segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Snooky Ookums , Fred Astaire and Judy Garland, 1948
Cute cute, bizuquinho, bizuquinha, vida, benhê, mãe, moorr, bebê, duduquinho, pai, nhumy nhumy, princesa... A sofrível linguagem pseudo amorosa.
Fairy tales are full of impossible tasks
The hounds, you know them all by name.
You fostered them from purblind whelps
At their dam’s teats, and you have come
To know the music of their yelps:
High-strung Anthee, the brindled bitch,
The blue-tick coated Philomel,
And freckled Chloe, who would fetch
A pretty price if you would sell -
All fleet of foot, and swift to scent,
Inexorable once on the track,
Like angry words you might have meant,
But do not mean, and can’t take back.
There was a time when you would brag
How they would bay and rend apart
The hopeless belling from a stag.
You falter now for the foundered hart.
Desires you nursed of a winter night -
Did you know then why you bred them -
Whose needling milk-teeth used to bite
The master’s hand that leashed and fed them?
* * *
The blackbird sings at
the frontier of his music.
The branch where he sat
marks the brink of doubt,
is the outpost of his realm,
edge from which to rout
encroachers with trills
and melismatic runs sur -
passing earthbound skills.
It sounds like ardor,
it sounds like joy. We are glad
here at the border
where he signs the air
with his invisible staves,
“Trespassers beware” -
Song as survival -
a kind of pure music which
we cannot rival.
* * *
So long I have been carrying myself
Carefully, carefully, like a small child
With too much water in a real glass
Clasped in two hands, across a space as vast
As living rooms, while gazes watch the waves
That start to rile the little inland sea
And slap against its cliffs’ transparency,
Revise and meet, double their amplitude,
Harmonizing doubt from many ifs.
Distant frowns like clouds begin to brood.
Soon there is overbrimming. Soon the child
Looks up to find a face to match the scolding,
And just as he does, the vessel he was holding
Is almost set down safely on the bookshelf.
You fostered them from purblind whelps
At their dam’s teats, and you have come
To know the music of their yelps:
High-strung Anthee, the brindled bitch,
The blue-tick coated Philomel,
And freckled Chloe, who would fetch
A pretty price if you would sell -
All fleet of foot, and swift to scent,
Inexorable once on the track,
Like angry words you might have meant,
But do not mean, and can’t take back.
There was a time when you would brag
How they would bay and rend apart
The hopeless belling from a stag.
You falter now for the foundered hart.
Desires you nursed of a winter night -
Did you know then why you bred them -
Whose needling milk-teeth used to bite
The master’s hand that leashed and fed them?
* * *
The blackbird sings at
the frontier of his music.
The branch where he sat
marks the brink of doubt,
is the outpost of his realm,
edge from which to rout
encroachers with trills
and melismatic runs sur -
passing earthbound skills.
It sounds like ardor,
it sounds like joy. We are glad
here at the border
where he signs the air
with his invisible staves,
“Trespassers beware” -
Song as survival -
a kind of pure music which
we cannot rival.
* * *
So long I have been carrying myself
Carefully, carefully, like a small child
With too much water in a real glass
Clasped in two hands, across a space as vast
As living rooms, while gazes watch the waves
That start to rile the little inland sea
And slap against its cliffs’ transparency,
Revise and meet, double their amplitude,
Harmonizing doubt from many ifs.
Distant frowns like clouds begin to brood.
Soon there is overbrimming. Soon the child
Looks up to find a face to match the scolding,
And just as he does, the vessel he was holding
Is almost set down safely on the bookshelf.
domingo, 10 de outubro de 2010
Modelo ultrapassado
É, Zé, sem dúvida é uma dona Encrenca.
Ela tem o comportamento de dona Encrenca, o engendrado raciocínio de uma legítima dona Encrenca, faz comentários de dona Encrenca, tem os excessos de quereres, frustrações, má educação e egoísmo de toda a dona Encrenca.
Como legítima dona Encrenca é craque na manipulação, busca o controle e tem pressa; tem pressa a dona Encrenca.
Meninas, parem de seguir o ultrapassado modelo de suas mães!
Miscellanea
As plantas dos vasos que compõem minha mini jungle estavam sedentes. Mais de trinta litros de água para extinguir tanta sede. Plantas! Ah plantas!
O inverno passado teve, no máximo, cinco dias frios. Foi uma estação atípica, seca, abafada, quente. A seca insalubre que retira grande parte da nossa energia e bem estar. Em nada parecida com o duro clima seco de Brasília, a cidade feita de terra vermelha. A seca paulista é carregada de poluição.
Não, eu não redefino quem eu sou tampouco o que quero. Eu descubro quem eu sou e a partir desta descoberta eu saberei o que quero.
Novas flores surgiram no inverno. Meus lírios da paz floresceram em quantidade inédita e minhas violetas – eu havia me esquecido de suas cores – apareceram em seus vasos. Até a azaléia rebelde, este vaso cheio de folhas verdes que ganhei há três anos e cheguei a duvidar tratar-se de azaléia, apareceu. Rosa e branca, linda como ela só. Por três anos esta azaléia me ensinou a me contentar somente com suas folhas.
Na fase de quietude optei por ter um único aparelho telefônico em casa, usado o mínimo possível. Estive bem cansada com a perda de energia e tempo dos telefonemas vazios. Atualmente desenvolvo especial aversão à exposição involuntária do número do nosso telefone: Eu não quero receber ligações de “atendentes eletrônicas” (céus! Que ousadia essa, de disparar uma gravação para se comunicar conosco!), candidatos políticos, serviços de telemarketing (telemarketing e radares de trânsito deveriam ser extintos) e outras tão chatas quanto. Eu só quero receber ligações de pessoas que eu gosto, pessoas que têm algo a dizer.
Graças a Deus este é um país laico.
Não me rendi ao smartfone. Prefiro um celular burrinho, discreto e acanhado. Não vejo qualquer vantagem em estar conectada o tempo todo, disponível e onisciente dos fatos (relevantes ou não) que acontecem. Tal qual a vida, a internet demanda pausa.
Novas saias justas, ou, os diversos resultados da permanência em sites sociais: A marcação feita no facebook, que nos vincula a imagens nada, nada a ver. O que fazer? Não há a opção desmarcar e retirar a criatura da lista de amigos parece medida exagerada.
Poesia: A primeira chuva da primavera.
O chato período eleitoral deveria ser aproveitado para apresentação do planejamento feito pelos candidatos e seus assessores para a educação, a segurança pública, o sistema de saúde público e outros temas fundamentais para toda a população. Planejamento com força de ato consumado, metas e ações que serão efetivamente implantadas no período exato do mandato. Que tal um plebiscito para cada um dos demais temas?
