
Ora direis contar estrelas, acompanhada pela aparente banalidade na execução de exames realizados nas catacumbas hospitalares, normalmente no antepenúltimo subsolo, onde estão instaladas as unidades de medicina nuclear.
A começar pelo preparo: Pode tudo, menos utilizar roupa com qualquer metal e uma única condição proibitiva: a gravidez. Quando a enfermeira quis minha confirmação de que não havia qualquer possibilidade de eu estar grávida, não pude evitar o meu melhor rostinho de terna desprotegida e meiga dúvida. O bom humor faz toda a diferença.
Quero saber mais sobre o fármaco (sim, utilizam a palavra fármaco e acho que é para inibir mais ainda o paciente) que será aplicado por essa agulha diretamente espetada na veia da minha mão: O que é, quais são os efeitos, as contra-indicações, quanto tempo ficará no meu organismo e o que devo fazer para não prejudicar outras pessoas, afinal, por um período serei a Super Sparkling Girl com poderes sensacionais.
E quem diria que fármaco e tecnécio seriam palavras latinas? sânscritas? gregas, portanto, incompreendidas pelas maioria dos mortais.
A enfermeira trabalha no mesmo lugar há quinze anos e não vê a hora de mudar-se ‘para o interior’ (não importa qual interior) para dedicar-se ‘ao social’. Durante a série de perguntas de praxe começou a olhar-me com ar de comiseração e foi saber do biomédico se o tal do fármaco deveria ser aplicado na sala de espera ou ‘diretamente no aparelho’. Como, não entendi? Esse tecnécio é meu! Pois, lá fui eu deitar naquela coisa dura, estreita e fria, na sala com cor de praxe (por favor, senhores engenheiros, arquitetos, decoradores de salas de exames, se a cor das paredes não afeta o resultado dos procedimentos realizados, então, utilizem matizes diferentes do bege sem qualquer graça, para que os pacientes pacientes possam se sentir menos pacientes do que são), a agulha espetada na mão e o amigo fármaco injetado por uma seringa, enquanto as imagens eram vistas por alguém, eu não sabia quem, até que mexi um pé (sim, eu mexi um pé) o que fez surgir aos pulos e gritos uma criatura com metro e meio, avental branco, bigode, óculos e forte sotaque da zona leste: Não pode mexer! Não pode mexer! Pena que eu ainda não estava Super Sparkling.
Olho para a enfermeira, pergunto se o rapaz nervoso não gostaria de ir agora pro interior com ela pra se dedicar ao social e espero a volta da criatura à sala. Infelizmente, não é a primeira vez que me submeto a cintilografia e sei muito bem como me comportar, principalmente, quando sou bem orientada. Não devo me mexer naquele exato momento de total descontração e alegria? Então, diga: não se mexa, que virarei estátua. Uma estátua muito lindinha.
Quero saber mais sobre o fármaco (sim, utilizam a palavra fármaco e acho que é para inibir mais ainda o paciente) que será aplicado por essa agulha diretamente espetada na veia da minha mão: O que é, quais são os efeitos, as contra-indicações, quanto tempo ficará no meu organismo e o que devo fazer para não prejudicar outras pessoas, afinal, por um período serei a Super Sparkling Girl com poderes sensacionais.
E quem diria que fármaco e tecnécio seriam palavras latinas? sânscritas? gregas, portanto, incompreendidas pelas maioria dos mortais.
