quarta-feira, 5 de maio de 2010

O risco travestido de normalidade

Opa! Zapeando a TV encontrei comercial assustador (para mim assustador) sobre o jogo de pôquer, as habilidades de um bom jogador, a desconsideração do fator sorte e o convite para ingressarmos no maravilhoso mundo da jogatina, gratuitamente, através de determinado site promotor de campeonatos.
Quando eu era criança, eu ouvia que fortunas inteiras haviam sido perdidas nas mesas de pôquer.
No clube que eu cresci havia a sala de jogos, por anos frequentada por meus pais, ambiente vedado aos menores de idade. Minha mãe jogava buraco e pontinho com suas amigas a custo baixíssimo, o que permitia uma tarde inteira de diversão. Na mesa de pôquer que meu pai jogava - sempre os mesmos amigos jogadores - determinavam cacife irrisório para que não houvesse prejuízo significante. Meus pais jogavam cartas somente naquele ambiente seguro, nos finais de semana e iniciaram essa atividade quando tinham quase sessenta anos. Não correram o risco de se transformarem em ludopatas, nem de perder o conforto da família na mesa de jogos.
O assustador comercial do site de pôquer deixou-me muito preocupada com a facilidade e a abrangência de acesso, aliada à ausência de explicação sobre o possível vício e a perda financeira.
Como devemos estar alertas e quantas coisas nós devemos explicar aos nossos filhos.

Imagem obra de Georges Seraut

Um comentário:

Gerana Damulakis disse...

Já fui parar, zapeando, no canal do jogo e fiquei um tempão só observando as caras do pessoal. Tem uma mulher que usa óculos escuros para não se trair pelas expressões. Fique um pouco e observe, é muito interessante viajar olhando aquilo, pensar o que se passa na cabeça daquela gente etc.