domingo, 13 de setembro de 2009

Refinamento

Abaixo o texto publicado no blog de Roberta Sudbrack, talentosa chef, famosa por ter sido 'importada' para Brasília pelo então casal presidencial, Fernando Henrique e Ruth Cardoso, e responsável por resgatar, com extrema competência, a cozinha e os ingredientes nacionais nos inúmeros banquetes e nas refeições diárias servidas no Palácio do Alvorada - quem não se lembra do bom humor presidencial logo após apreciar o famoso picadinho preparado por Roberta? Escrevo sobre a 'importação' dessa talentosa chef para Brasília, porque, à época, eu estava no Distrito Federal e um dos prazeres de minha mãe (e meu também, pelo encantamento que eu sentia pelos ternos, sábios e inteligentes comentários de minha mãe) era a leitura das receitas de Roberta publicadas nas notícias sobre a vida palaciana, seguida pelos comentários maternos sobre a correção dos ingredientes escolhidos pela chef, a competência de suas criações e a qualidade das refeições Sudbrack. Se minha mãe elogiava alguém, principalmente os talentos culinários, era para ser muito considerado.
O primeiro livro de receitas, ou melhor, o primeiro livro sobre gastronomia que comprei foi Uma chef, um palácio da editora DBA, em 2001, obra adorável e elegante pela qualidade, pelas receitas esplêndidas, pelas belas imagens de Sérgio Pagano e pela história de Roberta e as fotos de sua família: Ela já cozinhou para reis, rainhas e outros chefes de Estado e de governo, entre eles Fidel Castro, que levou na bagagem a receita de Brie gratinado com alho poró e vinagrete de fambroesa que provou no Alvorada. O rei Juan Carlos da Espanha também se derreteu em elogios, escritos de próprio punho, no verso do menu do banquete preparado por essa jovem chef gaúcha, nascida em Porto Alegre, autoditada orgulhosíssima, que costuma contar, com os olhos brilhando, que aprendeu a cozinhar devorando livros.
Quanto ao sal - com a impaciência de portadora da 'genérica' síndrome de Hashimoto, que progrediu para pane geral, câncer e acabou por levar minha tireóide ao brejo - parem com esse absurdo em favor do sal refinado; parem de reger de forma tão equivocada a quantidade de iodo no sal comum, uma das causas do aumento de doenças da tireóide, e sequer pensem em proibir a venda da flor de sal.
A flor do sal vem da primeira e mais fina camada formada na superfície da maré salgada, durante a evaporação contínua. A extração artesanal da flor de sal é restrita a área reduzida e limitada a alguns meses do ano. Esse sal não sofre nenhuma transformação, além da secagem natural ao sol e contém 84 oligoelementos e micronutrientes encontrados no mar. O iodo orgânico contido no sal marinho não refinado oferece proteção ao nosso organismo.

O texto do blog de Roberta Sudbrack:
A flor de sal é um produto maravilhoso, uma pérola da natureza. Todo mundo sabe que eu sou fascinada pelas pérolas da natureza, por isso, há alguns anos atrás quando não se encontrava a flor de sal por aqui, eu trazia um estoque anual toda vez que viajava. Esse ano estive na França e pensei: “Não, não vou levar. Não precisa, agora somos um país desenvolvido, já temos acesso a esse tipo de ingrediente.” E não trouxe. Se alguém quiser saber qual é o meu nível de arrependimento basta me seguir no twitter: www.twitter.com.br/RobertaSudbrack. Estou fazendo até campanha: Salvem a flor de sal! Daqui a pouco vou ficar conhecida como a Chef das campanhas… Salvem o Mangarito! Salvem os quiabos! Salvem os maxixes! Enfim, a verdade é que o nível de arrependimento é enorme porque acabei de saber pelo meu fornecedor que não poderei mais comprar a flor de sal no Brasil! O porquê desse retrocesso? Uma lei de 1974 que determina que todo o sal consumido no Brasil receba uma quantidade a mais de iodo. Ora, adicionar iodo à flor de sal, um produto absolutamente natural e por isso mesmo sensacional, é que os franceses não vão! E nem devem! Vivamos nós sem a flor de sal e na onda do retrocesso… Ou, gritemos todos: Salvem a Flor de Sal!
Até

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