sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Pressupostos mínimos

O texto abaixo foi escrito pelo jornalista Xico Sá em seu blog, O carapuceiro, no dia 09.01.08, sob o título Barraqueiros Corazones http://carapuceiro.zip.net/
Não se trata do barraco, propriamente citado, mas do necessário respeito e do fundamental período de luto entre os relacionamentos. Realmente, quando há amor, a honestidade e a presença de caráter impõem uma viuvez.
Li os comentários e para alguns o imediatismo ainda parece ser a solução. Carências ativadas, sem dúvida. Pular de um relacionamento direto para outro, não é e nunca será lá muito correto. Muito menos, manter, ao mesmo tempo, dois relacionamentos e optar por um deles, situação essa agravada pelo total desconhecimento de uma das partes envolvidas. Isto, sim, é o cúmulo da falta de caráter e não compreende qualificação ou justificativa possível.
A traição do ser amado sempre é fardo muito pesado, ainda mais para quem não trai. Aos traidores, no entanto, fica uma amarga e inevitável sina: O constante e pesado receio de serem vítimas de seu próprio comportamento.
Ah, a imorrível desconfiança: Será que ele/ela fará comigo o que juntos fizemos contra ela/ele? Fará, sem dúvida alguma, fará. Fez e fará. É algo atávico, faz parte da natureza de certas pessoas. Você quer manter o controle e não liga se for traído/traída? Então, você não ama.

Eis o texto de Xico Sá:

Barraqueiros Corazones
O amor, se é amor, não se acaba de forma civilizada.
Nem no Crato... nem na Suécia.
Se ama de verdade, nem o mais frio dos esquimós consegue escrever o "the end" com o dedinho no gelo sem uma quebradeira monstruosa.
Fim do amor sem baixarias é o atestado, com reconhecimento de firma e carimbo do cartório, de que o amor ali não mais estava.
O mais frio, o mais cool dos ingleses estrebucha e fura o disco dos Smiths, I am Humam, sim, demasiadamente humano esse barraco sem fim.
O que não pode é sair por ai assobiando, camisa aberta, relax, chutando as tampinhas da indiferença para dentro dos bueiros das calçadas e do tempo.
O fim do amor exige uma viuvez, um luto, não pode simplesmente pular o muro do reino da Carençolândia para exilar-se, com mala e cuia, com a primeira costela ou com o primeiro traste que aparece pela frente.

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