sábado, 11 de fevereiro de 2012

Do psicopata de cada dia nos livrai

A quantidade de fãs é imensa e todos são aficionados pelas peripécias do protagonista da premiada série televisiva do psicopata cronico que mata outros psicopatas. “Ele é genial”, “é o outro lado do espelho”, “você é preconceituosa” são alguns dos inúmeros comentários que tentam justificar o forte apelo que  Dexter, “o cara do bem”, exerce. Como? Por favor, repita. Um psicopata homicida do bem?
Para ele nossa permissividade foi base da criação de duas categorias bizzaras antes inimaginadas: O “psicopata do bem” e o “psicopata do mal”, o primeiro, pelo entendido, o novo protótipo de justiceiro que lavaria a nossa alma de todas as injustiças e erros resultantes de um sistema policial e judiciário corrompido e inepto, não importam os métodos utilizados - certamente, um novo limite para a máxima dos fins justificantes dos meios.
Relembro experiência e imagino que seria possível, pela considerável revolta sentida na década de oitenta, que os então quartanistas da Faculdade de Direito quisessem o Dexter por perto para uma boa conversa com o entrevistado em pesquisa realizada na Penitenciária do Estado, um estuprador confesso de crime praticado contra uma garotinha de três anos e responsável pela enfática afirmação de que havia de fato estuprado e de novo estupraria. Não! Não seria esse o caminho. Era necessário que existisse alguma diferença - a grande diferença - entre aquele cruel psicopata e seu corretor. Afinal, se um psicopata nos protege dos demais psicopatas, quem dele nos protegerá? Talvez um terceiro psicopata, quem sabe.
Eu sei que meu desinteresse por Dexter me situa fora do grande oceano que rege suas marés com base nas aventuras desse novo protótipo de justiceiro e me faz confessar o meu estranhamento pelo forte fascínio que ele provoca, tanto quanto considero estranho o encantamento por vampiros e lobisomens assumido pela geração Crepúsculo. Há vários vieses nesses caminhos que fazem pensar.
A minha preocupação está no reflexo em nossos comportamentos diários e a presença do psicopata abusivo no local de trabalho, mas um bom técnico; o marido psicopata e violento, mas um ótimo provedor; o vizinho psicopata, mas um competente organizador de churrascos. Esse 'mas' é temeroso e tenta justificar os riscos aos quais nos expomos. Até que esse mesmo 'mas' inicie outra justificativa, a da essencia da própria psicopatia.


As pesquisas indicam que vez mais pessoas optam por obter na internet filmes (as salas de projeção estão em baixa) e capítulos de seriados. Considerando a péssima qualidade de serviço prestado pelas transmissoras da TV a cabo, que atrasam em demasia a apresentação de novas temporadas, insistem na sofrível programação dublada e repetem mil vezes cada episódio, eu também atualizo pela internet as séries de minha preferência para meu uso exclusivo. É uma pena que um serviço caro apresente resultado ruim. 
     

Nenhum comentário: