segunda-feira, 2 de março de 2009

Calor e pensamentos soltos

Calor. Muito calor. Este calor nos faz mudar hábitos, adequar comportamentos, entender mais o que o corpo necessita. Descansar durante as horas que o calor está mais forte. Não consegue? Então, desacelere o ritmo. E água, muita água.
Água, frutas suculentas e doces, sucos, saladas muito bem lavadas e com os temperos ideais.
Alimento fresco e preparado na hora, que fique mais gostoso se apreciado morno, quase frio. Sorvetes deliciosos encontrados em três lugares especiais desta cidade. Chás refrescantes, aromáticos e mais água. Lavanda aspergida nos lençóis e fronhas para que a sensação de frescor ajude a relaxar. Banhos, quantos quiser por dia, cabelos presos e roupas leves.
Interessante a matéria que li sobre o denominado apartamento ideal para um casal na faixa dos quarenta, cinquenta. Na realidade dois apartamentos vizinhos reformados e transformados num único, com a quebra de paredes e a manutenção dos gostos distintos do marido e da mulher.
A sala de estar dela tem piso diferente da sala de estar dele, que recebeu um canto adicional usado como escritório, enquanto que o canto adicional da sala dela virou saleta de TV.

A decoração é bem diferente nesses quatro ambientes.
A sala de jantar dele tem mesa clara e oval, enquanto que na sala de jantar dela, a mesa é quadrada e cor de laranja.

O banheiro dele todo branco e o dela marrom. Em comum o quarto de hóspedes dele e o quarto de hóspede dela, são decorados com sofás que podem ser usados como camas e possuem estantes para livros. Assim, receberão, no mínimo, dois hóspedes ao mesmo tempo: o dele e o dela.
A parede que separava as cozinhas de cada apartamento foi quebrada, mas as duas pias foram mantidas. Compartilham o mesmo fogão, que foi colocado onde antes estava a parede demolida. Na área de serviço dela ficou o quarto e o banheiro de empregada e na dele adequaram a lavanderia e lugar para passar roupa. As poltronas Wassily, as cadeiras Bertoia e as obras de arte dela na parte dela. As cadeiras Eileen Gray dele, além de suas obras de arte, livros, e discos antigos no lado dele. Decorações tão diferentes, que não parecem ser de uma mesma casa – e de fato não são. Ainda tomaram cuidado para facilitar a reconstrução de duas ou três paredes, caso o feliz casal resolva vender um dos apartamentos ou o dois, separadamente, nunca se sabe. Se quiserem, no tempo que lá viverem e do jeito que tudo organizaram, poderão ficar semanas sem se encontrarem, o que talvez aumente a saudade.
Sou filha única e em nossa casa cada um tinha seu próprio espaço, além de respeito e cuidado com as coisas do outro: jamais sequer toquei no que era dos meus pais, salvo se autorizada, e sei que eles também respeitaram meus pertences.

Do jeito que aprendi jamais me preocupei em mexer no que era de meu marido, namorado ou amigo e por achar fundamental esse comportamento, acredito que não mexam em minhas coisas. Portanto, me qualifiquem de individualista e enalteçam minhas idiossincrasias, como se somente eu as tivesse. Mas as diferenças e o isolamento dos ambientes descritos e fotografados na matéria que li, deixaram a sensação de que o casal mora junto sem morar, portanto, não curte uma das maiores delícias, senão a única verdadeira delícia da convivência a dois.
Neste calor difícil de aturar não há coisa melhor do que andar na chuva. Vestido leve, sandálias, cabelos presos e a chuva a refrescar por fora, por dentro.


Imagem de Doisneau

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