terça-feira, 21 de abril de 2009

Uma menina com 49 céus

Brasília, menina ainda, com 49 céus, toda a beleza de suas cores altas e inesquecíveis. A vida começa agora, Brasília, o melhor certamente virá.
Garota espalhada, plana, central, ao seu céu ninguém resistirá.
A capital do país construída no meio do nada e que teria sido imaginada em 1833, pelo padre salesiano João Bosco: no Brasil, entre os paralelos 15º e 20º surgirá uma grande civilização, a terra prometida, onde correrá leite e mel. Céus! Quem explica isso? Marques de Pombal, em 1761, e o sertão do Brasil a meio caminho da África e das Índias. No centro do Brasil e da América do Sul, nada po
r acaso, surgiu Brasília. Juscelino Kubitschek, o urbanista Lúcio Costa e seu projeto inovador, simples e funcional, as linhas de Oscar Niemeyer.
A Companhia Urbanizadora da Capital – Novacap, tesourinhas, quadras, asas, sul e norte, ordem numérica e pontos equidistantes. Sem bairro, sem nome de rua, os endereços formados por sequências esquisitas de letras e números. Esquina? Também não tem. Calçada não é em todo lugar que se acha. Cada conjunto de oito superquadras forma uma unidade de vizinhança com espaços reservados para quadras esportivas, templos e postos policiais. E verde, muito verde.
O dia do aniversário de Brasília também parece ter sido escolhido a dedo: Descobrimento do Brasil e Dia de Tiradentes. Hoje, a quantidade de moradores de Bra
sília supera muito seu projeto inicial e as cidades de seu entorno, as satélites, perderam seus limites e se uniram em um único cinturão. Não havia trânsito, radares, nem semáforos. Era uma delícia dirigir em Brasília. As faixas de pedestres eram respeitadas, tal qual na Suíça. Agora, o caos. Condomínios residenciais ilegais, semi legais e nem tão legais descaracterizaram as saídas estratégicas, poluíram as águas minerais e o lugar de milhares de candangos, da terra vermelha que suja a pele, os sapatos e a roupa da gente, enfrenta problemas de difícil solução. Poderia escrever sobre a juventude de Brasília, sobre os sonhadores de Brasília, sobre os que amam e os que odeiam essa cidade. Poderia falar dos que a maltratam e a tornam mal falada, desqualificada, pobre menina. Enquanto me lembro descubro que nos seus melhores anos estive aí. Na transição da cidade fantasma dos finais de semana e feriados à cidade que se aprimorava e ofertava o seu melhor. O presente (eu jamais acreditei que pensaria assim, fiz as pazes com Brasília) foi meu.
A cidade acalmou logo depois das dez
Nas janelas a fria luz da televisão divertindo as famílias
Saio pela noite andando nas ruas
Lá vou eu pelo ar asas de avião
Me esquecendo da solidão da cidade grande
Do mundo dos homens num vôo maluco
Que eu vou inventando e vôo até ver nascer
O mato, o sol da manhã, as folhas, os rios, o azul
Beleza bonita de ver nada existe como o azul
Sem manchas do céu do Planalto Central
E o horizonte imenso aberto sugerindo mil direções
E eu nem quero saber se foi bebedeira louca ou lucidez.
Se o Senhor me foi louvado
Eu vou voltar pro meu serrado
Por ali ficou quem temperou
O meu amor e semeou em mim
Essa incrível saudade
Se é por vontade de Deus
Valei, valei
Se pedir a Deus pelo meu prazer
Não for pecado, vou rezar
Pra quando eu voltar a rever
Todas as brincadeiras do passado
Cortejar meu serrado
Em dia, feriado
Viva o cordão azul e encarnado
Eu sei, serei feliz de novo
Meu povo, deixa eu chorar com você
Serei feliz de novo
Luz das estrelas

Laço do infinito
Gosto tanto dela assim
Rosa amarela
Voz de todo grito
Gosto tanto dela assim
Esse imenso, desmedido amor
Vai além de seja o que for
Vai além de onde eu vou
Do que sou, minha dor
Minha linha do Equador
Esse imenso, desmedido amor
Vai além que seja o que for
Passa mais além do
Céu de Brasília
Traço do arquiteto
Gosto tanto dela assim
Gosto de filha música de preto
Gosto tanto dela assim
Essa desmesura de paixão
É loucura de coração
Minha foz do Iguaçu
Pólo sul, meu azul
Luz do sentimento nu
Esse imenso, desmedido amor
Vai além que seja o que for
Vai além de onde eu vou
Do que sou, minha dor
Minha linha do equador
Mas é doce morrer nesse mar de lembrar
E nunca esquecer
Se eu tivesse mais alma pra dar
Eu daria, isso pra mim é viver.

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