Eu vim aqui prestar contas de poucos acertos, de erros sem fim. Eu tropecei tanto as tontas, que acabei chegando no fundo de mim. O filme da vida não quer despedida e me indica: ache a saída, e pede socorro onde a lua que encanta o alto do morro, que gane que nem cachorro correndo atrás do momento que foi vivido.Venha de onde vier, ninguém lembra porque quer. Eu beijo na boca de hoje as lágrimas de outra mulher. Cinquenta anos são bodas de sangue, casei com a inconstância e o prazer. Perdôo a todos, não peço desculpas, foi isso que eu quis viver. Acolho o futuro de braços abertos citando Cartola: Eu fiz o que pude. Aos cinquenta anos insisto na juventude
Paulinho da Viola
Dois CDs de Paulinho da Viola, vinte e oito músicas deliciosas na voz incomparável desse mestre, cantor e compositor. Esta é a minha trilha sonora agora, enquanto costuro a minha colcha de retalhos mágicos.
Sambo feito gringa maluca. Não faz mal. Falo com levíssimo sotaque, tenho rosto de estrangeira, sou branquela, o que, naturalmente, compõem toda a fantasia. Só o cão não entende muito bem o que acontece, mas quem resiste ao som de Paulinho da Viola?
Sentimentos em meu peito eu tenho demais, a alegria que eu tinha nunca mais. Depois daquele dia em que eu fui sabedor, que a mulher que eu mais amava nunca me teve amor. Hoje ela pensa que estou apaixonado, mas é mentira está dando um golpe errado. Agora estou resolvido a não amar a mais ninguém, porque sem ser amado não convém.
Paulinho da Viola
Ah, Gerana, como fico feliz com seus preciosos comentários. Sim, eu também senti falta, muita falta, principalmente, deste diálogo especial composto por palavras tão plenas. Não há letra ou acento gramatical que deixe de conter inúmeras experiências, sentimentos, origens, crenças, boa energia, bondade e força. São essas coisas raras que acontecem e a gente abraça sem pensar, sequer imaginar como nessa ‘multidão internética’ conseguimos criar laços tão felizes.
Por favor, fale sempre, fale mais. Não se engane, Gerana, parece que o depressivo é refratário ao que é dito, mas é nas amorosas palavras que ele se apega nos piores momentos. As verdadeiras palavras amorosas são as cordas que o ajudam a sair do abismo. E há outro segredo, um dos procedimentos da melhora: Reconhecer os hábitos depressivos e deles se afastar.
Obrigada, querida Regina. Confesso que fiquei cheia de dedos, bem temerosa e olhava para as imagens da obra de Athos Bulcão e pensava que eu não tenho o direito de alterar o feito do mestre com um pingo sequer, quanto mais com uma poesia inteira. E Neruda, por sua vez Neruda merece ter seus versos carinhosamente acomodados sobre o que é belo. Daí a ousada poesia sobre poesia. Assim também fiz com os versos de Antonio Cicero e Paulo Henriques Britto. Estamos famélicos de boa arte e eu não entendo como a obra de Athos Bulcão não receba a atenção e a preservação merecida, assim como não entendo como nos esquecemos da poesia em nosso dia-a-dia. Cansei de ouvir pessoas dizerem que não gostam de poesia: pois quem não gosta de poesia “é ruim da cabeça e doente do pé”, não, do coração. Às vezes sou feita de ousadias.
Canto pra dizer que no meu coração já não mais se agitam as ondas de uma paixão. Ele não é mais abrigo de amores perdidos, é um lago mais tranqüilo onde a dor não tem razão. Nele a semente de um novo amor nasceu, livre de todo rancor, em flor se abriu. Venho reabrir as janelas da vida e cantar como jamais cantei esta felicidade ainda. Quem esperou, como eu, por um novo carinho e viveu tão sozinho, tem que agradecer quando consegue do peito tirar um espinho. É que a velha esperança já não pode morrer.
Paulinho da Viola
Com a diferença dos calendários litúrgicos Juliano e Gregoriano, neste ano, a Páscoa dos Católicos Ortodoxos e Romanos foi na mesma data, o que me deixou feliz, leve e serena, por ser capaz de manter a quietude da Sexta-Feira Santa acompanhada pela tranquilidade da cidade. Eu lembro que em casa, ainda criança, Sexta-Feira Santa era dia de carinhosa contemplação: não havia música, nem a TV era apreciada e à noite íamos à missa mais bela do ano, composta por cânticos de melodia ímpar, bênçãos, água benta com perfume de flores aspergida sobre todos e a procissão do epitáfio florido. Na manhã do dia anterior eu acompanhava minha mãe, que era responsável pela liga beneficente das senhoras gregas, até a Catedral, para enfeitarmos com flores o sagrado epitáfio. Essas lembranças me alimentam e me fortalecem nos piores momentos. Por isso, faço questão da missa da Sexta Feira Santa e do Sábado de Aleluia, a primeira às oito horas da noite e a segunda às 23h 30min., para reforçar a fé e transmitir minha melhor herança ao meu filho. Meu herdeiro não terá bens para inventariar, o meu testamento é cumprido em vida e ao meu único beneficiário dedico o ensinamento que posso e o amor que aprendi.
