sábado, 5 de julho de 2008

Um eu dentro do outro

Eu sempre tive a necessidade de viajar para outros lugares, dirigir em boas estradas, para sair da rotina, renovar a boa energia e regressar inteira.
Em Brasília, o destino desse precioso período de renovação era a cidade de Pirenópolis, que fica próxima, em outro tempo e cenário, com várias cachoeiras para um bom refrescar. A cidade das cavalhadas, dos fuscas contados em frente da igreja, da pequena rua central apinhada de gente nos barzinhos locais.
A água é fundamental em meu destino. Água corrente que leve a parte ruim que às vezes impregna na gente.
Em São Paulo, eu sempre fiquei entre o mar e a montanha com seus rios. Ora um, ora o outro, além das constantes escapadas para Penedo e Visconde de Mauá. Apesar dessa necessidade, desse tanto gostar, às vezes, estamos tão fracos, tão sensíveis e vulneráveis, que tememos fazer o que nos traz o bem. Pois foi justo nessa fase que dirigir em boas estradas assustou demais. Sem dúvida, o medo impede, a insegurança restringe e sentí-los enquanto dirigimos demanda atenção extrema, concentração e nos deixa tensos. Muito tensos. Como resgatar a confiança entre caminhões imensos e ousados, ônibus apressados e carros que zunem ao nosso lado? De casa até a marginal do Tietê – não, eu não tenho a menor idéia onde fica a tal ponte da Casa Verde – na escuridão das seis da manhã de inverno, com trânsito intenso apesar da hora, quase fiquei na típica posição das velhas senhorinhas que grudam a face no vidro da frente do carro. Descobri que grudam, porque são inseguras. A estrada certa – no tal do rodoanel viário, qualquer um pode se confundir – cem quilômetros de pescoço e braços duros, até a parada estratégica para refrescar o rosto e perceber o dia clarear. Proteção. Bendito o rapaz que no dia anterior ligou para a concessionária das rodovias e descobriu em qual quilômetro, e o número da saída, a estrada B se encontra com a estrada C e me mostrou no mapa para qual direção seguir e não correr o risco de ser multada na marginal, pela perda de tempo com o erro do caminho, porque também era o dia do rodízio municipal de carros. Os outros quarenta quilômetros e os cento e cinqüenta da volta foram como costumavam ser: Boa música, garrafas de água e a mente livre. Relaxamento. Está tudo dentro de nós, sempre esteve.

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