quarta-feira, 12 de março de 2008

Estagiários

Cada vez mais tenho certeza que meu filho e eu somos estagiários da vida.
Pela primeira vez vivemos como eu sempre quis desde que o tive. Ele aprende a cumprir responsabilidades e eu aprendo a organizar o espaço. Descubro o prazer de preparar uma refeição gostosa para confortar após longo dia de trabalho, a perfumar a casa e os lençóis para excelente noite de sono, a cuidar das plantas para que nos dêem prazer, a estar atenta a olhares tristes e nervosismos obtidos no horário comercial. Pela primeira vez conversamos sem a preocupação do ciúme que nosso entrosamento poderia causar. Falamos de tudo, trocamos idéias e compartilhamos conselhos. Principalmente, ouvimos. Ouvir o outro é fundamental.
Não há qualquer cobrança chata, nem a tacanha vidinha cotidiana. Tornei-me especialista em extinguir a rotina e a surpreender com alegria e folias.
Naturalmente trocamos gentilezas e tentamos amenizar quaisquer pesos dos últimos anos. Sabemos o que passamos.
Sem qualquer esforço criamos novos e saudáveis costumes que celebram a vida.
Ontem, resolvi abrir uma garrafa de prosecco e a reação imediata foi - por que, mãe? Porque nós merecemos, filho. E assim, conversamos durante horas, enquanto tomávamos nosso vinho e o garotão acendia seu cigarro na sala, ao invés de fazê-lo na área de serviço, como ele prefere, por conta do cheiro que o cigarro deixa. O cão dormia no chão ao nosso lado.
Somos estagiários da nossa vida futura. Meu filho estagia na categoria futuro marido e pai de família e eu estagio na categoria aprender a viver, ser feliz e fazer o outro feliz. Nosso estágio é temporário e probatório. É um grande privilégio cumpri-lo.

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