Acordar de madrugada com o barulho da forte chuva e observar o cão atento a olhar para a janela e nos proteger. O cão se esparrama sobre seu edredom, dorme rápido, sono gostoso profundo, relaxa, ronca e de imediato reage ao menor barulho ou ao barulho que virá - sentem o cheiro, será? Ou são intuitivos? Sim, sem dúvida os cães tem olfato e audição apurados, mas reagirem no momento exato que o humano decide alguma coisa, é demais. E isso foi comprovado por estudo feito na Inglaterra: Os cães não se posicionam a espera de seus donos quando esses se aproximam de casa, mas quando seus donos decidem que é hora de ir para casa, não importa onde estejam. É espantoso.
O nosso cão poderia ser insone pois ele jamais abandona seu estado de vigília, seu papel de protetor da “matilha” que ele mesmo escolheu, assumiu e apesar da rapidez de sua reação, ele dorme bem, muito bem. Com meus estados de vigília, os que eu assumi enquanto meus pais estavam doentes, meu filho era bebê e depois que ele passou a sair às noites, eu desenvolvi persistente insônia, não relaxava, estava sempre alerta ao menor barulho, pronta para atender a menor necessidade. Cumpri com esmero esse meu papel e somente agora aprendo a relaxar e a dormir bem. Fui da forte chuva à insônia, volto à chuva. Nesta terça à manhã virou noite e à noite virou manhã. O céu estava tão escuro, chovia forte, com pequenos intervalos e, de repente, a chuva recomeçava com intensidade, pingos grossos, sem possibilidade de nos proteger. As pessoas eram pegas pela chuva a atravessar a avenida e não conseguiam passar para a outra calçada por conta da corrente de água que de imediato se formava. Meu filho e eu fomos pegos de surpresa, ao sairmos da farmácia e subirmos meio quarteirão da avenida, pela água que em segundos se formou e subiu até os nossos tornozelos. Água abundante que descia a avenida e ganhou mais volume graças a caçamba cheia de entulhos parada em local impróprio, que juntava mais água da rua transversal. Fazermos o que? Nos protegermos em qual lugar? A única opção era seguirmos em frente chegarmos em casa, tirarmos as calças, meias e sapatos encharcados, colocá-los para lavar, tomarmos banho e passarmos álcool nos pés. Sem qualquer ilusão quanto a sujeira que aquela água levou e lavou. Foi divertido? Sim, foi. Pequena aventura urbana. Caminhávamos rápido o garotão com meu guarda-chuva todo florido e eu com meu impermeável da Hettemarks, que meu pai trouxe de Copenhague, só a ponta do meu nariz pra fora - mon manteau c’est vintage et mois aussi. Voltávamos da drogaria, da compra do antiinflamatório e do remédio necessário para a cura do mal do século. Voltávamos do almoço começado às três e quarenta da tarde em um de nossos restaurantes preferidos, depois de boa parte do dia no pronto-socorro. Do filho que acompanhou a mãe ao pronto-socorro e colocou ordem na bagunça e exigiu da enfermeira atendimento imediato por conta da pressão alta e do choro quieto e incontrolável que tive encostada em seu ombro enquanto esperávamos pelo médico. Foi dia de mal-estar e pronto-socorro, mas nada impede que mesmo o dia que começa noite e acaba dia, com as cores do céu ameno descarregado de toda a água acumulada, seja amoroso e divertido, na medida do possível e do impossível.
O nosso cão poderia ser insone pois ele jamais abandona seu estado de vigília, seu papel de protetor da “matilha” que ele mesmo escolheu, assumiu e apesar da rapidez de sua reação, ele dorme bem, muito bem. Com meus estados de vigília, os que eu assumi enquanto meus pais estavam doentes, meu filho era bebê e depois que ele passou a sair às noites, eu desenvolvi persistente insônia, não relaxava, estava sempre alerta ao menor barulho, pronta para atender a menor necessidade. Cumpri com esmero esse meu papel e somente agora aprendo a relaxar e a dormir bem. Fui da forte chuva à insônia, volto à chuva. Nesta terça à manhã virou noite e à noite virou manhã. O céu estava tão escuro, chovia forte, com pequenos intervalos e, de repente, a chuva recomeçava com intensidade, pingos grossos, sem possibilidade de nos proteger. As pessoas eram pegas pela chuva a atravessar a avenida e não conseguiam passar para a outra calçada por conta da corrente de água que de imediato se formava. Meu filho e eu fomos pegos de surpresa, ao sairmos da farmácia e subirmos meio quarteirão da avenida, pela água que em segundos se formou e subiu até os nossos tornozelos. Água abundante que descia a avenida e ganhou mais volume graças a caçamba cheia de entulhos parada em local impróprio, que juntava mais água da rua transversal. Fazermos o que? Nos protegermos em qual lugar? A única opção era seguirmos em frente chegarmos em casa, tirarmos as calças, meias e sapatos encharcados, colocá-los para lavar, tomarmos banho e passarmos álcool nos pés. Sem qualquer ilusão quanto a sujeira que aquela água levou e lavou. Foi divertido? Sim, foi. Pequena aventura urbana. Caminhávamos rápido o garotão com meu guarda-chuva todo florido e eu com meu impermeável da Hettemarks, que meu pai trouxe de Copenhague, só a ponta do meu nariz pra fora - mon manteau c’est vintage et mois aussi. Voltávamos da drogaria, da compra do antiinflamatório e do remédio necessário para a cura do mal do século. Voltávamos do almoço começado às três e quarenta da tarde em um de nossos restaurantes preferidos, depois de boa parte do dia no pronto-socorro. Do filho que acompanhou a mãe ao pronto-socorro e colocou ordem na bagunça e exigiu da enfermeira atendimento imediato por conta da pressão alta e do choro quieto e incontrolável que tive encostada em seu ombro enquanto esperávamos pelo médico. Foi dia de mal-estar e pronto-socorro, mas nada impede que mesmo o dia que começa noite e acaba dia, com as cores do céu ameno descarregado de toda a água acumulada, seja amoroso e divertido, na medida do possível e do impossível.
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