segunda-feira, 16 de março de 2009

O que dizer? O que fazer para que não aconteça?

Meu Deus! O que dizer desta parte do mundo que está tão doente e precisa de remédio eficaz e urgente, para que o mal pare e desapareça de vez?
Lógico que revoltam todos os detalhes da experiência vivida pela garotinha (e por tantas outras meninas e meninos vítimas de abuso e violência) e está nela a maior preocupação, o foco de todos os recursos para que a violência e o abuso sexuais sofridos – jamais deveriam ter acontecido! – deixem a menor quantidade de sequelas possível. Deveria ser dela todo o amparo e preocupação: uma menina de nove anos!
Parir filho é muito complicado porque com a criança vem a responsabilidade e o constante e incansável zelo.

Eu me separei bem jovem e meu filho, um garotinho lindo, estava nos seus primeiros anos de vida. Responsabilidades integrais e solitárias, acrescidas pelo cuidado com a mãe recém viúva, fizeram com que o longo relacionamento seguinte passasse longe de casa e somente após muito observar, fosse seletivamente aproximado do filho, quando a certeza do respeito e do bem querer tornou-se inequívoca. Reconstruir a vida sempre foi desejado, mas em primeiro lugar estava a criança e o esforço para que o ambiente familiar fosse saudável e equilibrado.
Lembro da conversa sobre os comentários que uma das primeiras amigas brasileiras de minha mãe fez sobre a possível retomada da vida e as filhas, então no início da adolescência: Com as meninas em casa, disse a dona Eurídice, outro homem não entra.
Lembro que ao conhecer esse comportamento achei exagerado, mas ela estava certa. A Dona Eurídice, que ensinou aos meus pais a boa musica regional brasileira, era mulher bonita, concursada, tinha independência financeira e soube separar os namorados das filhas, em defesa delas. Tudo isso, na década de cinquenta, começo dos anos sessenta.

A violência e o abuso sexual sofridos por crianças apodrecem a todos nós; é algo inconcebível, doentio e perverso.
Falar sobre o aborto e sobre a excomunhão? Ora, mas quem em sã consciência poderia ser a favor do aborto? A interrupção da gravidez não é meio válido para retirar a responsabilidade, ou, para amenizar os efeitos de relação sexual, leviana ou não, consentida e praticada por adultos capazes, mas sem qualquer segurança e proteção. Adultos capazes e coerentes tomam todas as precauções para que a gravidez não aconteça. Enfatizo: Relação sexual consentida e praticada por adultos em pleno gozo de suas faculdades mentais. A precaução, portanto,
deve anteceder ao fato. Por isso, tanto quanto desconsidero mulheres que engravidam intencionalmente para através do filho se firmarem econômica e socialmente, desconsidero homens que são capazes de uma única palavra cruel“tire!” ou da desonesta covarde e irresponsável omissão.
Mas, no caso noticiado, a vítima é uma menina de nove anos! Deveria uma criança de nove anos de idade parir outra criança?
Quanto à excomunhão, foi por demais divulgada no Brasil e na África do Sul pelo Star, na Itália pelo Corriere della Sera, nos EUA pelo New York Times e na França pelo Le Fígaro. Presumo que o psicopata autor do gravíssimo delito também foi excomugado, pois não? Li no jornal que a garotinha era violentada desde os seis anos e que a irmã, agora adolescente, também havia sido violentada pelo psicopata a quem a mídia qualifica como padrasto.
E a mãe dessas meninas? Essa mãe vivia em outra casa, em outra cidade, em outro planeta?

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