domingo, 13 de janeiro de 2008

Bambu

Fez parte do meu processo de recuperação plantar e replantar, sem qualquer conhecimento prévio, salvo a habitual árvore que costumava ser simbolicamente plantada pelas crianças no primário (se é que plantar seria a mesma coisa que colocar um pouco de terra, com a ponta de uma pá, sobre uma muda previamente preparada pelo jardineiro da escola) e os feijões que germinavam em algodões molhados.
Coloquei as mãos na terra – sem muito pensar no que a compunha – e sentei no chão forrado com jornais para melhor arrumar os vasos e as mudas utilizadas. Também ganhei do meu filho um regador de plástico verde com capacidade para 10 litros.
Ao ver o tamanho do regador pensei que ele havia exagerado um pouquinho, sem falar no quanto era dificultoso carregá-lo pelo apartamento para regar as plantas da sala e dos quartos, mas hoje entendo que ele tinha razão, afinal, é necessário encher o regador de água três vezes, para dar conta dos vasos existentes.
Nesta folia ecológica, em particular, quis recuperar uma árvore que eu havia ganhado de presente e que há tempos definhava a ponto de minha mãe tê-la colocado fora para ser levada pelo faxineiro do prédio. Pois foi essa, a que mais temi replantar e a que mais quis recuperar.
A reação desta árvore foi positiva e rapidamente ela precisou de um suporte para o correto desenvolvimento de seu caule. Amadora que sou, imaginei um cabo de vassoura enterrado na terra, mas logo substitui essa idéia por um bom pedaço de bambu, dado a altura da planta.
Ora, o que é um pedaço de bambu? Não é nada para quem tem um bambuzal, ou, sabe onde encontrar, o que não é o meu caso. Onde uma paulistana comum e bem urbana poderia encontrar um belo, longo, gracioso e resistente pedaço de bambu, flexível, fácil de transportar e relativamente fácil de manusear?
O mesmo bambu comumente utilizado na Ásia, em diversas construções e existente na natureza em mais de mil espécies, não é fácil de ser localizado e não está à venda em qualquer lugar.
Já me sentia meio triste com a história do bambu, quando resolvi presentear uma amiga que fez aniversário com algo novo e bem significativo e tive a idéia de montar uma bela cesta com plantas especiais para que ela tivesse sorte e proteção. Fui ao mágico e agradável viveiro onde compro as mudas de ervas que utilizo para tempero e com o auxílio da Cristina montamos uma bela cesta de vime com cinco tipos diferentes de plantas, lindamente embrulhadas em papel celofane transparente amarrado com fios de palha, que fez o maior sucesso. Sem muita esperança perguntei se o viveiro teria e poderia vender-me um pedaço de bambu e foi com alegria que Cristina levou-me a um canto onde estavam vários pedaços dessa planta, utilizados por paisagistas em jardins e arranjos. Escolhi o mais belo e alto e nada me foi cobrado por ele. Sem dúvida, generosa gentileza e delicadeza.
Quando entrei em casa com o bambu, meu filho ficou impressionado com seu tamanho e eu pensei: como um simples pedaço de planta pode me deixar tão feliz.

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