Ninguém em sã consciência é a favor do aborto, procedimento duro, que também afeta a saúde emocional da mulher. Mas não é por sermos contrários ao aborto que ele deixará de existir, deixará de ser praticado na clandestinidade. Este não é o melhor raciocínio e está longe da perfeição. Afinal, não somos mulheres perfeitas, nem todos os homens são honestos e ideais, e nem todas as concepções/ gravidezes são planejadas e saudáveis. Qual é a efetiva solução?
Achei adorável a relação de Diane Keaton e Jack Nicholson e confirmei minha impressão ao assistir novamente Something’s gotta give (2003), de Nancy Myers. Há encantos muito especiais e exclusivos na relação amorosa da, assim dita, meia-idade.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Healthy eating
(Dr. Weil's anti-inflammatory food pyramid)
"The right diet can help protect against diseases that affect sight, including age-related macular degeneration (AMD), the leading cause of blindness in those over the age of 55. Researchers at the Agricultural Research Service (ARS)-funded Laboratory for Nutrition and Vision Research have found that the combination of a low-glycemic diet combined with vitamins C and E, zinc, lutein, zeaxanthin, and omega-3 fatty acids can help maintain quality of life and reduce health care costs due to sight-robbing eye diseases. The study examined dietary intake and other data from more than 4,000 men and women age 55 to 80, who had taken part in the long-term Age-Related Eye Disease Study (AREDS). The researchers ranked intake of several nutrients and then calculated a score designed to assess their combined effect on the risk of AMD.
My take? I’ve long advocated eating low on the glycemic index and have recommended increasing consumption of vitamin C, vitamin E, lutein and zinc to support vision health. I recommend these nutrients and lifestyle changes to address AMD."
Dr. Weil's daily blog
terça-feira, 5 de outubro de 2010
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Existiam jardins onde a lua passeava
"Se eu fosse uma coisa, amaria ver-me
como comboio-correio. Longo e nocturno,
devassando o interior, contemplado
de fugida por pinhais e estrelas,
lobos, penhascos e embruxados.
Bom parar em todas as estações.
Cabecear de sono, beber vinho, ser
banco de campónios, crianças, contrabandistas.
Aldeã que reza, desdentada e solícita.
Em cada carruagem existe sempre
um voluntário palhaço que golfa
sua alegria: coroá-lo com o clarim
do galo. E deixar em todos os lugares
as ânforas de barro das paixões
(quase sempre mal-avindas, fortuitas,
temerosas): colaborar, encher
a inocente mala do carteiro."
* * *
"Não gosto deste perfil de gafanhoto.
Constante sou, trepido, usam-me,
servo da gleba. Rasgo e acamo,
tenho um veio de dolorosa, serena
transmissão. Custa levar de rojo
uma vaca à cova. Esmaguei já
uma perna. Detesto o peso do reboque.
Cinco anos e ainda não percebo estas
sujas peças que rodam em mim.
A escavadora, ao menos, uiva
(amo-a). Não me agrada a sucata."
* * *
" Gratidão que nem sabe
a quem deve ser grata.
Por um novilho, um poldro
vagueando na pastagem,
um farol, uma escada magirus,
uma vasilha de leite, de vinho
Por um beijo, uma sonda
que não regressa de Venus,
uma safra, uma ceifa
de amantes.
Por ser crente e descrente,
matricial e fiel
ferozmente a si próprio.
Ao início, ao que foi
expurgado, à placenta, grato."
* * *
"Criança que despeja um grilo,
pata a pata,
víscera a víscera,
da sua pequeníssima alma.
E não há quem refaça
o grilo e a criança."
* * *
" Ainda me acolho, Pai,
à tua madressilva.
Ali tens a passiflora,
não envelheceu.
O cedro grande, maior ainda.
O forno, dedadas
expungidas pelas portas.
A buganvília, não esqueço,
é preciso cortá-la.
A Mãe não está nem volta."
* * *
"É triste não possuir uma casa de sementes.
Não adianta amar essas partículas ali ociosas,
nem desejar que nidifiquem sem granizo
e irrompam como a chama de uma vela.
É triste pagar um preço pelo que há-de nascer,
que o bersim perca a cor alazã penetrando na terra
e o trevo da Pérsia alimente a boca das reses.
É triste que não recusem essa densa, pródiga,
obstinada servidão, a vitalidade apaixonada pelo sol,
e não façam, como um camponês, as suas contas,
exigindo a Deus e aos homens o salário da maquinação."
como comboio-correio. Longo e nocturno,
devassando o interior, contemplado
de fugida por pinhais e estrelas,
lobos, penhascos e embruxados.
Bom parar em todas as estações.
Cabecear de sono, beber vinho, ser
banco de campónios, crianças, contrabandistas.
Aldeã que reza, desdentada e solícita.
Em cada carruagem existe sempre
um voluntário palhaço que golfa
sua alegria: coroá-lo com o clarim
do galo. E deixar em todos os lugares
as ânforas de barro das paixões
(quase sempre mal-avindas, fortuitas,
temerosas): colaborar, encher
a inocente mala do carteiro."
* * *
"Não gosto deste perfil de gafanhoto.
Constante sou, trepido, usam-me,
servo da gleba. Rasgo e acamo,
tenho um veio de dolorosa, serena
transmissão. Custa levar de rojo
uma vaca à cova. Esmaguei já
uma perna. Detesto o peso do reboque.
Cinco anos e ainda não percebo estas
sujas peças que rodam em mim.
A escavadora, ao menos, uiva
(amo-a). Não me agrada a sucata."
* * *
" Gratidão que nem sabe
a quem deve ser grata.
Por um novilho, um poldro
vagueando na pastagem,
um farol, uma escada magirus,
uma vasilha de leite, de vinho
Por um beijo, uma sonda
que não regressa de Venus,
uma safra, uma ceifa
de amantes.
Por ser crente e descrente,
matricial e fiel
ferozmente a si próprio.
Ao início, ao que foi
expurgado, à placenta, grato."
* * *
"Criança que despeja um grilo,
pata a pata,
víscera a víscera,
da sua pequeníssima alma.
E não há quem refaça
o grilo e a criança."
* * *
" Ainda me acolho, Pai,
à tua madressilva.
Ali tens a passiflora,
não envelheceu.
O cedro grande, maior ainda.
O forno, dedadas
expungidas pelas portas.
A buganvília, não esqueço,
é preciso cortá-la.
A Mãe não está nem volta."
* * *
"É triste não possuir uma casa de sementes.
Não adianta amar essas partículas ali ociosas,
nem desejar que nidifiquem sem granizo
e irrompam como a chama de uma vela.
É triste pagar um preço pelo que há-de nascer,
que o bersim perca a cor alazã penetrando na terra
e o trevo da Pérsia alimente a boca das reses.
É triste que não recusem essa densa, pródiga,
obstinada servidão, a vitalidade apaixonada pelo sol,
e não façam, como um camponês, as suas contas,
exigindo a Deus e aos homens o salário da maquinação."
