quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Pipas no céu entre pássaros de penas asas de papel

Andar. Andar sempre. Andar para exercitar o corpo e aliviar a mente. Andar para equilibrar a energia, exorcizar demônios, botar todo fel recebido para fora pelos poros. Andar para esvaziar a mente, colocar ideias em ordem, esclarecer sentimentos. Andar para chegar.
Às vezes me sinto tão cansada, fraca, sem fôlego, nem vontade, tudo parece pesado, mas forço as pernas, presto atenção no passo, nos buracos da calçada e, de repente, as pernas adquirem vida própria e a mente parte para outros lugares como se mente e pernas fossem de duas pessoas e o cansaço, a fraqueza, a falta de vontade somem, desaparecem como se jamais tivessem existido. O ânimo surge renovado. Depois da caminhada refaço a vida.
Ontem foi o dia mundial sem carro. São iniciativas válidas, ainda mais se existirem alternativas também válidas. Ouvi vários comentários. Para levar as filhas pequenas à escola uma amiga deveria pegar dois ônibus - dois ônibus lotados com as pequerruchas tão encantadoras quanto animadas. O comentário de um conhecido, que leva quinze minutos para ir de casa ao trabalho de carro foi mais enfático: Ônibus, metrô, algumas quadras a pé e assim continuaram as conversas durante o dia.

Na cidade de São Paulo a malha metroviária possui 61,3km. Paris, que é do tamanho de um bairro paulistano, tem 213 km de metrô. O metrô de Londres tem 400km, o de Madrid 284km, Tóquio 305 km e o metrô de Moscou tem 293km. O
metrô parece a melhor solução. Não adiantam campanhas ou ações governamentais para proibir a circulação de carros, se não existem soluções alternativas eficazes, muito menos segurança para caminhar.
Quarta feira da semana passada, na hora do almoço, um rapaz alto com um revolver automático na mão gritava com um senhor de idade avançada e exigia a entrega da carteira, do relógio, numa esquina da movimentada alameda Santos, poucos metros distante do postinho da polícia militar.

Andar sempre. Sem medo.
Poema de Alice Ruiz
Imagem de Doisneau

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