quarta-feira, 9 de julho de 2008

Todo amor que houver nesta vida

O amor verdadeiro de pais, irmãos, amigos, amantes, traz segurança e tranqüilidade, características inerentes ao próprio amar.
No entanto, entre um casal não bastam a segurança e a tranqüilidade, que facilmente se transformam em tédio e monotonia, mas também é fundamental a paixão e a química porque delas surge a energia que impulsiona para a vida, a melodia.
Lembrei desse poema de Cazuza ao pensar no próximo ao ideal.

No bastar-se, no encontrar-se, no completar-se no outro, com tranqüilidade, segurança, paz e a real paixão, o mundo todo em dois.
Ser o pão, ser a essência, sem reter a mente, sem manipular, nem aprisionar. A eterna conquista diária.
Superar idealizações e excluir cativeiros.
É isso o que todos buscam e em cada substituição que fazem têm a esperança de encontrar. Mas o substituir não combina com o amar.
"No aprimoramento da visão que temos do outro seremos capazes de identificar o quanto amamos, ou não. Quem ama quer conhecer. O objetivo é simples: acrescentar, multiplicar em vez de subtrair."
No nosso corpo, o sexo está abaixo, o coração em seguida e acima a cabeça. O erro que muitos praticam é o valorizar um deles em detrimento dos demais. O amor de verdade presume a harmonia entre a cabeça, coração e o sexo; a realização total. Onírico? De forma alguma.

Eu quero a sorte de um amor tranqüilo
Com sabor de fruta mordida
Nós na batida, no embalo da rede
Matando a sede na saliva

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum trocado pra dar garantia

E ser artista no nosso convívio
Pelo inferno e céu de todo dia
Pra poesia que a gente não vive
Transformar o tédio em melodia

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum veneno antimonotonia

E se eu achar a tua fonte escondida
Te alcanço em cheio, o mel e a ferida
E o corpo inteiro como um furacão
Boca, nuca, mão e a tua mente não

Ser teu pão, ser tua comida
Todo amor que houver nessa vida
E algum remédio que me dê alegria

Cazuza

Imagem de Mário de Biasi

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