Obrigada, querida Regina. Confesso que fiquei cheia de dedos, bem temerosa e olhava para as imagens da obra de Athos Bulcão e pensava que eu não tenho o direito de alterar o feito do mestre com um pingo sequer, quanto mais com uma poesia inteira. E Neruda, por sua vez Neruda merece ter seus versos carinhosamente acomodados sobre o que é belo. Daí a ousada poesia sobre poesia. Assim também fiz com os versos de Antonio Cicero e Paulo Henriques Britto. Estamos famélicos de boa arte e eu não entendo como a obra de Athos Bulcão não receba a atenção e a preservação merecida, assim como não entendo como nos esquecemos da poesia em nosso dia-a-dia. Cansei de ouvir pessoas dizerem que não gostam de poesia: pois quem não gosta de poesia “é ruim da cabeça e doente do pé”, não, do coração. Às vezes sou feita de ousadias.
Canto pra dizer que no meu coração já não mais se agitam as ondas de uma paixão. Ele não é mais abrigo de amores perdidos, é um lago mais tranqüilo onde a dor não tem razão. Nele a semente de um novo amor nasceu, livre de todo rancor, em flor se abriu. Venho reabrir as janelas da vida e cantar como jamais cantei esta felicidade ainda. Quem esperou, como eu, por um novo carinho e viveu tão sozinho, tem que agradecer quando consegue do peito tirar um espinho. É que a velha esperança já não pode morrer.
Paulinho da Viola
Com a diferença dos calendários litúrgicos Juliano e Gregoriano, neste ano, a Páscoa dos Católicos Ortodoxos e Romanos foi na mesma data, o que me deixou feliz, leve e serena, por ser capaz de manter a quietude da Sexta-Feira Santa acompanhada pela tranquilidade da cidade. Eu lembro que em casa, ainda criança, Sexta-Feira Santa era dia de carinhosa contemplação: não havia música, nem a TV era apreciada e à noite íamos à missa mais bela do ano, composta por cânticos de melodia ímpar, bênçãos, água benta com perfume de flores aspergida sobre todos e a procissão do epitáfio florido. Na manhã do dia anterior eu acompanhava minha mãe, que era responsável pela liga beneficente das senhoras gregas, até a Catedral, para enfeitarmos com flores o sagrado epitáfio. Essas lembranças me alimentam e me fortalecem nos piores momentos. Por isso, faço questão da missa da Sexta Feira Santa e do Sábado de Aleluia, a primeira às oito horas da noite e a segunda às 23h 30min., para reforçar a fé e transmitir minha melhor herança ao meu filho. Meu herdeiro não terá bens para inventariar, o meu testamento é cumprido em vida e ao meu único beneficiário dedico o ensinamento que posso e o amor que aprendi.
Por ter trabalhado até tarde na véspera, passei o réveillon sozinha e muito bem, enquanto o garotão e o cão foram com a família da namorada para a praia. Nesta Páscoa a praia fez novo apelo, enquanto eu observava o que seria decidido pelo moço bonito, a pressão por ele recebida, as condições que lhe foram impostas, sua capacidade de negociação diplomática e, principalmente, a importância que ele dedica aos ritos religiosos da semana santa. Eu não tenho um adolescente pseudo-independente que poderia ser freado com o meu olhar mais duro, mas um homem de quase trinta, bem mais resistente aos meus olhares. Foi assim, minha Páscoa: A namorada do meu filho ficou em casa, ele foi responsável pelo almoço de sexta-feira, ela pelo almoço de sábado e hoje, os dois foram almoçar com os pais dela que voltaram da praia e eu curto a liberdade e a paz deste espaço. Agora, concertos de oboé de Bach tocados por Heinz Holliger.
Neste ano, Gerana, a cozinha pascal ficou por conta das “crianças”. Mas na cruzada organizacional, eu sei que surgirá o precioso livro de receitas de minha mãe, e eu copiarei as minhas preferiras para que você possa curti-las.
Um comentário:
Êta postagem bonita, intercalada com letras poéticas.
E a Páscoa acabou. Não fiz o que pretendia (3 prefácios), enrolei muito o dia todo. Comida? tudo pedido por telefone. Parece que as festas ficaram concentradas na infância, na adolescência, sei lá.
Vc sabe q adoro rezar, mas não batizei minha filha, deixei para ela escolher (não escolheu, tem 21 anos e não escolheu - isto não é uma lamentação, ela é uma doçura de pessoa, é apenas uma constatação)
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