domingo, 7 de setembro de 2008

Livro multimídia

Ao ler uma matéria sobre o futuro multimídia do livro confesso que torci o nariz e pensei: não, imagine deixar de segurar um bom livro, apreciar a textura do papel, me aconchegar confortável na minha poltrona favorita e lá ficar por horas com uma das melhores companhias que podemos ter, além da boa música.
Minha relação com os livros vem da infância, do costume dos meus pais me levarem às livrarias, me apresentarem aos clássicos, orientarem-me sobre os escritores recentes. Sou dos que apreciam uma boa livraria e dedicam tempo considerável a esse mundo a parte. Tenho respeito pelos livros, manuseio-os com cuidado, não me sinto bem em escrever em suas páginas e mantenho por perto um bloquinho de post-it para marcar o texto que eu queira reler, ou, pelo qual eu tenha especial apreço.
Guardo belos livros encadernados, com mágicas histórias e figuras incríveis para os filhos que meu filho terá e considero esta uma das melhores heranças.
Aprendi a doar livros e o faço com prazer, como se uma pequena parte minha seguisse junto às páginas que trarão encantamento a quem os receber.
Mas essa matéria que descreve as vantagens dos audiobooks, dos e-book reader, dos livros online da editora inglesa Penguin, dos e-books, não importa o meio: ipod, laptop, palm, PSP, vale tudo para apreciar com facilidade alguns poucos capítulos, é certo, pois não consigo imaginar Guerra e Paz na tela do meu celular. Olhei os armários com livros que tenho em casa. Ocupam espaço, eu sei, demandam tempo para limpeza e organização – mantenho-os arrumados nas estantes por autores, temas, idiomas. Pensei nas minhas viagens e no que não falta em minha bolsa: água, ipod e um bom livro, assim como me lembrei das vezes, nas quais, ao terminar o livro que eu lia, evitei deixá-lo no meu destino e o trazia de volta, sempre com um tantinho de excesso de peso na bagagem e o risco de pagar a tarifa apropriada.
Por sua vez, o e-book reader consegue armazenar duzentos livros, possui tela fosca, que não emite luz e tenta reproduzir uma folha de papel, além das letras que parecem bem maiores e mais compatíveis com as lentes multifocais.
Sim, durante uma viagem eu apreciaria um e-book reader e não mais me preocuparia com o peso dos livros, mas essa seria, até agora, a única exceção que me permito.

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