sexta-feira, 5 de março de 2010

Menina, sê ardente, mas prudente

Poesia erótica traduzida por José Paulo Paes (Companhia das Letras)

Obscur et froncé comme um oeillet violet                Franzida e obscura como um ilhós violeta,
Il respire, humblement tapi parmi la mousse            Ela respire, humilde, entre a relva rociada
Humide encore d’amour que suit la rampe douce      Inda do amor que desce a branda rampa das
Des fesses blanches jusqu’au couer de son ourlet     Alvas nádegas até o coração da greta.

Des filaments pareils à des larmes de lait                Filamentos iguais a lágrimas de leite
Ont pleuré sous le vent cruel que les repousse        Choraram sob o vento atroz que os arrecada
A travers de petits caillots de marne rousse,           E os impede através de marnas arruivadas
Pour s’aller perdre où la pente les appelait.            Até perderem-se na fenda dos deleites.

Mon rêve s’aboucha souvent à sa ventouse.           Beijando-lhe a ventosa, o meu sonho o frequenta.
Mon âme, du coït matériel jalouse,                        A minha alma, do coito material ciumenta,
En fit son larmier fauve et son nid de sanglots.       Qual lacrimal e ninho de soluços usa-a.

C’est l’olive pâmée et la flûte câline,                     É a oliva evaída é a flauta agreste,
Le tube d’où descend la céleste praline,                O tubo pelo qual desce a amêndoa celeste,
Chanaan féminin dans les moiteures enclos.           Feminil Canaã em seus rocios reclusa.

Rimbaud

Um comentário:

Gerana Damulakis disse...

Vou comentar sobre José Paulo Paes, grande tradutor, ensaísta e poeta, tive a honra de ter sido amiga dele. Grande JPP!