segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Contra todo tipo de abandono

Por onde começar?
Há tanto abandono, tanto desamparo.
O insuportável e inaceitável abandono de pessoas, sentimentos, animais, valores e atitudes corretas. Abandonamos nosso próprio planeta e, às vezes, nos abandonamos.
Conjugamos com imensa facilidade – e impunidade – os verbos deixar, desamparar, fugir, desistir, afastar, desleixar e ficamos impermeáveis ao melhor que a vida nos oferece: A liberdade e a generosidade.
Nossa pequenez transformou em mesquinha a nossa mente e a nossa alma; transformou nossa existência vazia, sem lembranças.
Todas as formas de abandono parecem estar vinculadas ao receio que temos de perder nosso conforto (ou o que julgamos ser o nosso conforto), de nos comprometermos, de assumirmos responsabilidades, de nos entregarmos e até mesmo de nos enganarmos. O abandono também parece ser resultado da ambição desmedida, que não aceita amarras e nada respeita.
O amparo e o acolhimento, contrários ao abandono, podem (e deveriam) ser exercidos por todos, não importa a forma e desde que firmados pela responsabilidade e pela dedicação. A responsabilidade e a dedicação vinculam e é do vínculo, principalmente emocional, que fugimos.
Eu quero muito que as campanhas se unifiquem e todas se voltem contra o abandono. Todos devem ser contra o abandono: O abandono de pessoas, principalmente crianças, idosas e enfermas; o abandono de nós mesmos (os vícios, os males, o desrespeito, a infelicidade); o abandono dos melhores sentimentos; o abandono do nosso planeta; o abandono dos valores e das atitudes corretas (da moral, da ética); o abandono dos animais. Todos devem colaborar e tal qual a fome (outra forma de abandono), o abandono deixará de existir.
Ninguém é obrigado a adotar se não tiver condições – é melhor não adotar sem condições emocionais, físicas e materiais, mas sempre há alguma atitude que podemos assumir para extinguir de vez o abandono.
Pode parecer batida esta imagem, mas imagine o fim da sua vida e olhe para trás. O que você vê? O que você leva?


Na caminhada pela Paulista entrei no casarão nº 1919, uma feirinha de miscelânea, com bugigangas, raridades e surpresas. No final da feirinha as gaiolas de cães abandonados recolhidos pelo Instituto de Zoonose da capital. O olhar, é o olhar do ser abandonado que mata a gente por dentro.
O responsável pelos cães não sabia explicar as causas do abandono. Foi o que tentei fazer aqui.

Um comentário:

Gerana Damulakis disse...

Vou colocando um pouquinho de mim nos comentários.
Meu pai era louco por cães. Na nossa casa moravam: Carbono (um dog alemão preto imenso e imensamente carinhoso; quando morreu, eu e meu pai choramos horrores), Toy (um dálmata chato como ele só) e Gray(porque era cinza, um weimaraner de olhos verdes - era meu - meu pai foi buscá-lo em Dias D'Avila e o escolheu pela carinha, colocou uma fita vermelha nele, botou dentro de um cesto e me deu; ele avisava quando meu pai chegava).É isso: amamos os cães.