Se desconsiderarmos os exageros e os aspectos burlescos tão bem representados pela família da noiva, principalmente, pela tia Voula, que sofrera a “bobopsia” de um tumor e encontrara sua “irmã gêmea”, os gregos são alegres, afetuosos, orgulhosos de sua história, reconhecem os radicais de todas as palavras e preparam alimentos deliciosos. Mais uma da alegre tia, tão bem representada por Andrea Martin no filme My big fat Greek wedding (Casamento grego), 2002, de Joel Zwick: Os gregos consideram a carne de carneiro branca e saudável, por isso, tia Voula prepararia carneiro para o noivo vegetariano.
Eu gosto da carne de carneiro, corrijo, de cordeiro e prefiro os menores pela ausência de cheiro forte, pelo sabor e maciez após o preparo.
Minha casa é equidistante a três lojas de uma rede de supermercados e, infelizmente, reconheço a diferença da qualidade dos produtos e do atendimento oferecidos pelas três unidades. Não deveria ser assim, afinal, os preços cobrados não apresentam desigualdade alguma.
No natal eu queria preparar cordeiro, no réveillon também, mas os responsáveis pelos setores de carnes culparam o fornecedor pela ausência do produto. Entrou janeiro, fevereiro e em uma das lojas o fornecedor continuou a levar a culpa, enquanto, na outra, sábado passado, marquei hora para buscar as peças de cordeiro antes de serem expostas na vitrine: Pernil, palheta, carré e tulipas. “A senhora é dona de restaurante?” perguntou o gentil atendente (Não, apenas esperei três meses para comprar produto antes encontrado semanalmente - pensei, não falei). Sorri e agradeci.
E o celular? Há quinze dias estou sem celular (com preguiça de instalar o novo chip no aparelho) e confesso sentir-me muito bem sem mais essa amarra. Há quase vinte anos aderi à telefonia móvel e sempre a considerei exceção, acessório em caso de urgência ou na inexistência de telefone fixo. Ora, se você se mobiliza com o celular, então, se mobilize para encontrar as pessoas e manter contatos diretos, desenvolver empatia, conviver melhor. O celular escraviza seu usuário, afasta a convivência e é motivo de exagero praticado pelos que vivem dependurados em seus aparelhos – ainda mais agora, com os super celulares que recebem e mandam emails.
Qual a relação entre “o escafandro e a borboleta”, o celular e o cordeiro? Além do cordeiro lembrei que o amaciante de roupas, o leite em pó, limões, ervas para tempero, vinagre e o azeite estavam no fim e descobri que o carrinho de compras pequeno não mantém qualquer relação com o peso das coisas compradas. Eu não quis esperar duas horas para que as compras fossem entregues em casa; eu quis telefonar para que meu filho viesse me ajudar, mas o número do celular dele está armazenado no meu celular, precisamente na tecla de discagem rápida. Foi a única vez, em quinze dias, que senti falta desse aparelho. Boa menina que sou, carreguei tudo sozinha e preparei o almoço, tal qual a independente dona galinha, e seu delicioso bolo, da história infantil.
Imagem obra de George Seurat
Um comentário:
Minha avó preparava muito carne de carneiro.
Comi bastante. Hoje, não como carne, mas lembro da carne de carneiro dela.
Aqui na Bahia tem em tudo que é canto, é muito comum. Por ser comum, os restaurantes a quilo, na pretensão de imitar a comida caseira, fazem carne de carneiro todos os dias.
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