
Talvez eu sinta falta da coragem, de valores reais, da verdade, do respeito, da solidariedade, do jeito surpreendente, do atrevimento, do indignar-se, do não acostumar-se, do não acomodar-se em mesmice modorrenta e morna, em baixa qualidade, em efeitos nocivos e perversos que impregnam relacionamentos pessoais, amorosos, profissionais, amistosos e sociais. Chega a ser ultrapassada a lembrança de alguém que firmou seu caminho com um gravador antigo nas mãos, em tempo de super exposição, escancaramento e da desmedida facilidade com que imagens, falas, fatos, amores, vidas e mortes são registrados e divulgados em grande escala, a mídia viral em seu pior efeito. Atualmente, notícias matutinas veiculadas em meios de comunicação destituem governantes à noite; a morte de alguém famoso causa comoção mundial em poucas horas; os elementos da velocidade - deslocamento e tempo - adquirem novas acepções.
O paradoxo está em justificativas ultrapassadas, reações tacanhas, comportamentos desonestos continuos, posicionamentos e respostas (ou ausência de respostas) pré-históricas, anos-luz distantes de tamanha transformação, a nos abrir portais do tempo, progresso e retrogresso, e nos transportar ao século dezesseis, aos tortuosos caminhos percorridos por uma simples carta, que levava meses para chegar ao seu destino.
Às vezes lembramos crianças inteligentes, audazes e criativas com seus intrincados e poderosos brinquedos a criar novos mundos, visitar outros planetas, alterar costumes, mas, totalmente dependentes da mão segura do pai para atravessar a rua, comprar e engolir a habitual pizza.
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