segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Supremas delícias - simplicidade

Descobrir delícias na simplicidade confere a vida nova dimensão e refresca a existência, tornando-a mais leve, alegre e plena.

O segredo do bem-estar não se encontra em lugares distantes, em bens materiais cobiçados, no íntimo carinho da pessoa errada, no falso conforto experimentado, em conquistas efêmeras, mas no trabalho, na honesta produção, no sabor, na doação constante sem qualquer expectativa, nas pequenas vivências e coisas do cotidiano que fazem toda diferença e na total ausência de interesse, exercício pleno de liberdade.

Sabemos o que mais nos aflige - a causa e o efeito - mesmo no ápice de confusas e graves crises, nas quais tudo parece nos angustiar. Às vezes é necessário sair de cena, com total isenção e quietude observar a vida, reconhecer dentre tantas feridas a que mais afeta e curar. Originalidade alguma no que escrevo: Até o irracional reconhece e lambe a pior matadura.

Caminhos. Sempre os benditos caminhos. A ladainha do caminho reto, que une dois pontos, o perfeito, o mais curto, o mais acertado. A retidão considerada a qualidade máxima: Na conduta, na fé, nos sentimentos, aliada constante do dever – você deve!

Com o tempo o ‘você deve’ fica inchado e disforme, cheio das ações que lhe foram agregadas. Atlas, você deve carregar o mundo nas costas! O céu? Não, meu filho, o mundo. Carregue o mundo, isso, desse jeito, levinho como ele só. Não, não curve os joelhos, mantenha a postura elegante. Atlas, Heracles não virá. Dor nas costas? Imaginação sua. Eu sei que você não tem dor nas costas. Eu sei o que você sente!

Procuro a cachoeira na trilha do Jatobá. Subo, desço, paro e descanso, dou um beijo, abraço, esquerda, direita, meia volta, refaço o caminho e descubro novos detalhes e entendo que o mesmo caminho mudou porque aprendi a observar e que caminho refeito não é perda de tempo nem de energia mas faz parte do caminhar, ouço, sinto o aroma, descubro o gosto de fruta no pé e a cor da mais nova flor, espanto mosquito, pulo, danço, olho para frente para trás para o lado para o tudo e o nada, canto, me encanto, nado, bebo água, sonho, vejo o sol de chapéu e óculos escuros – às vezes nem o sol agüenta seu brilhar – não esqueço a essência, sorrio, digo obrigada, acaricio com o olhar.

Isto, menina! Capacete, botinhas, mochila e coragem. Sabe o que quer, querida?
Muito bem!

O meu mundo carrego por dentro.

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