
Cair na folia para descarregar todo o peso e renovar a energia para os próximos trezentos e tantos dias do ano? Sumir, se divertir, dar um tempo para tentar ser feliz e se esquecer de tudo, virar outra pessoa ou a pessoa que você sempre guardou aí, dentro, para depois voltar à mesmice morna e aguentar as escolhas mal feitas ao longo da vida? E por falar em vida, não seriam estes os dias que ela pulsa mais forte e plena de exageros, sem amarras, sem limites, o suor misturado ao ritmo a sensualidade independente e de ninguém?
Por treze anos o melhor companheiro que toda a mulher poderia querer, carioca bonito sorriso lindo braços fortes e protetores sempre alegre e animado carinhoso querido com suingue e muito samba no pé o corpo cuidado moreno gostoso, tudo entendia pelo olhar, não há nada melhor do que assistir a um show na praia, abraçados, sob o luar e o mundo de estrelas, de um lado o Pão de Açúcar, do outro a igreja matriz de Paraty, sob os pés a areia, a grama do Pacaembu e a do Morumbi, o ginásio candango com jeito de nave espacial, o rio de água gelada e pedras de Penedo o frescor do verde de diferentes cores de Visconde e vizinhanças.
Dizem que quem assistiu a um desfile assistiu a todos, mas não é bem assim; e, sim, todos deveriam ao menos uma vez na vida curtir o ensaio na quadra de alguma boa escola do Rio e o desfile principal na avenida, de preferência em algum lugar seguro e confortável, com visão privilegiada e vibrar com a entrada da bateria e deslumbrar-se com o som da bateria e encantar-se com o ritmo contagiante do Olodum na terça da bênção no Pelô em Salvador. E depois do banho daquele mar, daquele sol que brilha e avermelha a pele branca a cerveja gostosa e gelada e os melhores bolinhos de aipim e camarão que ninguém consegue imitar.
Dei graças a estes dias de carnaval que serviram para descansar sem horário, sem necessidades, sem tempo para nada, os músculos soltos leves, a mente solta e leve, o coração solto suave e leve, os ombros soltos e leves tão leves como jamais foram, o carinho retribuído pelo filho e pelo cão. Aqui, a sentir o frescor do verde oasis no meio de tanta construção, a curtir a lentidão na saborosa ingestão dos alimentos sem tempo, sem correr, sem o massacrante ter que. É exatamente isto que eu quis nestes dias de carnaval, além de bons filmes, boas leituras, plantas tratadas, a suave moleza e, de repente, me dei conta que era noite de Oscar, alguns filmes e atores que tanto aprecio e um único canal a passar a celebração – por que insistem na infeliz tradução simultânea? – e ainda consegui assistir a premiação da melhor música, do melhor ator, atriz, filme. Achei muito legal a presença de tantos atores e atrizes, cada um a homenagear algum indicado (o jeito carinhoso de Shirley MacLain falar com Anne Hathaway foi coisa de mãe boa conselheira). E o susto das crianças casadas, futuros pais de família e atuais donos de um rebelde dachshund,
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