quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Cantigas

Kino ouviu a leve batida das ondas da manhã na praia. Como era bom... Tornou a fechar os olhos para escutar a música dentro dele. Talvez só ele fizesse isso, talvez todos os homens da sua raça também o fizessem. Em outros tempos, todos costumavam fazer cantigas de modo que tudo o que viam, pensavam, faziam ou ouviam virava cantiga. Foi assim há muito, muito tempo. As cantigas haviam ficado e Kino as conhecia, mas não haviam cantigas novas. Não que não houvessem cantigas pessoais. Naquele momento havia na cabeça de Kino uma cantiga clara e terna e, se ele pudesse dar voz aos seus pensamentos, a chamaria de a Cantiga da Família.

Três compromissos externos no mesmo dia, em lugares distintos, um fora da cidade e a maravilhosa inédita condição de chegar em casa no final da tarde, com a claridade desse período mágico. Voltar todas as noites e voltar no final da tarde faz imensa diferença, capaz de renovar a boa energia. Boa energia em estoque.

Imagem obra de Degas

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