sábado, 3 de abril de 2010

Cleaning up the messy - part II

De dentro para fora

Talvez você já tenha se sentido triste, sem ânimo, sem força, sem cor, vazio e árido por dentro, sem vontade para nada, sem capacidade para apreciar uma linda manhã ensolarada. Aliás, um belo dia de sol se transforma num acinte, que contraria o nublado sem vida interno.
Música? A essencial música companheira de todas as horas fica de lado, é totalmente esquecida. Livros? Revistas? Jornais? Letras mágicas adoradas que juntas se transformam em sentenças, parágrafos tão apreciados e fundamentais deixam de existir. Você praticamente deixa de existir. Seu rosto perde a beleza, sua pele perde a maciez, seu cabelo se transforma e seu olhar... seu olhar reproduz exatamente o que você sente. Não há o mínimo resquício do viço, do sopro diferenciado que cada um traz dentro de si. Dormir é tão difícil, acordar é tão difícil, viver é tão difícil. Um dia, uma semana, alguns meses, anos. A frequência contínua define o nome disso que a gente sente: Eu não acordei um dia assim; durante anos eu vivi assim. A forma por mim encontrada para tentar abrir a concha, conseguir me comunicar e não afastar tanto o mundo, foi a superação física das caminhadas sem fim por locais, às vezes, desconhecidos. Caminhar para me sentir capaz, para cansar bem o corpo e anestesiar a mente.
Depressão esse é o nome. É doença, não é charme e muito menos frescura. Dói, limita e incapacita. A depressão machuca a alma da gente, a ponto da gente não ver mais graça na maior graça que recebemos de graça; e ao tentar fazer graça eu falo da vida. Essa doença danada que desequilibra a nossa química, ainda nos induz a fazer as piores escolhas: O alimento cheio de gordura e sem valor nutricional, o doce mais doce que puder existir, o desamor mais cruel que se puder encontrar. Eu não diria que o depressivo poderia ser interditado pela possível incapacidade de administrar sua própria vida, mas eu afirmo que todo o depressivo deveria ter alguém que, realmente, o ame por perto, para lembrar-lhe como ele é, lembrar-lhe sua essência e natureza, além de afastar os que não deveriam ser. A desordem interna reflete na desordem do meio, assim como a desordem do meio agride o nosso interno. Não é à toa que tantos espaços estão tão bagunçados. De dentro para fora e de fora para dentro. Todos temos os nossos limites por que não somos feitos de aço, nem de pedra. Limpar a desordem e organizar. A grande diferença: Organizar com carinho e alegria. Graças a Deus o reconhecimento da depressão e o esforço para a cura.

2 comentários:

Gerana Damulakis disse...

Nem sei se adianta o ter alguém que ame por perto. Certa feita, minha mãe ficou muito depressiva e eu me senti sem valor: gastei muita saliva, dediquei-me e de nada adiantou.Gravei isso na memória e estou segura de que, nestes momentos, nada adianta.
O tempo, o tempo, só o tempo.

Gerana Damulakis disse...

Nem sei se adianta o ter alguém que ame por perto. Certa feita, minha mãe ficou muito depressiva e eu me senti sem valor: gastei muita saliva, dediquei-me e de nada adiantou.Gravei isso na memória e estou segura de que, nestes momentos, nada adianta.
O tempo, o tempo, só o tempo.