quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Há sempre algo em frituras que vai deliciosamente contra as convenções sobre o que é chique. Mas garanto que não é com a intenção de descer de forma egocêntrica à sarjeta que incluo esta receita


Não resisti!
Com a correria, o cansaço, os desgastes emocional e físico fico quieta, opto pelo silêncio, poupo energia, deixo a mente livre para buscar leveza e fluidez em outra sintonia, temporariamente perco a concentração e desacelero o passo.
Às vezes é bom parvoejar, deixar a perspicácia um pouquinho de lado, embalar a inteligência ao som de alguma canção de ninar, aproveitar a onda de quietude, de ternura e no silêncio aconchegar-se em si. Virar concha.
Meus amigos sabem se estou concha, respeitam esse estado e o melhor de tudo: Não desistem de mim, ao contrário, continuam a mandar e-mails e não esperam qualquer resposta, telefonam e deixam recados simples, compostos por duas, três palavras fundamentais: “estamos aqui” e no meu renascer me acolhem como seu eu nunca tivesse partido. Esses são os meus amigos.
Outro dia pensei como a concha representa com exatidão determinadas fases da vida. Não se trata do isolamento, do fechar-se para o mundo - se assim fosse, também poderia chamar-se fase tartaruga, do jeito que a tartaruga se protege dentro do próprio casco. Mais do que proteger-se a concha se cura: Transforma o estranho grão de areia em pérola.
Foi nesta fase, acrescida de pequenas mudanças diárias que fazem tanta diferença, afastam a rotina e fortalecem o suportar: Mudar horários, caminhos, refeições, a cor do batom, mudar o olhar, que encontrei, onde menos esperava, o livro Nigella Bites as receitas preferidas da chef inglesa, da ediouro.
Impresso em papel de qualidade (com certeza suportará alguns respingos de ingredientes), com belas imagens, o texto fácil e simpático com o qual Nigella simplifica e torna prática a arte de bem cozinhar: "Gostar de comida, gostar de comer não é igual a formar-se com louvor pela universidade do bom gosto convencional. Não estou interessada em agradar esnobes ou puristas da gastronomia, ou em usar apenas um tipo de comida. Sim, eu quero que tudo o que eu coma seja gostoso e sempre há lugar - e no meu coração, um bem aconchegante - para o que está fora de moda na cozinha." Nunca imaginei que um livro de culinária pudesse renovar nosso ânimo e também nos proporcionar agradável leitura.
“Para ser franca, todas as comidas fazem sentir bem. Mas há horas em que você precisa dar uma mordida em algo quente ou em uma fatia de alguma coisa doce, só para sentir que o mundo é um lugar mais confortável. Todos nós nos sentimos cansados, estressados, tristes ou solitários, e este é o alimento que nos dá alívio.” Esta é a introdução do capítulo dois: “Comida reconfortante.”
Na hora que quiser; comida reconfortante; em frente à TV; garota festeira; para os dias de chuva; contra a maré; herança de família; jantar com amigos; fim de semana sem estresse; comida do templo, entre cada capítulo um bom espaço para nossas anotações.
Nigella deveria ser a prima querida, moradora da casa ao lado da nossa.

Um comentário:

Gerana Damulakis disse...

Adoro os programas de Nigella. O livro deve ser "gostoso".

Olhe, eu também já pensei em escrever um comentário, quando vc passou alguns dias sem postar, dizendo apenas: Passo aqui todos os dias. O que, de resto, equivale a dizer:Estou aqui.