Colcha de retalhos
O desencanto que eu tenho com a política em grande parte é resultado dos onze anos que vivi em Brasília.
À época o meu conhecimento técnico me rendeu convite indeclinável para trabalhar no Distrito Federal e durante aquele período, criei e gerenciei diversas áreas de empresa privada e também fui professora de Direito Civil em faculdade local.
Lá cheguei em 1993 e presenciei a mudança de Brasília durante os governos seguintes. Lá também perdi uma parte do meu idealismo, abandonei algumas ideias, só não alterei meus valores por isso fiquei mais sensível, refratária até.
A única certeza que hoje eu tenho em relação à eleição é a não obrigatoriedade do voto. Eu não sou feliz por ser obrigada a votar se não reconheço nos candidatos existentes a capacidade e a competência para serem meus representantes. O voto é direito que deveria depender da vontade do seu titular para ser exercido.
Para evitar a dura descrença e alimentar a esperança em um Brasil melhor, principalmente para os netos que um dia eu terei, eu quero acreditar que no futuro surgirão políticos competentes, capazes, eficazes e honestos, plenamente conscientes do espírito público e desinteressados nas vantagens pessoais, que administrarão este país do jeito que ele merece. Acredito que um dia aprenderemos a votar e, principalmente, deixaremos de embasar nossas escolhas em escusas pouco ou nada valorosas.
No segundo turno mais uma vez serei obrigada a votar sem ter em quem votar. Descubro que não aprecio a permanência, nem o retorno. Dedico meu especial apreço ao novo (competente, capaz e eficaz novo) que algum dia surgirá.
No tempo que solteira morei com meus pais, na São Paulo onde nasci, eu era vizinha de um dos editores do jornal O Estado de São Paulo. A cultura daquele jornalista e seu empenho no seu constante desenvolvimento e aprimoramento eram invejáveis. Era prazeroso ler suas matérias e compartilhar uma pequena parte do seu vasto conhecimento. Infelizmente e na grande maioria, os jornalistas que hoje atuam são carentes de preparo e, principalmente, de boa formação cultural. Com isso perdemos todos nós com a carência que vivemos de boas matérias, que poderiam aprimorar nosso próprio conhecimento.
No segundo turno mais uma vez serei obrigada a votar sem ter em quem votar. Descubro que não aprecio a permanência, nem o retorno. Dedico meu especial apreço ao novo (competente, capaz e eficaz novo) que algum dia surgirá.
No tempo que solteira morei com meus pais, na São Paulo onde nasci, eu era vizinha de um dos editores do jornal O Estado de São Paulo. A cultura daquele jornalista e seu empenho no seu constante desenvolvimento e aprimoramento eram invejáveis. Era prazeroso ler suas matérias e compartilhar uma pequena parte do seu vasto conhecimento. Infelizmente e na grande maioria, os jornalistas que hoje atuam são carentes de preparo e, principalmente, de boa formação cultural. Com isso perdemos todos nós com a carência que vivemos de boas matérias, que poderiam aprimorar nosso próprio conhecimento.
Deixo este retalho na colcha que ora costuro, porque uma boa parte da responsabilidade proveniente do cenário político deste país é devida à imprensa.
Ontem à noite, no facebook, uma cineasta conceituada publicou o vídeo do show do palhaço Tiririca. Meu filho tinha acabado de chegar e enquanto eu comentava com ele sobre a inacreditável quantidade de votos conquistados pelo candidato Tiririca, principalmente em São Paulo, acessei o vídeo e meu filho acompanhou a música. Ele conhecia a letra.
Ontem à noite, no facebook, uma cineasta conceituada publicou o vídeo do show do palhaço Tiririca. Meu filho tinha acabado de chegar e enquanto eu comentava com ele sobre a inacreditável quantidade de votos conquistados pelo candidato Tiririca, principalmente em São Paulo, acessei o vídeo e meu filho acompanhou a música. Ele conhecia a letra.
Infelizmente, eu não escolhi o artista Tiririca sequer para meu entretenimento. Pelo visto estou fora da realidade.
Volto ao filho: Outra das minhas tristezas nesta eleição foi a impossibilidade de conversar com meu filho sobre as minhas escolhas.
Volto ao filho: Outra das minhas tristezas nesta eleição foi a impossibilidade de conversar com meu filho sobre as minhas escolhas.
É ruim não reconhecer a condição, a vocação e a capacidade para a nossa efetiva representação. No último domingo fomos juntos, meu filho e eu, para votar e depois apreciamos gostoso almoço em um restaurante do bairro.
Eu não estudei sociologia, antropologia, tampouco psiquiatria. Acho que por isso eu sou incapaz de analisar o comportamento dos eleitores. Eu não sei o que significam mais de 10% de votos brancos e nulos na votação para governador do estado de São Paulo, assim como não sei, no mesmo estado, o que significam os percentuais 27,35% na escolha de senadores, 15,77% na escolha dos deputados federais e 16,12% de votos brancos e nulos na escolha dos deputados estaduais. Todos percentuais, a meu ver, bastante elevados.
Houve um tempo no qual o número do nosso telefone, nosso endereço e email eram protegidos. Atualmente, parece que esses dados se tornaram públicos e disponíveis a qualquer um. Eu não sei como alguns candidatos ao senado foram capazes de utilizar o meu telefone para mensagens gravadas a pedir o voto. O serviço de telefonia oferece essa possibilidade?
Adoraria ser convencida que estes meus pensamentos soltos estão errados.
Eu não estudei sociologia, antropologia, tampouco psiquiatria. Acho que por isso eu sou incapaz de analisar o comportamento dos eleitores. Eu não sei o que significam mais de 10% de votos brancos e nulos na votação para governador do estado de São Paulo, assim como não sei, no mesmo estado, o que significam os percentuais 27,35% na escolha de senadores, 15,77% na escolha dos deputados federais e 16,12% de votos brancos e nulos na escolha dos deputados estaduais. Todos percentuais, a meu ver, bastante elevados.
Houve um tempo no qual o número do nosso telefone, nosso endereço e email eram protegidos. Atualmente, parece que esses dados se tornaram públicos e disponíveis a qualquer um. Eu não sei como alguns candidatos ao senado foram capazes de utilizar o meu telefone para mensagens gravadas a pedir o voto. O serviço de telefonia oferece essa possibilidade?
Adoraria ser convencida que estes meus pensamentos soltos estão errados.
Bully, bullying, ou nossa incapacidade de definir e respeitar limites
Lembrei-me de uma frase comum, pouco usada por mim, talvez a mais apropriada para descrever a condição existente e não exercida de poupar o mundo de mais um terrível bully: “É de pequeno que se torce o pepino.”
