quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Eu fui às touradas em Madri e quase não volto mais aqui, para ver Peri beijar Ceci

Tirolesa, bailarina, havaiana, que atire o primeiro punhado de confete quem na infância não participou da folia carnavalesca.
Eu gostava das brincadeiras, da guerrinha de água com bisnagas plásticas, dos confetes jogados para o alto e do desenrolar rápido e meio mágico das serpentinas. Eu gostava do banho de piscina depois da algazarra e também gostava de saber que meu pai andava por perto para proteger a filha amada.  
Depois, o carnaval transformou-se no tempo dos quereres, a quase obrigação de viajar para longe do corre-corre de São Paulo, ou mesmo do Brasil, até encontrar o melhor motivo para correr para o Rio de Janeiro, na contracorrente do próprio carioca, que corria para Itaipava, Búzios e, sim, algumas vezes também seguir o fluxo dos que  saíam do Rio no carnaval. Aquele foi o tempo que perdi o sotaque meio europeu, uma parte do jeito tão peculiar de filha dos meus pais, um punhado da atávica (e aparente) frescura e aprendi a gostar de bolinhos salgados e cerveja gelada em alguma praia paradisíaca perto de Paraty, e dos bolinhos de aipim com camarão do Bracarense no final de um dia inteiro de praia. Céus! Bem lembro que pensei a primeira vez: Se a minha mãe me visse nesse boteco... Eu gostava do Rio, do jeito da cidade, dos passeios, da diversão, das pessoas, do relaxamento, do bem-querer e do amor. Eu adorei quando fui ao ensaio de uma escola de samba tradicional (escolhida à dedo por quem sabia, para a perfeita segurança e aproveitamento da princesa greco-paulista), quando fui ao desfile na Sapucaí - aquele espetáculo foi arrebatador, quando acompanhei um bloco alegre em Ipanema e também ao curtir os divertidos e desengonçados jogadores de volei de praia, homens grandes, barbados e másculos, todos vestidos de mulher a brincar na areia de Copacabana. 
Hoje, não acompanho a movimentação nem resultados de desfiles, e o carnaval é a deliciosa oportunidade de reaver a minha cidade, a São Paulo vazia, que nessa época tem o ritmo das décadas de sessenta e setenta, do bom tempo da infância.
Aos poucos o carnaval transforma-se em metáfora de vida.   

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