quinta-feira, 25 de junho de 2009

Singular

Sem dúvida a morte faz pensar e nos permite relembrar a história dessa celebridade especialmente talentosa, quanto controversa.
Lembro da primeira vez que assisti a apresentação do grupo Jackson Five, num programa de televisão preto e branco, na década de sessenta. Lembro como fiquei especialmente impressionada com aquele garotinho que a determinada altura do show ficava à frente dos irmãos corpulentos e os superava. Era Michael Jackson. Que voz, que presença e quanto talento. Os outros quatro Jacksons limitavam-se aos passos da dança tão característica do grupo. Imaginei que nos bastidores o garotinho deveria riscar um dobrado com os irmãos, mais velhos e bem maiores, relegados à segundo plano.
Sim, é lógico que aprendi as letras de várias músicas e cantava, do meu jeito, sem sequer chegar perto da especial afinação do mini-artista e, minha voz de menina, ficava longe, muito longe da tão especial voz daquele garotinho.
Nas décadas de setenta e oitenta, dancei muito ao som da melhor fase de Michael Jackson e na década de noventa, éramos mãe e filho a conhecer o mesmo astro.
Acompanhei o crescimento da Motown, que lançou os singles I’ll be there (será que existe alguém que não tenha se emocionado com essa letra água-com-açúcar?), I want you back, ABC (...shake it, shake it, shake it, abc ooo baby, 123 ooo baby, do re mi, that’s how easy love can be) e The love you save, todos com muito sucesso.
Hoje, leio que a mistura singular de soul, R&B, funk, disco e rock tornaram Michael Jackson o maior artista do pop mundial. Ele tinha presença vocal e dançava de maneira esplendida, sem qualquer temor ao ousar de forma inédita. Os arranjos de suas músicas são especiais, o que me fazia pensar que ele era pefeccionista. A divulgação e promoção de sua arte era abrangente e eficaz. Assim, cifras astronomias foram atingidas e diversos recordes na indústria do entretenimento foram quebrados por ele.
Creio que seu encontro com mago Quincy Jones era inevitável e firmou o estilo musical do rei do pop. De primeira, em 1979, vieram os mega sucessos: Don’t stop till you get enough, She’s out of my life e Rock with you - enquanto escrevo lembro de letras e melodias.
Em 1983, foi lançado o super Thriller, o álbum mais vendido de todos os tempos. Os melhores vídeo clipes, com efeitos especiais de última geração: Michael Jackson. Vídeo clipe dirigido por Martin Scorcese? Do álbum Bad, de Michael Jackson. O auge da MTV, duetos com famosos (as músicas com Paul McCartney são especiais) e o lançamento de We are the world, que reuniu vários artistas reconhecidos em uma mesma canção. Vieram Dangerous, alguns hits como Heal the world, Black and white e os escândalos acompanhados pela mídia mundial. Foi aqui que parei, no desencanto com o que era divulgado, com o comportamento excêntrico, polêmico e as alterações tão drásticas quanto infelizes. O sucesso inigualável parecia ter ficado em segundo plano, tal qual os quatro irmãos corpulentos na década de sessenta. Surgiram justificativas sobre sua precocidade artística, os maus tratos ocorrido em família, desajustes e síndromes. Por um tempo esqueci da voz, do ritmo, da melodia e hoje, retomei parte desses encantos. Michael Jackson é o primeiro artista que mãe e filho curtiram e juntos, foram pegos de surpresa com a notícia de sua morte. E meu filho ainda comentou que em seu próximo show, que aconteceria em Londres, Michael Jackson surpreenderia e voltaria ao topo. Não duvido.

2 comentários:

Gerana disse...

Excelente! Passei pelas mesmas etapas. Uma diferença: nos 90, éramos mãe e filha (em lugar de filho) a curtir MJ.

Mari disse...

É minha amiga, vivemos a mesma época...E hoje vejo meu filho entritecido pela morte do Michael.
Só acho mais triste do que a perda, esta coisa toda que a imprensa joga a todo instante na rede de notícias. Muito triste isto, mas é isso que fazem para vender o que chamam de "notícia".