O bully é o destemperado, valentão, brigão e agressivo, que amedronta e intimida os demais por meio da ameaça, da agressividade, da violência e de ardis utilizados para conseguir o que deseja. É considerado perverso e incapaz de exercer a empatia, manipulador, egoísta e, sobretudo, covarde em sua essência. Ao bully falta respeito, sensibilidade e a convivência com um bully, homem ou mulher, é insuportável.
O bullying é o assedio agressivo exercido continuadamente por aquele que se encontra, ou se posiciona, em determinada circunstância de poder; logo, compreende a violência (física/emocional/verbal) repetida, gera angústia, temor e acentua o desequilíbrio das diversas relações.
Ultimamente conferimos especial importância ao bullying escolar, sem dúvida perturbador, e cada vez mais confirmamos a total incapacidade de pais e escolas para a solução desse antigo fenômeno. É grande o despreparo e a ineficiência para a criação de prole saudável e respeitadora dos limites essências para a vida em sociedade. O bully é o pepino torto não consertado pelos pais, em conjunto com educadores e terapeutas, que contamina todas as relações de sua vida.
A agressividade do bullying não se limita à violência física, mas, sobretudo, encontra-se no comportamento ardiloso, agressivo e intimidador de determinadas chefias no ambiente de trabalho, de alguns companheiros, vizinhos e cada vez mais constata-se no cyberbullying e em outras diversas formas de expressão depreciativas que ferem a dignidade, a confiança e tolhem a liberdade das vítimas. Aquele que se relaciona com um bully não é livre, quanto muito se adéqua ao agressor.
A desmedida necessidade de controle, a rigidez, o comportamento obsessivo e colérico, além da personalidade autoritária do bully, são resultantes das atitudes deterioradas não corrigidas na infância.
sábado, 2 de outubro de 2010
Entusiasmo eleitoral
Na véspera da grande eleição persevero e ainda tento encontrar entusiasmo. Não sei se foram os onze anos de Brasília que me deixaram refratária à política ou se é o desencanto com os candidatos existentes. Fico bem triste com o despreparo e a confusão que continuam a fazer entre o público e o privado.
A única certeza que tenho é contrária ao voto obrigatório. Nós que esperamos tanto para votar, não deveríamos ser obrigados a exercer nosso direito se não existem candidatos que mereçam nosso voto. É triste, eu sei. Para piorar eu estou impressionada com as diversas justificativas das escolhas que ouço, nenhuma delas caracterizada pela condição meritória dos candidatos, em sua maioria desprovidos da natureza, da vocação e da capacidade para a nossa efetiva representação.
Reproduzo o texto de Ivan Lessa publicado na bbc. Bom humor é e sempre será essencial.
" As eleissão
Peço vênia para discordar. De uma porção de coisas, feito um candidato a deputado.
" As eleissão
Peço vênia para discordar. De uma porção de coisas, feito um candidato a deputado.
Como todo mundo sabe (é, vocês quatro) em matéria de votar, eu sou menos que principiante apesar da idade avançada. Nunca votei em minha vida. Porque era obrigatório. Proibiam de pastar na grama da praça, eu ia lá e me fartava. Proibiam de conversar com o motorista do ônibus, eu vivia puxando papo. A juventude é rebelde e eu era jovem.
Com os anos, a conjuntura do país viu que votar não estava mesmo com nada e deixaram essa frescura para lá. Só aí me deu vontade de votar. O moleque em mim amadurecera mas não aprendera nada. Deixaram-me, os “homi”, 21 anos sem pedir minha presença diante de uma urna eleitoral, por mais modesta que fosse.
A vida é dura. Por mais que a gente faça, acabamos aceitando suas sacanagens. Não é assim que se faz? Não é pra votar? Tudo bem. Entraram na minha. Não voto mesmo. De repente, como no esplêndido soneto do Vinícius, de repente, não mais que de repente, como quase tudo que se passa em nossa torrão, deram de novo para votar.
Aí a colher de chá virou chuá, conforme se dizia, na época de Getúlio e depois dos generais. Não se podia sair de casa sem uma escrutinização tendo lugar em plena via pública. Só dava altissonante alto-falante, cartaz na parede, discurso na esquina, digressões nos meios de comunicação e, principalmente, opinião. Opinião, opinião, opinião. Argumentos? Pouquíssimos. Palpite? Assim, ó, à beça!
Daí que chegamos a 2010. Eleição seguiu-se a eleição, com um pequeno impeachment no meio, feito a azeitona no martini seco. Pela parte que me toca, nada me tocou. Mudei de casa, estado, país. Não votando. Talvez para matar saudades da juventude perdida, aquela propalada aurora de nossa vida, nem passei perto de urna, presidente, mesário, esses bibelôs todos.
Agora, nesta quinta-feira, no dia em que digito estas mal informatizadas linhas, leio na primeira página virtual de nossas folhas que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda não se decidiu se será necessário ou não para o eleitor levar, além do título, um documento made in Brazil que estampe foto do indivíduo que vai cumprir seu deverzinho cívico.
Parece que a indecisão é só pra me chatear. O negócio é complicar. Deve dar um dinheirão. A paranóia ronda aqueles de minha idade e em tudo vejo complôs e intentonas pessoais. Eu ia até o consulado brasileiro aqui, no domingo, dia 3, para votar. Só porque descobri, com um imenso atraso, confesso, que os analfabetos não só podem mas como são obrigados a votar. Minha alma é incapaz de um bê-a-bá. Ao dever cívico, pois, raciocinara este vosso criado.
Sim, no Brasil, o voto é obrigatório. Conto o fato para dois ou três amigos ingleses no pub, mostro o recorte da propaganda eleitoral da Mulher-Pera. Faço o maior sucesso. Dizem, em sua língua arrevesada, que eu sou “um pândego” e um “tremendo gozador”, que, em inglês, são duas expressões bem mais divertidas do que minha tradução.
Agora, quando, depois do sucesso de meu anedotário e da foto da Mulher-Pera, assim que me pagaram o próximo pint de lager, eu vou em frente e, sempre com base em nossa altaneira realidade (cada vez mais próxima de uma cadeira no Conselho de Segurança das Nações Unidas), procuro abafar ainda mais e revelo: sim, votar é obrigatório, agora bacana mesmo é que analfabeto vota, mas não pode ser candidato. Impossível descrever a reação de Tom, Dick e Kevin. Viraram os olhos vermelhos, caíram do banco, entornaram a cerveja. Mas, e isso é importantíssimo, a próxima rodada me sai inteiramente grátis.
Não é culpa minha, não é safadeza, não é falta de patriotismo. É bebida fermentada de graça e vontade de agradar. Uma espécie de cartão-postal do Rio com o Corcovado e o Pão de Açúcar pelos quais optei como ilustração.
Agora, o que eles pedem para ver de novo é a Mulher-Pera. Só para ser diferente, tiro do bolso a outra foto que guardo para ocasiões especiais: a do palhaço Tiririca, acompanhada de minhas devidas elucidações. Palhaço aqui é coisa séria. Tom, Dick e Kevin, com uma inesperada frieza, se despedem e vão cuidar de suas vidas.
