domingo, 14 de março de 2010

Colcha de retalhos

Citei rapidamente Mar adentro (2004), obra de Alejandro Amenábar ganhadora do Oscar 2005 de melhor filme estrangeiro, com a magistral interpretação de Javier Bardem e o difícil tema eutanásia, mas prometo que voltarei a abordá-lo em outro texto, com minhas sensações escancaradas, além do belo poema declamado no final do filme, que eu fiz questão de copiar entre lágrimas, o que me fez voltar o DVD inúmeras vezes para não perder uma sílaba sequer.
Não é pela luta do lúcido e coerente Ramón Sampedro que todos choram, mas pelas decisões que a vida faz questão de apresentar.
A vida desafia quem a encara e premia os mais valentes. Valentes são todos que aprendem a superar.

Não citei e pretendo escrever algo sobre a depressão e seus efeitos sobre o depressivo e sobre os demais, que não a conhecem, tampouco a reconhecem grave enfermidade. A depressão pode ser incapacitante e deve ser tratada por médicos especialistas, que acompanhem os enfermos com propriedade. Prescrever antidepressivos, dopaminas e demais medicamentos que alteram a química do cérebro não é coisa simples, nem corriqueira e deve ser feita por bons psiquiatras. Escreverei sobre a palavra psiquiatra que ainda é sussurrada pelos pacientes tementes de retaliação. Meus Deus, quantos tabus!

Igualmente desenvolverei algo sobre a administração de pessoas e procedimentos, atividade complexa que, dentre diversos requisitos, exige vocação e não deveria ser desempenhada por pessoas despreparadas e incapazes para tal feito.

Por fim, algo sobre os que acreditam no real significado das palavras e nelas baseiam-se para a manutenção de diálogo honesto e produtivo. Pé é pé, não é mão, nem pescoço.

Amizade também? Relacionamentos? Plantas? Ervas aromáticas? Mulheres? Filhos? Cães?

O bom de manter um blog é compartilhar, honestamente, experiências e entendimentos. Soltar diminutos fogos de artifício capazes de colorir a visão dos que vivem as mesmas situações, para que compreendam que existe uma saída. Sempre existe uma boa saída e muito a aprender. Escrever com a alma livre como se não houvesse leitores, salvo a querida Gerana, amiga aqui encontrada, que possui generosidade, delicadeza, carinho, inteligência e lucidez infinitos. Gerana é raro e precioso tesouro grego.

No tempo da depressão brava, que deixou atenta a dedicada psiquiatra, perdi a concentração e a capacidade de devorar os livros que caiam em minhas mãos. Perdi a capacidade de ler, aos poucos readquirida através de dois mestres amantes das palavras, dos livros, dos melhores textos e um deles escreveu para mim: Opte pela vida. A única opção é a vida. Obrigada, Rodrigo. Muito obrigada querido amigo R.G.

Um comentário:

Gerana Damulakis disse...

Sempre me emociono com seu carinho e com tantas palavras bonitas.Beijo.

Sabe que outro dia, lendo aqui um texto seu, nem comentei isto que vou escrever agora: o meu maior medo é ter o cérebro tão preocupado, ou triste, ou desesperado, que não consiga ler, ou seja, meu medo é perder a capacidade de ler. Daí pergunto: o que será de mim?