quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Rapidelas


Pensei sobre o Papai Noel. Eu acreditei em Papai Noel. Meus pais quiseram que eu acreditasse em Papai Noel e realizaram a mis en scène característica. Graças a Deus me pouparam de ver meu próprio pai fantasiado de Papai Noel, mas me incentivaram a escrever cartinhas, a dormir cedo para encontrar meus presentes na manhã de Natal, a me comportar direitinho (essa parte era danada de boa pra fazer chantagem com os pimpolhos), a compartilhar. Lembro-me bem do dia que encontrei, no quarto dos meus pais, o envelope da minha cartinha destinada ao Papai Noel, no céu. Foi desapontamento que durou dias para ser superado. Afinal, eu não fazia mais parte da legião de crianças encantadas com o bom velhinho suado com o calor tropical. Mas eu não deixei de ganhar presentes, apenas parei de acreditar naquela magia.
Eu quis que meu filho acreditasse em Papai Noel. Fiz a mis en scène toda e escondia os presentes em diversos lugares da casa. Eu achava que presente desejado em baixo da árvore de natal era coisa sem graça, então, deixava lembranças lindamente embaladas perto da árvore, mas o mais ansiado era encontrado na base do ta quente, ta frio, ta morno. Lógico que a mãe sagitariana se divertia com a folia. Éramos duas crianças.
Eu quero que algum dia meus netos acreditem em Papai Noel. E quero que meu filho se empenhe em fazer a mis en scène. Mas o que eu quero, mesmo, é que nosso esforço não se concentre em nossos umbigos.
Presente de natal é coisa pra criança. É coisa mágica, lúdica realizada em nome da criança que veio ao mundo para nos salvar. As crianças merecem ganhar presente de natal e merecem aprender a entregar presentes de natal às outras crianças. Aos adultos cabe realizar toda a mis en scène: Fazer com que o Papai Noel venha à todos os pequenos, sem exceção.

Fim de ano e o cansaço cumulativo. Este ano foi cansativo, cansativo e bom. Aprendi muitas coisas.

Minha querida amiga paulistana, que se casou com um anjo carioca, fez filha paulistana, nascida em 08.08.08, e mora no Rio de Janeiro, veio para São Paulo passar o natal com o marido e a filhotinha linda, linda e encantadora, que eu conheci no dia que nasceu, acompanhei os primeiros meses e hoje, eu não a reconheceria se a visse sozinha, tamanho crescimento e desenvolvimento da charmosa mocinha.
Ao encontrá-los, ontem à noite, após o trabalho, foi inevitável o abraço coletivo triplo, meus queridos que são. Olho para eles e renovo minhas crenças e esperanças. Olho para eles e penso: Como a natural fluidez deve ser reconhecida e respeitada. É dádiva.

O garotão resolveu que meu PC precisava de um stream makeover e por conta própria trocou o HD, aumentou a memória, agilizou a coisa toda e considerou os programas que ele conhece, gosta e usa. Para essa façanha ele contou com a ajuda de querido amigo nosso, um gênio em computadores e em tantas outras coisas, merecedor de nosso carinho e constante torcida. Agora, o PC lava, passa, cozinha, leva o cachorro ao passeio diário e dá dicas sobre decoração, relacionamentos, beleza e saúde. Mas é desmemoriado, coitado. Fotos, músicas, textos, vídeos, mensagens, links, endereços, receitas, enfim, tudo o que costumávamos empilhar em caixas no quartinho da bagunça de nossas casas e passamos a empilhar em bytes em nossos computadores - apesar do quartinho da bagunça não ter perdido sua principal função – foram junto com o HD antigo. Essa é toda a maravilha. Há alguns meses, minha reação seria outra, eu teria ficado triste, meio deprimida com a perda de tantas coisas – aquela foto, justo aquela foto digital que não foi impressa e existia apenas na memória mais que perfeita do computador – mas, parei um minuto ou dois, pensei no monte de coisa querida e no monte de tranqueira perdida e senti que a vida é muito, muito mais do que isso e aquilo e achei o máximo ter um mundaréu de memória livre para guardar coisas novas. Parece que ando menos apegada. Talvez mais pasmada, não sei. Fato é que aprendo a melhorar. Escreveria que mudei, mas ninguém muda, a essência é a mesma. Melhoramos.

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