Onde foi que errei? Onde foi que erramos todos?"
Imagem obra de Saul Steinberg
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Rapidelas
Não foi a responsabilidade excessiva solitária prolongada e contínua que quase acabou comigo. Não foi o meu onze de setembro pessoal, o câncer, que provou o quanto não sou inexpugnável e levou consigo órgão vital, o responsável pelo meu quase fim. Não foram alguns poucos temores, tampouco as descobertas emocionais que quase limitaram minha existência. A grande vilã foi a depressão, enfermidade incapacitante que deixa a nossa alma triste e sem cor, desequilibra a nossa química, quase altera a nossa essência. A depressão foi a pior inimiga, a oponente mais forte e capaz de ofertar dura batalha, a que me virou do avesso e testou a minha condição de sobreviver.
Eu fico realmente impressionada com a grave ignorância, base do preconceito e de idéias totalmente equivocadas ainda existentes. Foi-se o tempo do clínico geral competente e dedicado, capaz de curar todos os males. Atualmente, lidamos com médicos especialistas e necessitamos ter sorte para encontrarmos profissionais da saúde realmente competentes. Às vezes na cura prevalece a pura tentativa, erro e acerto.
Entre inibidores seletivos, recaptadores e outras coisas aparentemente esquisitas, surgem nomes diferentes que nos lembram as aulas de química: Norepinefrina, dopamina, venlafaxina, niacina, triptofano, serotonina, melatonina e outras tantas, algumas existentes em determinados alimentos, que fazem um bem danado. A substância certa, na dose certa, faz milagres.
Antes de definir seu futuro companheiro, confirme também a boa saúde do hipotálamo e da hipófise do rapaz. Lembrem-se: Boa dosagem de oxitocina e equilibradíssima dosagem de cortisol. Mais uma para rir ou não.
Eu não aprecio alimentos apimentados, mas aprendo o benefício que a pimenta traz para nossa saúde. Aliás, já repararam como nosso organismo pede (nos induz) a ingerir o que realmente necessitamos? Assim, aos aficcionados por pimentas, segundo a escala de scoville, quanto mais capsaicina melhor.
Remédio para todos os males
Eu confesso que não resisto e com a vontade vinda do ânimo desses cozinheiros famosos, preparo gostosuras e descubro o prazer da procura e do uso de ingredientes frescos: verduras, legumes, carnes, aves, peixes e frutas compradas poucas horas antes do preparo da folia gastronômica.
Podem pensar que isso é primário, prosaico, banal, mas para mim, que nunca antes tive tempo e espaço para esparramar meu recém descoberto talento culinário é uma adorável realização não pretendida, sequer imaginada.
Vejo Nigela, Kylie, Jamie, Garvin, Chuck e aprendo a essência do alimento confortável que encanta os sentidos e, o principal, retomo o adorável resultado dos alimentos preparados pela minha mãe: Leves, deliciosamente saborosos, nutritivos e sobretudo saudáveis. Fico encantada com o charme do Bourdain e, às vezes, assisto ao aparentemente colérico Ramsay e suas assustadoras descobertas nas câmaras frigoríficas de restaurantes pessimamente geridos, à beira da falência e confirmo minha aversão pela cólera (desenvolvi antipatia contra as pessoas coléricas), mas sem deixar de apreciar sua competência no preparo de receitas no programa da baixinha Rachel Ray. Quer descobrir um bom cozinheiro? Um cozinheiro profissional? Observe seu jeito de cortar e misturar os ingredientes, clara limitação de Nigela, que consola minha inaptidão com os cortes superfinos de legumes e vegetais. Kylie também é adepta do “comfort food” ao ensinar a alquimia chinesa, afinal, cozinhar nada mais é do que a boa e velha alquimia, o remédio contra todos os males.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Sábios conceitos
"Quem amadureceu se governa pela razão e não é escravo dos desejos: só exercem aqueles lhe convém que estão de acordo com seus valores morais."
O caminho para a evolução sexual parece ser longo, mas quais foram as mudanças mais marcantes?
Acompanhe o twitter do psiquiatra Flávio Gikovate.
Imagem reprodução.
Flávio Gikovate
Gosto dos ensinamentos do psiquiatra Flávio Gikovate, principalmente, da coerência de suas ideias.
Por ocasião do lançamento do mais novo livro desse conceituado psiquiatra ("Sexo", MG editores), no último domingo, o Suplemento Feminino do jornal o Estado de São Paulo publicou a entrevista abaixo reproduzida:
"Em seu 30º livro, o psiquiatra Flávio Gikovate reafirma que a humanidade continua insistindo que sexo é uma manifestação de amor. Ele mostra como os pensamentos equivocados têm produzido consequências negativas, a exemplo dos casos de depressão. Aos leitores, propõe uma revisão dos conceitos e sugere que se pense com seriedade sobre sexualidade. Para isso, é preciso deixar o conservadorismo de lado.
Gikovate diz que o sexo é motivo de enormes preocupações. Seja em relação à competência sexual, ao desejo de corresponder a padrões de beleza e até à preocupação em relação ao tamanho do pênis e ao orgasmo feminino. Discorre sobre a vaidade, que classifica como prazer erótico de se exibir e despertar algum sinal de admiração, e sobre as diferenças entre desejo e excitação.
Ainda não se aprendeu a separar sexo de amor?
Ainda não se aprendeu a separar sexo de amor?
Não. É preciso entender que fazemos sexo e sentimos amor. Mas a humanidade continua insistindo que o sexo é uma manifestação do amor.
O caminho para a evolução sexual parece ser longo, mas quais foram as mudanças mais marcantes?
Começou com a chegada da pílula, a revolução sexual, quando acompanhei o aumento brutal do exibicionismo feminino, quando elas diminuíram o tamanho do maiô e, consequentemente, acenderam a disputa entre os homens. O avanço mesmo foi fazer sexo oral e sair do "papai e mamãe". Mas a preocupação do homem continua sendo o tamanho do pênis e a da mulher, a chegada ao orgasmo.
O senhor diz que a revolução sexual é um tanto medíocre, por quê?
Porque foi um movimento que reforçou o que as mulheres queriam combater, enfraqueceu as relações de amizade e aumentou o consumismo. Confundiram o que é liberar sexo com o que é amor.
Como se livrar das ideias pré-concebidas sobre sexo?
Hoje voltaram a usar o termo "servidão voluntária". As pessoas estão acostumadas a simplesmente obedecer. Nunca tiveram a chance de serem livres, mas continuam obedecendo. O legal mesmo é desobedecer para descobrir coisas novas. É aí que está a liberdade.
A valorização do sexo casual é sinal de imaturidade emocional?
Sim, pois ela só privilegia o cafajeste, que é imaturo, mentiroso, egoísta, capaz de envolver sem qualquer culpa ou preocupação com o sofrimento que pode causar. Mas se dá bem porque fala tudo o que a mulher quer ouvir. Desse ponto de vista, os homens mais maduros, mais preocupados em não magoar e mais competentes para amar, sentem profunda inveja dos cafajestes. Devido à delicadeza e cuidado em não serem invasivos, são vistos como menos sensuais.
Qual a relação entre sexualidade e agressividade?
Os primitivos mais agressivos foram os que fecundaram mais. Do ponto de vista biológico, me parece claro que existe forte associação entre a sexualidade, especialmente a masculina, e a agressividade. O que se justifica do ponto de vista da psicologia evolutiva, pois os mais fortes e mais violentos tiveram maiores chances de se reproduzirem numa selva primitiva, onde havia escassez de mulheres.
O livro também fala sobre o individualismo. Quais as consequências que ele traz?
Começou com o rock, quando os casais se desgrudaram para dançarem separados. E o individualista cresceu graças ao avanço tecnológico. As pessoas sozinhas, antes vistas com preconceito (como as "solteironas"), são invejadas por serem independentes, o que virou um problema para o casamento, pois quem vive sozinho parece ter menos problema. Mas tudo isso acabou determinando uma crescente competitividade entre homem e mulher.
Por que a prática sexual hoje é definida pela indústria pornô?
Isso é fato. As mulheres detestavam sexo anal, hoje gostam por causa dos filmes pornôs. Ao mesmo tempo, essa indústria trouxe aflições antigas, como o tamanho do pênis. É um produto que estimula a fantasia.
Como enxerga o futuro?
O sexo casual vai ser substituído pelo sexo virtual, que é mais próximo da masturbação. Apesar da libertinagem parecer uma coisa boa, não funciona, pois as pessoas se apaixonam.
Cristiana Vieira"
Acompanhe o twitter do psiquiatra Flávio Gikovate.
Imagem reprodução.
Descobertas
Eu tinha pouca, pouquíssima paciência para jogar xadrez. Aprendi o movimento de cada peça, não aprendi como tirar o melhor resultado desses movimentos e distraída, precipitada, em pouco tempo eu deixava de lado o tabuleiro e suas personagens talhadas em madeira, saídas de castelos medievais: Rainhas, reis, bispos, peões. Xadrez não é jogo para pessoas agitadas. Não é.
Na primeira demonstração de interesse do meu filho, ainda garoto, pelo tabuleiro do avô, eu lhe dei de presente o jogo do Kasparov, uma engenhoca que guardava na memória cada lance do mestre enxadrista e permitia o jogo solitário contra a máquina. À época, eu quis que a minha limitação no xadrez não fosse compartilhada com o meu filho.
Há alguns dias, numa tarde preguiçosa e chuvosa, resolvi experimentar o xadrez instalado no computador e encontrei novo encanto nesse jogo por mim antes desprezado. Descobri sobre estratégias, armadilhas e malícia, alguns dos diversos raciocínios demandados no xadrez. Descobri que às vezes sou ingênua e continuo distraída. Imitei os movimentos da máquina, ousei e ataquei com extrema rapidez (movimentos apelidados kamikazes), rodei e rodei mais um pouquinho até chegar ao rei adversário.
Neste reinício dediquei especial predileção pela rainha, a peça mais competente, capaz de correr o tabuleiro em todas as direções; praticamente entreguei meus peões até entender que são perfeitos em suas movimentações na proteção de outras peças; aprimorei a atitude intrépida dos cavalos e pus as torres para correr. Meu rei é solidário e acompanha seus súditos à frente na batalha - eu não admitiria um rei covarde. Como sou iniciante assumida, às vezes desfaço a minha movimentação desprovida de qualquer inteligência. É o meu jeito de contrapor a malandragem do computador, que em desvantagem empata e impede movimentos de jogo que na certa seria ganho por mim.
sábado, 25 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
sábado, 11 de setembro de 2010
Cerrado
Dia do cerrado, da vegetação valente, às vezes retorcida, aparentemente seca, sobretudo vitoriosa.
(o cerrado ocupa cerca de 24% do território nacional)
sábado, 14 de agosto de 2010
Rapidelas
Os corredores dos supermercados estão cada vez mais estreitos e o desconforto aumenta. Se essa é a nova onda, então, sugiro que as grandes redes providenciem sala de leitura para os aficionados em rótulos, comparações, contagem de calorias e composições dos diversos produtos, que costumam ocupar precioso espaço entre as gôndolas durante suas pesquisas. Que tal distribuir lentes de aumento para facilitar a vida dos clientes? Alguém entende de verdade o que está escrito nos diversos rótulos?
TV paga e a vantagem de assistir filmes, documentários, programas variados e aprimorar a audição para não desaprender o inglês, o francês, quem sabe se esforçar para entender alguma coisa do filme falado em alemão. Como? Programação dublada? Céus! Não é essa a ideia. Não é.
“O encantador de cães”, César Milan, e a insistente lembrança da importância da “energia calma e submissa” ao lidar com o cão. Assim, os cães desembestados, encapetados, traiçoeiros e agressivos, transformam-se em criaturas dóceis e companheiras. Alguém se candidata a vaga de encantador de pessoas?
Nosso cérebro leva em média dezoito anos para completar as sinapses entre os neurônios. Aos vinte anos começa a degeneração do cérebro. O tempo entre o apogeu e o início da degeneração desse órgão é exíguo. Nosso cérebro é admirável e possui plasticidade assombrosa. Extraordinário também é o avanço da nanotecnologia e das pesquisas para a cura de diversas doenças, para a conquista da longevidade saudável e de outros benefícios através do cérebro. Uma das palavras-chave é estímulo.
Segundo documentário científico transmitido pela TV, praticamente toda a população da Islândia teria o código de DNA arquivado para estudo. Uma das vantagens seria a do indivíduo conhecer sua propensão para contrair determinadas enfermidades (e a possível paranóia decorrente dessa descoberta). Outra vantagem seria a possibilidade de escolher o melhor parceiro para a constituição de prole com determinadas características. Não basta, por exemplo, ser atraente e saudável para conquistar determinada pessoa (lógico que bom caráter continua a ser fundamental). Assim, ao menos na Islândia, a constatação de afinidades entre um casal pode ultrapassar os limites habituais ao incluir a codificação genética. Aqui, por enquanto, não nos preocupamos sequer com o tipo sanguíneo do futuro parceiro. Será realmente necessário chegarmos a tanto?
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
You never need glasses to mark the contours of your house
It hurts to walk on new legs:
The curse of consonants, the wobble of vowels.
And you for whom I gave up a kingdom
Can never love that thing I was.
When you look into my past
You see
Only
Weeds and scales.
Once I had a voice.
