Sem dúvida alguma capricharam na ressonância magnética. Cinquenta minutos com ligeiros intervalos naquela máquina bate estacas. O barulho é tamanho que me fez cair no sono. Desta vez, sem contraste. Ao menos isso, sem química, sem incomodarem minhas veias. De lá, para outro prédio, o centro de cardiologia, para receber o mapa, o equipamento que medirá a pressão arterial por vinte e quatro horas. Não sei o que é mais chato: o aparelho a apertar meu braço ou a tosse que persiste. Das sete da manhã ao meio dia. Saí do hospital cansada e fui à lanchonete próxima, matar a sede e relembrar o gosto do mais tradicional sanduíche da cidade. Desde 1922, o bauru feito com rosbife, pepino em conserva, tomate e a mistura de vários queijos derretidos em banho-maria. É da mistura de queijos que gosto. Mais um quarteirão e a antiga sorveteria, a única que conheço que faz sorvete de miski. O sabor e o aroma da resina de árvore estavam naquela bola disforme de massa gelada e branca. Mais um quarteirão, curtir de passagem o pôster de Edgar Allan Poe na entrada da Casa das Rosas e rapidamente pegar a programação do centro cultural do Itaú. A exposição de Leminski não estava mais lá. Da saída do hospital até o escritório levei quarenta minutos. Em quarenta minutos resgatei sabores, odores e segui pelo subsolo da avenida Paulista no metrô. Mais seis horas diretas no escritório. Faço tudo para esquecer o cansaço. O cansaço, o calor, a tosse e o aparelho que aperta meu braço. Voltei para casa e durante o percurso marquei o horário para anotar no relatório do mapeamento da pressão. Cansada. Cansada, mas leve, suave e feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário