segunda-feira, 2 de junho de 2008

Congestionamentos

A velocidade média dos veículos em São Paulo no horário de pico da tarde despencou 32% nos últimos dez anos, passando de 25 km/h, em 1998, para 17 km/h, em maio de 2008. O percentual é maior do que o crescimento da frota paulistana no mesmo período, que subiu de 4,7 milhões para 6,1 milhões. Uma das hipóteses para essa piora está no alto número de interferências registradas
no trânsito.

A partir de agosto, 400 motocicletas serão distribuídas para auxiliar o serviço de atendimento móvel de urgência. As 'motolâncias' de 250 cilindradas serão dirigidas por auxiliares de enfermagem, treinados para dar atendimento rápido até a chegada da ambulância.


Para mim é inédito todos os dias enfrentar o trânsito louco e estressante. Não, não vivi em outro planeta, explico: Quando trabalhei na avenida Paulista ia a pé de casa e em Brasília trânsito era palavra desconhecida.
Falta paciência, sobra irritação e surge o cansaço. É absurdo perder tantas horas preciosas do dia, no meio de carros, ônibus, caminhões e motocicletas - se bem que as motos passam rapidinhas - e ainda dividir espaço com caçambas.
Música. Sem boa música é impossível agüentar. Uma garrafa de água ao lado e algumas besteirinhas gostosas para distrair também são essenciais. Inevitável o celular, que virou instrumento de navegação: Você já passou pela Bela Cintra? Como está o trânsito por lá? E a Brasil? Pego a Estados Unidos e sigo pela Rebouças?
Um carro parado na pista da direita causa lentidão nas outras três pistas. Reunião básica e informal de policiais com motos e viaturas paradas de qualquer jeito, em divertida conversa, pára as quatro pistas. Passeata? Céus! As passeatas param uma boa parte da cidade - que nova mania é essa de fazerem passeatas nas tardes de sextas feiras?
Carros estacionados em locais errados, caminhões de entregas em horários impróprios, motoristas-tartarugas, motoristas-indecisos, motoristas-agressivos, motoristas que querem levar vantagem em tudo. Antes, eram os garotos desmiolados que dirigiam como se estivessem em algum rali; hoje, são as garotas desmioladas que dirigem como kamikazes. Motoristas infelizes que acreditam que o tamanho do carro é documento; os que dirigem caravelas e necessitam de duas pistas para entrar à direita ou à esquerda; alguns taxistas que perderam a noção do perigo e os motoristas rurais - que tal levarem seus imensos veículos utilitários, que ocupam tanto espaço, para fazendas, chácaras e pacatas cidades do interior? Sirene de ambulância nada representa, carroceiros e carroceiras dividem o espaço como podem e ousados ciclistas se arriscam. Pedestres nervosos e atirados, cachorros soltos, caos.
Se não bastasse tudo isso, ainda existem os ‘amarelinhos’ que adoram anotar seus blocos de multas. O sinal logo atrás do agente de trânsito não funciona, os motoristas estão desorientados, a confusão afeta as ruas da região, mas ele não larga a caneta e o papel para organizar o movimento, como deveria fazer. Foram treinados para multar, não para orientar. Alguns se satisfazem em multar.
O rodízio municipal de carros afeta nossa vida e atrapalha nosso relógio biológico: Acorde uma hora mais cedo, torça para não encontrar algum congestionamento e fique com sono pelo resto do dia. Por conta do rodízio e do trânsito entendi que é necessário descobrir lugares estratégicos - de preferência com boas salas de cinema, livrarias e restaurantes - para esperar, ao menos quatro horas, enquanto o tempo de rodízio prevalece.
Diariamente vejo o pouso do helicóptero cinza no alto do prédio de um Banco. O mesmo segurança, de terno escuro e rádio na mão, recebe o passageiro e lhe segura a pasta. Por sinal, é um prédio com sete andares, cinza e quadrado que mais parece a base do heliporto. Deve ser a base do heliporto. O helicóptero decola, segue rumo à Marginal e os carros que estão na avenida não se moveram sequer um centímetro.
Grudar no carro da frente, negar passagem, ficar hiper atenta e descobrir-se agressiva. Sem dúvida é um desafiador exercício de paciência e educação.
Não faço esforço para enfrentar o trânsito, mas para não perder a suavidade e a gentileza apesar do trânsito.

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