Now I have legs.
Sometimes I wonder
Was it fair trade?
* * *
She knows it’s neither strange nor hard
To raise children on graveyards.
All you need
Is a terrible deed –
Then you bury the dead,
And forget.
* * *
Listen to the song of the reed flute:
It sings of separation.
Torn from the leaf-layered, wind-voiced
Banks of the pond,
It is joined to sorrow and joy
By a slender sound.
Who, asked Rumi, can understand
The reed’s longing to return?
Let its raw lips rest then;
Let all words be brief then.
And I, O Believers, cried Rumi
(Having lost the man he loved),
I who am not of the East
Nor of the West, un-Christian,
Not Muslim or Jew, neither
Born of Adam nor Eve,
What can I love but the world itself,
What can I kiss but flesh?
Let my raw lips rest then;
Let all words be brief.
The curse of consonants, the wobble of vowels.
And you for whom I gave up a kingdom
Can never love that thing I was.
When you look into my past
You see
Only
Weeds and scales.
Once I had a voice.
Now I have legs.
Sometimes I wonder
Was it fair trade?
* * *
She knows it’s neither strange nor hard
To raise children on graveyards.
All you need
Is a terrible deed –
Then you bury the dead,
And forget.
* * *
Listen to the song of the reed flute:
It sings of separation.
Torn from the leaf-layered, wind-voiced
Banks of the pond,
It is joined to sorrow and joy
By a slender sound.
Who, asked Rumi, can understand
The reed’s longing to return?
Let its raw lips rest then;
Let all words be brief then.
And I, O Believers, cried Rumi
(Having lost the man he loved),
I who am not of the East
Nor of the West, un-Christian,
Not Muslim or Jew, neither
Born of Adam nor Eve,
What can I love but the world itself,
What can I kiss but flesh?
Let my raw lips rest then;
Let all words be brief.
Ando calmamente nos arredores do verbo
Pausa à tarde para suco de frutas, sorvete e bom papo. É muito bom trocar ideias, compartilhar significados e experiências.
Imagem de Lilian Bassman
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Conversa filial - do avô para o neto
Eu sei, papai. A garotada de hoje não reconhece o valor e a qualidade de certas coisas. Acostumaram-se em demasia com jeans, tênis, camisetas e camisas esportivas. Bermudas e bonés. Cada jovem é despojadamente elegante. Às vezes o despojamento é excessivo.
Terno? O primeiro terno, meio a contragosto, foi considerado nas festas de quinze anos das amigas, o mesmo usado na formatura do colegial. Na formatura da faculdade a beca os poupou do terno completo. São padrinhos dos casamentos dos amigos e, finalmente, conseguem curtir e se sentem mais elegantes nos ternos bem cortados.
Querem impressionar na entrevista para o emprego desejado? Usam terno. Aprendem a escolher com mais atenção a gravata, a camisa e aos poucos descobrem outro tipo de elegância.
Nas minhas arrumações lembrei-me de você papai. Também me lembrei de uma entrevista do Antônio Ermírio de Moraes sobre os ternos do pai que ele usava. Mesmo que eu não tivesse me lembrado dessa entrevista, confesso que fiquei encantada ao rever seus ternos e seu smoking. Mamãe fez questão de guardá-los todos esses anos. Imaginei como os apresentaria ao seu neto, para que ele os reformasse e os aproveitasse.
Fiquei cheia de dedos porque os jovens que passaram a usar ternos, os compram prontos em lojas masculinas e desconhecem as peças de alfaiataria feitas sob medida. Foi num sábado de manhã, na TV passava o “Poderoso Chefão”. Lá estava Al Paccino, um pouco antes da cena do batismo do sobrinho, com um terno idêntico ao seu (três peças, colete incluso). Foi a minha deixa: Apresentei ao seu neto as roupas do avô guardadas pela avó. Ele escolheu o que queria e deixou de lado os conjuntos safári que serão doados. Agora, papai, o próximo passo será encontrar um bom alfaiate.
Ah! Seu neto xará também mostrou interesse por suas canetas e seu relógio preferido. Ele merece.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
Cão adoecido
O cão adoeceu. Um senhor cão de onze anos, pelos brancos no focinho e no alto da cabeça. Tosse sofrida acompanhada por vômito e falta de ar. Horas seguidas.
O primeiro veterinário definiu o antibiótico para os vinte dias seguintes. O segundo veterinário solicitou exames para descartar de vez enfermidade cardíaca: Raio X, eletrocardiograma, ecodopler e providenciou injeção de antialérgico e corticóide. Após dez dias reforçou o mesmo medicamento em comprimidos e foi sincero: Não sabia o que o cão tinha. A terceira veterinária informou que esse mal estar era coisa sem cura, decorrente da idade. A quarta veterinária, plantonista do hospital especializado, providenciou exame de sangue e ensinou novo termo: traqueite. O quinto veterinário manteve o cão no soro, acrescentou injeção com antibiótico e solicitou ultrassom. O ultrassom foi feito da ponta da orelha cumprida até as patas traseiras. Após alguns dias, mais uma injeção de antibiótico. Vieram as observações caseiras: O mal estar era mais forte à noite, madrugada adentro. Cansaço. Fiz massagens e apoiei minha mão no cão em suave pressão. Minha mão formigava e ele se acalmava. Numa semana duas noites inteiras sem dormir e noutra, três. Não eram noites compostas por cochilos relaxantes, ao escrever sem dormir quero dizer alerta, sem dormir nem no dia seguinte, de manhã ou à tarde. Não acreditei que meu organismo aguentaria. Após a terceira noite da segunda semana fui à minha médica e pedi arrego. Durante o dia eu chorava e o choro foi a minha válvula de pressão. Chorava ao ouvir determinada música, ao assistir a algum filme. Fiquei de olho no cão o tempo todo. Foi o meu tempo de retribuir uma pequena parte dos onze anos de alegria e fidelidade inquestionável. Foi o nosso medo de doença grave e do fim deste peludo que nos considera sua matilha. Seguramos nossas ideias e as compartilhamos com extremo cuidado: Meu filho e eu nos poupamos o máximo que pudemos. Um casal de idade, antigos moradores de casa próxima, deixou seu boxer de três anos no local de trabalho de meu filho. De imediato o telefonema: Adivinha o que está em minha frente. A mesma brincadeira de adivinhação de onze anos atrás com o filhote cão na mão. Desconsideramos que companhia canina poderia auxiliar a recuperação deste senhor. O controle da traqueite trouxe a cura e nossa alegria. Os dias frios da semana passada vieram acompanhados de nova onda de tosse. Agora mantenho o mesmo zelo, mas descartei o temor de enfermidade severa, apesar dos onze anos do cão. Nosso amor é persistente.
