segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Cão adoecido

O cão adoeceu. Um senhor cão de onze anos, pelos brancos no focinho e no alto da cabeça. Tosse sofrida acompanhada por vômito e falta de ar. Horas seguidas.
O primeiro veterinário definiu o antibiótico para os vinte dias seguintes. O segundo veterinário solicitou exames para descartar de vez enfermidade cardíaca: Raio X, eletrocardiograma, ecodopler e providenciou injeção de antialérgico e corticóide. Após dez dias reforçou o mesmo medicamento em comprimidos e foi sincero: Não sabia o que o cão tinha. A terceira veterinária informou que esse mal estar era coisa sem cura, decorrente da idade. A quarta veterinária, plantonista do hospital especializado, providenciou exame de sangue e ensinou novo termo: traqueite. O quinto veterinário manteve o cão no soro, acrescentou injeção com antibiótico e solicitou ultrassom. O ultrassom foi feito da ponta da orelha cumprida até as patas traseiras. Após alguns dias, mais uma injeção de antibiótico. Vieram as observações caseiras: O mal estar era mais forte à noite, madrugada adentro. Cansaço. Fiz massagens e apoiei minha mão no cão em suave pressão. Minha mão formigava e ele se acalmava. Numa semana duas noites inteiras sem dormir e noutra, três. Não eram noites compostas por cochilos relaxantes, ao escrever sem dormir quero dizer alerta, sem dormir nem no dia seguinte, de manhã ou à tarde. Não acreditei que meu organismo aguentaria. Após a terceira noite da segunda semana fui à minha médica e pedi arrego. Durante o dia eu chorava e o choro foi a minha válvula de pressão. Chorava ao ouvir determinada música, ao assistir a algum filme. Fiquei de olho no cão o tempo todo. Foi o meu tempo de retribuir uma pequena parte dos onze anos de alegria e fidelidade inquestionável. Foi o nosso medo de doença grave e do fim deste peludo que nos considera sua matilha. Seguramos nossas ideias e as compartilhamos com extremo cuidado: Meu filho e eu nos poupamos o máximo que pudemos. Um casal de idade, antigos moradores de casa próxima, deixou seu boxer de três anos no local de trabalho de meu filho. De imediato o telefonema: Adivinha o que está em minha frente. A mesma brincadeira de adivinhação de onze anos atrás com o filhote cão na mão. Desconsideramos que companhia canina poderia auxiliar a recuperação deste senhor. O controle da traqueite trouxe a cura e nossa alegria. Os dias frios da semana passada vieram acompanhados de nova onda de tosse. Agora mantenho o mesmo zelo, mas descartei o temor de enfermidade severa, apesar dos onze anos do cão. Nosso amor é persistente.

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