sábado, 8 de agosto de 2009

Corajoso bumbum de pato

Corajosa e bumbum de pato. Não precisei ouvir mais nada. Calor, muito calor, cabelo, muito cabelo, comprido, quente, preso para não esquentar mais. Sempre preso. Outro dia tirei o lenço que enfeitava o pescoço para amarrar o cabelo que tentei deixar solto. Lavar o cabelo, preocupar-se com o comprimento dos fios, com o xampu em excesso, com os cremes que não uso e o secador com escova que não faço, abolida a perda de tempo com o que não merece tempo perdido, o couro cabeludo úmido, o banho tomado com presilhas a manter os fios sem fim longe da água, enquanto a vontade era entrar com a cabeça em baixo do chuveiro. Definir dias da semana para lavar o cabelo e acordar mais cedo para lavar o cabelo e ter preguiça de acordar ainda mais cedo. Fui ao salão e disse à dona da Akita Princesa, corta aqui, mostrei o comprimento e depois de um tem certeza, voltei à atitude habitual, faça o que você quiser e ela fez, a simpática cliente sentada na poltrona ao lado chamou-me corajosa, enquanto os pedaços de cabelos cortados caiam no chão e mais de três tipos diferentes de tesouras foram utilizadas para as pontas, para o meio dos fios, novamente as pontas, a parte que emoldura o rosto e a simpática, agora mais atenta, cliente perguntou à dona da Akita Princesa, se o cabelo dela poderia ser cortado daquele mesmo jeito, se ficaria bom, porque nos anos noventa ela teria feito um corte que a teria deixado parecida com um poodle e os comentários sobre cabelos cacheados, detentores de vontade própria, a sensação maravilhosa de toneladas que saiam de mim, a alegria do rosto que volto a reconhecer, a brisa ensolarada e perfumada da tarde que parecia estar ali para mim.
A volta para casa o sorriso do filho e o comentário que faltava: Atrás parece bumbum de pato - eu adoro meu cabelo curto a nuca desnuda e as pontas voltadas do jeito e na direção que bem entendem a formar adorável bumbum de pato.

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