Emburrecimento espontâneo
A pausa foi necessária. Desligar-me da internet, das informações sem fim. De repente percebi quantas horas eram gastas por dia na atualização de sites, nas inúmeras leituras, nas revistas, blogs, jornais, emails, na assimilação das notícias mundiais, novidades da ciência, tratamentos médicos. Confirmar a máxima do eu nada sei e quanto mais aprendo mais tenho que aprender aliado à angústia do conhecimento infinito ao alcance das pontas dos dedos e da conexão rápida. Horas sentada, encostada em almofadas, esparramada no colchão, na poltrona, no sofá. O corpo a demandar atividade enquanto a mente superlotada pedia arrego. A simplicidade e sabedoria da pergunta básica: Para quê?
No primeiro dia de abstinência internética, acompanhada por panos de pó, arrumei meus livros, organizei-os, descobri exemplares interessantes não lidos. No segundo dia, alcancei ilhas isoladas pelo respeito aos bens que não eram meus, mas por herança integraram-se ao meu mundo: fotografias, cartas, papéis, exames, muitas coisas guardadas em malas de couro imensas e antigas, com fechos simples – como viajavam pelo mundo com malas sem cadeados, sem segredos, em navios, portos, aviões, aeroportos? Sentada no chão, o cão deitado ao lado, li, admirei, rasguei, guardei, organizei, separei o que seria doado do descarte. No final de cada dia, o corpo cansado, senti prazer com os diversos resultados. Finalmente, aprendi a parar, a considerar horário, a respeitar-me mais. Foram anos seguidos de desconsideração do tempo informado para o final do expediente e de horas em excesso dedicadas para dar conta das demandas abusivas. Não mais. Chegada a hora previamente estipulada, aprendi a parar para iniciar o relaxamento diário. Aprendi a dedicar mais tempo aos afazeres antes corridos, a curtir todos os procedimentos e entregar-me com qualidade.
Tornei-me mais eficaz no manuseio de minha agenda e, tempo de copa do mundo, a encontrar pausas para curtir os jogos de meu interesse – céus! descobri que realmente gosto de futebol e me encanto com as boas partidas. Torci, soltei gritos de incentivo, fiquei chateada com alguns jogadores e juízes, dei pulos e após cada reação tão espontânea eu ria da minha própria atitude: Aprendi a me soltar mais.
Observei alguns móveis, pesquisei e com o cão caminhei até a marcenaria escolhida para os reparos tão necessários. Com essa minha nova brincadeira a primeira televisão colorida, acondicionada pelo fabricante em belo armário de madeira, foi retirada e o novo armário foi integrado à sala, bem embaixo do portrait pendurado na parede. Foi tempo de consertos.
Confesso que gostei muito da minha nova conquista: A capacidade de ficar semanas seguidas sem ligar o computador.
domingo, 8 de agosto de 2010
Pais
É tempo do amoroso carinho, da terna lembrança, da saudade, do perdão, do reconhecimento da escolha certa, do constante bom exemplo, do resgate concluído.
É possível que a paternidade compreenda a vocação. O ateniense era pai vocacional. Meu norte e força. Minha maior afinidade. Minha identificação.
domingo, 25 de julho de 2010
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Nos grandes infortúnios da vida cobramos coragem quando somos o sustentáculo de uma criança. A inquietação que temos pela criança sustenta uma coragem invencível
Ontem, meu filho veio seguido pelo cão ao meu quarto e sugeriu, ou melhor, definiu a programação do dia das mães. Entregou-me meu presente, disse que tomaríamos nosso café da manhã na doceria que eu mais gosto, depois, almoçaríamos no shopping e iríamos ao cemitério depositar flores no túmulo da yayá (vovó em grego).
Hum. Olho para o cão, abro meu presente, agradeço e resolvo que, pela primeira vez, eu quero ser a mãe e quero que o meu dia seja de um jeito diferente, para nós, mãe e filho, dois adultos com vinte e um anos de diferença.
Apesar da tentadora ideia eu considerei o horário e descartei o café da manhã na doceria preferida. Sugeri que meu filho descesse com o cão para o primeiro passeio diário e enquanto isso, eu tomaria um bom banho lavaria e secaria o meu cabelo (haja tempo para secar o cabelo).
Com vontade de boa refeição árabe, fomos à Brasserie Victoria, o melhor restaurante árabe da cidade de São Paulo. Não há outro igual, não há outro com a qualidade e a tradição do Victoria, desde a sua inauguração, na rua 25 de março, há mais de trinta anos. O segredo? Bons ingredientes e a constante presença do dono (atualmente, são os netos da dona Victoria que tocam o negócio, principalmente, a feitura de cada produto servido).
Ao mudarem para o bairro do Itaim, minha mãe, meu garotinho e eu íamos à Brasserie, no mínimo, quinzenalmente e nas tardes, durante a semana, a idosa dona Victória sentava-se à nossa mesa e comentava sobre sua vida e me dava conselhos.
Com vontade de boa refeição árabe, fomos à Brasserie Victoria, o melhor restaurante árabe da cidade de São Paulo. Não há outro igual, não há outro com a qualidade e a tradição do Victoria, desde a sua inauguração, na rua 25 de março, há mais de trinta anos. O segredo? Bons ingredientes e a constante presença do dono (atualmente, são os netos da dona Victoria que tocam o negócio, principalmente, a feitura de cada produto servido).
Ao mudarem para o bairro do Itaim, minha mãe, meu garotinho e eu íamos à Brasserie, no mínimo, quinzenalmente e nas tardes, durante a semana, a idosa dona Victória sentava-se à nossa mesa e comentava sobre sua vida e me dava conselhos.
Lembro que garota eu ia com minha mãe comprar massa fina, muito parecida com papel vegetal molinho, para o preparo dos deliciosos doces gregos que a ateniense fazia. Era o genro da dona Victória que nos atendia e foi o genro da dona Victória que, nesse domingo, lembrou-se da simpática e adorável dona E. e após carinhosa conversa me presenteou com quatro trouxinhas de tule repletas de amêndoas coloridas. "Você tem bolsa, minha filha? Coloca essas amêndoas dentro da sua bolsa."
Foi a alegre neta da dona Victória que fez a maior festa ao me ver e emocionada comentou sobre minha mãe, trocou ideias com meu filho e combinamos almoço durante a semana para colocarmos a vida em dia.
Nós não fomos ao cemitério, mas a minha mãe nos encontrou e ficou conosco o tempo todo.
Ah, lembram que comentei sobre a simpática filha da poetisa Cora Coralina, nossa vizinha durante anos? Pois lá estava ela, no mesmo restaurante, com o filho, a nora e a netinha. Comentei com o garotão sobre essa adorável coincidência de pensar nas pessoas e encontrá-las, mas não me aproximei para não atrapalhar o almoço da família.
Esta vida é uma delícia e grande parte do seu melhor está nas lembranças que mantemos, apesar do tempo, apesar da própria vida.
Citação de Bachelard
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