domingo, 10 de maio de 2009

Maternidade

Dia das mães filho longe e a prévia ideia de que seria difícil, triste, no mínimo estranho, mas, de repente, uma onda de tranquilidade, serenidade e suavidade toma conta de tudo que vai por dentro, e a data passa de forma diferente, internamente amorosa, plena, não mais oscilante entre o ser filha e mãe, que por anos foi sobrepujado pela mãe destas duas crianças com vinte e um anos de diferença, mãe e filho. Ah, ninguém deveria tentar entender, tampouco contabilizar o quanto cedemos de espaço, direito e sentimento em favor da convivência harmoniosa e pacífica. Talvez não seja bom tanto ceder, ou, tamanho ceder somente possa ocorrer em situações tão diferentes e especiais quanto aquela. Não importa. Decididamente, não. Jamais ceder tanto e por tanto tempo, porque a dura cobrança se torna inevitável. Aquele ceder foi especial e único. Mas eu pensava o quanto seria triste o dia desta mãe, meio vazio e, no sábado, na véspera, feliz com a pequena vitória de novamente conseguir caminhar com o cão, e enquanto encantada eu me sentia capaz, pensava onde eu almoçaria no dia seguinte para comemorar o dia das mães, a que horas eu deveria ir ao restaurante escolhido para evitar o movimento tão tradicional, além de algum mimo especial para mim, quando decidi que eu iria ao supermercado encontrar gostosuras e preparar eu mesma o almoço e curtir meu canto preferido e minhas leituras recentes e minhas músicas preferidas (tenho tantas músicas preferiras).
No domingo, logo cedo, o filho liga, me acorda e bem sonolenta eu me inundo de carinho e tive um dos melhores domingos dos últimos tempos. No final da tarde, ao acender minha lamparina, agradeci a três mães: À Santa Mãe, à mãe que eu conheci e à mãe que eu nunca vi. Às vezes eu fico com essa mania de escrever um monte de palavras que ninguém entende. É proposital.
Na Páscoa os Católicos Ortodoxos ao se encontrarem dizem Xristos Anesti (Jesus ressuscitou) e ouvem Alithos Anesti (verdadeiramente ressusitou). Na véspera do dia e no próprio dia das mães, as pessoas de bom coração, ao se encontrarem, desejam feliz dia das mães. Nunca antes recebi tantos feliz dia das mães como neste ano.

Três mudas diferentes, que encontrei onde eu menos esperava, foram tão pacientes e perseverantes ao me esperaram, a terra dentro daqueles saquinhos pretos de mudas estava tão seca, não sei como sobreviveram até este domingo, o dia que eu consegui plantá-las em vasos menores, depois de tirar um monte de folhinhas mortas, mexer a terra e carinhosamente aguar os vasos maiores que estavam sedentos. Até ancinho eu encontrei para a terra dos meus vasos, embora o bom mesmo seja a mão sem frescura que entra em contato com a terra e recebe da terra e entrega à terra o que deve entregar. E lá estão as três novas plantas perseverantes, com folhas lindas e diferentes, afinal, lavanda e bálsamo são coisas do céu, da paz.

Há tempos eu não sentia tanto prazer com a primeira garfada de alimento tão gostoso.

Sentir prazer é bom demais.

Esta vida é cheia de graça.

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