quinta-feira, 19 de março de 2009

Ser consciente

Se tivéssemos a real capacidade de entender o que significa amar, teríamos comportamentos bem diferentes, diríamos palavras bem diversas, viveríamos nossas vidas de forma desigual e faríamos com que a felicidade do ser amado fizesse parte da nossa própria felicidade.
Isso é um resumo de vida construtiva, saudável e feliz, cuja viabilidade é plena, a realização ao alcance de todos e a execução de extrema facilidade, desde que tenhamos a real capacidade de entender o significado de amar.
Para compreender o real significado do amor é necessário ser consciente.
Em relação à consciência consideramos duas possibilidades básicas: Estar consciente e Ser consciente.
Estar consciente é fazer uso da razão ou da capacidade de raciocinar e de processar os fatos que vivenciamos. É ser capaz de pensar e ter ciência das nossas ações físicas e mentais. A consciência permite-nos a lucidez e a percepção que temos em relação ao mundo.” Uma dose a mais daquele vinho tinto espetacular, por exemplo, pode alterar o estado de nossa consciência.
Ser consciente não é um estado momentâneo em nossa existência, mas refere-se à nossa maneira de existir no mundo. Está relacionado à forma como conduzimos nossas vidas e, especialmente, às ligações emocionais que estabelecemos com as pessoas e as coisas no nosso dia a dia. Ser dotado de consciência é ser capaz de amar!
O Ser consciente vincula-se ao lado subjetivo e compreende o sentido ético de nossa existência. “A consciência não é um comportamento, nem algo que possamos fazer ou pensar. A consciência é algo que sentimos. Ela existe antes de tudo, no campo da afeição e dos afetos. Mais do que uma função comportamental ou intelectual a consciência pode ser definida como uma emoção.

A consciência é um senso de responsabilidade e generosidade baseado em vínculos emocionais de extrema nobreza com outros seres (animais, humanos) ou até mesmo com a humanidade e o universo como um todo.”
A consciência nos orienta para o caminho do bem, nos impulsiona a tomar decisões aparentemente irracionais, baseia nossas atitudes cotidianas, nossa bravura, coragem, nosso sacrifício. “A consciência nos abraça e conduz pela vida afora, porque está em plena comunhão com o mais poderoso combustível afetivo: o amor.”
Todas os seres conscientes se emocionam com vários fatos da vida, sentem as belas melodias, apreciam a exuberância da natureza, se alegram com os gentis atos de amor, vibram frente à superação de obstáculos pelas pessoas,
se comovem com situações trágicas, se indignam diante do desrespeito e da injustiça, exercem a compaixão. "A consciência genuína nos impulsiona a ir ao encontro do outro, colocando-nos em seu lugar”.
Todos que são conscientes sentem empatia.
Somente os conscientes possuem julgamento moral interno, senso ético, sentem culpa, remorso, inquietação mental, constrangimento por terem desapontado, magoado, enganado alguém.
Por outro lado, os seres desprovidos de consciência são calculistas, frios, incapazes de tratar as pessoas com verdadeiro respeito e consideração, não possuem
escrúpulos, não sentem culpa nem remorso, desconhecem o arrependimento, são dissimulados, mentirosos, manipuladores e visam apenas seu próprio benefício, o que é prático e vantajoso para si. Porém, para sua total infelicidade, são incapazes de estabelecer vínculos afetivos verdadeiros e de se colocar no lugar do outro. Desconhecem a empatia.
O gradativo aprendizado resulta em maior compreensão e as palavras ouvidas, as ações propostas não realizadas, a dureza e as constantes omissões adquirem real dimensão.


Citações do livro "Mentes perigosas" de Ana Silva
Imagem de Lemony Snicket's a series of unfortunate events (2004)

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