disse...

Certa vez, em conversa, eu disse que jamis sequer vi um cigarro de maconha, muito menos qualquer outra droga. Sabe o que ouvi? "Você é débil mental, então".
Interessante, sou uma pessoa curiosa, muito curiosa, mas não para o que possa me tirar de mim.
Tudo bem, nasci na década de 60, minha juventude pegava pesado, só que eu não me senti atraída. Na porta do Colégio Marista (onde estudei) ofereciam "chocolate", nem pensei em aceitar (débil, mesmo). Já na UFBA (Universidade Federal da Bahia), só havia um colega que chegava chumbado (não lembro qual era a droga), só um. Por sinal, hoje é casado, bem careta, e ficou com sequela: azoespermia, daí adotou uma criança.