A enfermeira trabalha no mesmo lugar há quinze anos e não vê a hora de mudar-se ‘para o interior’ (não importa qual interior) para dedicar-se ‘ao social’. Durante a série de perguntas de praxe começou a olhar-me com ar de comiseração e foi saber do biomédico se o tal do fármaco deveria ser aplicado na sala de espera ou ‘diretamente no aparelho’. Como, não entendi? Esse tecnécio é meu! Pois, lá fui eu deitar naquela coisa dura, estreita e fria, na sala com cor de praxe (por favor, senhores engenheiros, arquitetos, decoradores de salas de exames, se a cor das paredes não afeta o resultado dos procedimentos realizados, então, utilizem matizes diferentes do bege sem qualquer graça, para que os pacientes pacientes possam se sentir menos pacientes do que são), a agulha espetada na mão e o amigo fármaco injetado por uma seringa, enquanto as imagens eram vistas por alguém, eu não sabia quem, até que mexi um pé (sim, eu mexi um pé) o que fez surgir aos pulos e gritos uma criatura com metro e meio, avental branco, bigode, óculos e forte sotaque da zona leste: Não pode mexer! Não pode mexer! Pena que eu ainda não estava Super Sparkling.
Olho para a enfermeira, pergunto se o rapaz nervoso não gostaria de ir agora pro interior com ela pra se dedicar ao social e espero a volta da criatura à sala. Infelizmente, não é a primeira vez que me submeto a cintilografia e sei muito bem como me comportar, principalmente, quando sou bem orientada. Não devo me mexer naquele exato momento de total descontração e alegria? Então, diga: não se mexa, que virarei estátua. Uma estátua muito lindinha.
Reconhecido pelo biomédico o exagero da própria atitude, enquanto eu colocava meus tênis e pensava para onde ir durante as duas próximas horas de espera antes do retorno para nova leitura do contador de cintilância, aproximou-se com mais candura e orientou-me a beber água, muita água e a fazer xixi, muito xixi. E tomar cuidado na hora da higiene para que não ficasse qualquer resíduo que fatalmente brilharia no resultado do exame. Manchete de primeira página: A Super Sparkling Girl fez xixi brilhante.
Água, muita água, adoro água, um lanche básico e estava pronta para minha leitura quando toca o celular e falo sobre trabalho. Não agora, não depois dessas últimas semanas tão puxadas com excesso de coisas realizadas. Dou um tempinho, leio mais sobre a psique humana, ligo para meu filho, comento em que fase estou e combinamos o horário que ele me buscará – lógico, após eu passar na sorveteria que gostamos, não resistir a um sorvete de misk na casquinha super crocante, comprar uma caixa de isopor média com sorvete para casa e tomar um café esquisito no Starbucks, que vejo da janela na lanchonete do hospital.
Na realização do exame, na fase séria e cansativa, o mesmo filho de italianos, torcedor do palmeiras e apreciador de mar, que antes estava tão nervoso e outra biomédica. Dois profissionais? O chato é que podemos perceber, pelo cuidado que dedicam e pela retomada de imagens em determinadas posições, que encontraram algo. Não sei o que. Reconheço que fazer novamente esse exame me entristeceu. O primeiro fiz em 2007, após a cirurgia e o regime de iodo, para detectar eventual metástase. Sim, às vezes eu escrevo detalhes insignificantes para não comentar outras coisas.
Água, muita água, adoro água, um lanche básico e estava pronta para minha leitura quando toca o celular e falo sobre trabalho. Não agora, não depois dessas últimas semanas tão puxadas com excesso de coisas realizadas. Dou um tempinho, leio mais sobre a psique humana, ligo para meu filho, comento em que fase estou e combinamos o horário que ele me buscará – lógico, após eu passar na sorveteria que gostamos, não resistir a um sorvete de misk na casquinha super crocante, comprar uma caixa de isopor média com sorvete para casa e tomar um café esquisito no Starbucks, que vejo da janela na lanchonete do hospital.
Na realização do exame, na fase séria e cansativa, o mesmo filho de italianos, torcedor do palmeiras e apreciador de mar, que antes estava tão nervoso e outra biomédica. Dois profissionais? O chato é que podemos perceber, pelo cuidado que dedicam e pela retomada de imagens em determinadas posições, que encontraram algo. Não sei o que. Reconheço que fazer novamente esse exame me entristeceu. O primeiro fiz em 2007, após a cirurgia e o regime de iodo, para detectar eventual metástase. Sim, às vezes eu escrevo detalhes insignificantes para não comentar outras coisas.
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