
Minha relação com os livros vem da infância, do costume dos meus pais me levarem às livrarias, me apresentarem aos clássicos, orientarem-me sobre os escritores recentes. Sou dos que apreciam uma boa livraria e dedicam tempo considerável a esse mundo a parte. Tenho respeito pelos livros, manuseio-os com cuidado, não me sinto bem em escrever em suas páginas e mantenho por perto um bloquinho de post-it para marcar o texto que eu queira reler, ou, pelo qual eu tenha especial apreço.
Guardo belos livros encadernados, com mágicas histórias e figuras incríveis para os filhos que meu filho terá e considero esta uma das melhores heranças.
Aprendi a doar livros e o faço com prazer, como se uma pequena parte minha seguisse junto às páginas que trarão encantamento a quem os receber.
Mas essa matéria que descreve as vantagens dos audiobooks, dos e-book reader, dos livros online da editora inglesa Penguin, dos e-books, não importa o meio: ipod, laptop, palm, PSP, vale tudo para apreciar com facilidade alguns poucos capítulos, é certo, pois não consigo imaginar Guerra e Paz na tela do meu celular. Olhei os armários com livros que tenho em casa. Ocupam espaço, eu sei, demandam tempo para limpeza e organização – mantenho-os arrumados nas estantes por autores, temas, idiomas. Pensei nas minhas viagens e no que não falta em minha bolsa: água, ipod e um bom livro, assim como me lembrei das vezes, nas quais, ao terminar o livro que eu lia, evitei deixá-lo no meu destino e o trazia de volta, sempre com um tantinho de excesso de peso na bagagem e o risco de pagar a tarifa apropriada.
Por sua vez, o e-book reader consegue armazenar duzentos livros, possui tela fosca, que não emite luz e tenta reproduzir uma folha de papel, além das letras que parecem bem maiores e mais compatíveis com as lentes multifocais.
Sim, durante uma viagem eu apreciaria um e-book reader e não mais me preocuparia com o peso dos livros, mas essa seria, até agora, a única exceção que me permito.
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