sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Santa Clara clareou e aqui quando chegar vai clarear

O pai teve força para fotografar toda a cesariana e o nascimento da menina tão querida – “não fui eu que fotografei isso, não fui eu!”, a mãe com a carinha de mamãe mais linda do mundo e a filha, que veio rápido e os pegou de surpresa, mas mesmo assim, nasceu no tempo certo porque a vida nem sempre presume planejamento e flui com sabedoria única quando as pessoas certas se encontram e permitem-se o verdadeiro amar.
Não houve qualquer barreira entre eles, por mais que todos os empecilhos do mundo estivessem presentes e, por vezes, os oprimissem insuportavelmente. Superaram diferenças, pessoas, estados, situações, crenças, medos, espaços, enganos e tristezas. Quem quer e ama de fato supera tudo sem demora.

Queria contar mais sobre as histórias da Bia, do Luciano e da Maria Clara, mas penso que eles mesmos podem se incumbir dessa tarefa.
Com todo carinho que tenho pelos três afirmo que fazem parte daquele grupo bem reduzido de pessoas especiais, que aparecem na vida da gente e pelas quais torcemos incondicionalmente. Quero que sejam felizes. Serão felizes. São felizes.

Final de tarde na maternidade: Um lindo bebê, pais encantados, irmãs que se reencontraram e se perdoaram, choros de emoção e alegria e eu fiquei leve e feliz porque presenciei tudo isso. De lá, direto para um café confortável e bem montado nos Jardins, sem uma única mosca a ocupar espaço. Ficou assim, vazio, por horas. A música de fundo, bem variada, trouxe um dos clássicos dos Herman’s Hermits: Bus stop, wet day, she’s there, I say please share my umbrella. Bus stop, bus goes, she stays, love grows under my umbrella. All the summer we enjoyed it, wind and rain and shine, that umbrella, we employed it by August, she was mine. Chovia e fazia frio. Apesar de andar quieta e um tanto calada, batemos um longo papo e, ora pílulas, mesmo com todos os pesares continuamos firmes e fortes a desafiar nossas vidas de não quereres alheios. O telefone toca e o filho-pai preocupado com o paradeiro da filha-mãe manda abraço e parte para curtir sua noite de sábado. Dormi como há tempos não dormia.

Nossos cafés começaram em outubro do ano passado e são mágicos. Eu juntei os três para que criássemos base que sustentasse as mazelas de um e todas as nossas mazelas foram sustentadas por três, com alegria e papos que duravam horas. Muitas mudanças, boas mudanças, em pouquíssimo tempo. Faz parte do bem-querer incondicional e do torcer pela felicidade do outro. Tal qual a frase do perfume das rosas, fica um pouco com a gente, sim.


Imagem de Bresson

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