sábado, 5 de julho de 2008

Sampolândiacity

Não é fácil viver em São Paulo. A quantidade de pessoas, carros, stress, problemas decorrentes da má administração e da falta de educação já são suficientes para complicar bem a vida por aqui. Por isso não sou complacente com situações adicionais que surjam e demonstrem o quanto esta cidade forte, dura e fria é, ao mesmo tempo, muito vulnerável.
Sempre respeitei o direito – e é realmente um direito – que todos têm de se manifestar, reivindicar, tornar públicas suas justas necessidades e equilibrar as relações conflituosas que são obrigadas a viver. É também com a manifestação pública que empregados, bem ou mal, são ouvidos pelos patrões; que mães choram os filhos mortos em guerras; que reclamamos da péssima administração pública. Mas há formas, maneiras, para que esse direito não limite o direito dos demais. É inconcebível que qualquer passeata ocorra na Avenida Paulista, ou, em qualquer outra via de acesso principal de São Paulo. É abusivo parar ou impor lentidão ao fluxo de carros nas Marginais. É injusta toda e qualquer movimentação que cause transtorno e constrangimento aos restante da população. Falta bom senso e propriedade no agir, que acaba por prejudicar a razão da manifestação.



O mote desta semana: “Com oito anos de atraso São Paulo teve o bug do milênio”.
É ruim reconhecer o quanto dependemos da internet para trabalhar, para resolver questões, para viver.

Como vivíamos, e vivíamos bem, sem ela antes?


Administrar a própria vida é muito fácil:
- Bom dia. Por favor, quero marcar uma consulta.
- Próxima sexta feita às quatro da tarde.
- Desculpe, sexta é o dia do meu rodízio.
- Na quarta à tarde da outra semana?
- Puxa, para quarta está marcada a passeata dos lanterninhas

de cinemas, teatros e estabelecimentos similares aí, na Paulista.
- O doutor tem livre a manhã da primeira quinta feira do mês que vem.
- Os exames que devo fazer são fundamentais e não posso esperar um mês.

Por favor, o doutor atende pela internet?
Tolinha.



Telefonemas das tardes de sexta feira:
- Onde você está?
- Atravesso a Estados Unidos e você?
- Estou na Ibirapuera.
- Meu filho, você tem vinte minutos para chegar em casa
antes do horário do rodízio.
- Eu me viro, mãe. Como está a Bela Cintra?
- Agora, está livre.
Passada meia hora
- Onde você está meu filho?
- Parado na Ministro.
- O que você foi fazer na Ministro?
- Tentei fugir do congestionamento por causa da passeata da Paulista.
- Puxa, mas eu atravessei a Paulista há vinte minutos e não havia qualquer movimentação...
Salvo um grupo de desordenados amarelinhos parado na esquina... Filho, tente sair dessa confusão na Paulista e atravesse o quanto antes a Consolação porque é para lá que irão.
Uma hora e meia depois
- Me dê alguma idéia, mãe.
- Onde você está, filho?
- Parado na Augusta.

- Você ta bem? Quer que eu vá aí, lhe fazer companhia?
- Não, mãe, tô bem.
- E os amarelinhos? Já levou alguma multa, filho? Deixe o carro em algum estacionamento e venha a pé.
No final do nosso rodízio levo você e buscamos seu carro.

Imagem do largo do Paraíso com vista da Paulista, década de trinta.

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